Uma a cada 44 crianças é autista, segundo CDC
Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos EUA atualizou dados sobre prevalência do TEA em dezembro de 2021
Em março de 2020, o Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) lançou um documento que atualizava a prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um ano e nove meses depois, já temos uma mudança de cenário. Cresce cada vez mais o número de diagnósticos de TEA.
Publicado em 2 de dezembro de 2021, o mais recente relatório do CDC mostra que 1 em cada 44 crianças aos 8 anos de idade, em 11 estados norte-americanos, é diagnosticada autista, segundo dados coletados no ano de 2018. O texto original do estudo, em inglês, está disponível no site do CDC.
Dados do CDC são usados como referência pelo Brasil; estudos sobre autismo ocorrem há mais de 20 anos
O que é o CDC?
É o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, sediada na Geórgia, e tem o objetivo de proteger o país das ameaças à saúde e à segurança, tanto no exterior quanto em território americano. Para isso, conduz pesquisas e fornece informações de saúde em diversas áreas.
O CDC vem rastreando o número e as características de crianças autistas há mais de duas décadas em diversas comunidades americanas. As pesquisas são divulgadas a cada dois anos e se baseiam em dados coletados quatro anos antes da publicação.
Mesmo que não seja brasileiro, o Brasil ainda usa os estudos do CDC como base, por não ter pesquisas concretas sobre a prevalência no país.
Chance de uma criança ser diagnosticada até os 4 anos aumentou 50%
A prevalência de pessoas com TEA vem aumentando progressivamente ao longo dos anos. Em 2004, o número divulgado pelo CDC era de 1 a cada 166. Em 2012, esse número estava em 1 para 88. Já em 2018, passou a 1 em 59. Na última publicação do CDC de 2020, a prevalência estava em 1 em 54.
Além da prevalência de 1 a cada 44, o novo relatório apresenta um panorama diferente: os diagnósticos estão sendo cada vez mais precoces.
Nesse estudo de 2021, as crianças tinham 50% mais chances de receber um diagnóstico de autismo até os 4 anos, quando comparadas às crianças de 8 anos.
Este é um grande passo para melhorar o prognóstico dos autistas, ao passo que um diagnóstico precoce pode refletir um início de tratamento e acompanhamento precoce.
Pesquisadores relacionam aumento da prevalência à ampliação do diagnóstico precoce
Novamente, como já comentamos diversas vezes em nosso blog, ainda não sabemos ao certo se o número de pessoas com o transtorno realmente está aumentando ou se apenas o número de diagnósticos corretos está aumentando.
A maioria dos pesquisadores acredita na segunda afirmação, de que cada vez mais acontece o acesso ao diagnóstico por parte dos pacientes, somado à qualidade da informação por parte dos profissionais da saúde, aumentando assim o número de diagnósticos corretos.
Relatório aponta importância de favorecer acesso ao diagnóstico a pessoas de diferentes raças e etnias
Novamente, assim como no relatório de 2020, não houve diferença geral no número de crianças negras identificadas com autismo em comparação a crianças brancas. Temos a conclusão de que o espectro autista é um transtorno que não difere etnias nem classes e abrange a todos igualmente.
A variabilidade na prevalência de TEA entre crianças com diferentes características raciais, étnicas e geográficas destaca a importância de pesquisas sobre as causas dessa variabilidade, já que ainda não sabemos ao certo qual a causa do TEA.
Há também a importância de formular estratégias para fornecer acesso equitativo aos serviços de diagnóstico e acompanhamento. Ou seja, essas descobertas ressaltam a necessidade de uma infraestrutura aprimorada para serviços de diagnóstico, tratamento e apoio para atender às necessidades de todas as crianças.
Bárbara Bertaglia
Médica formada pela Santa Casa de São Paulo, pesquisadora na área de Transtorno do Espectro Autista e membro da equipe Autismo e Realidade desde 2019
0 comentários