Canabidiol: uma esperança para os autistas?

18/02/2020Tratamentos9 Comentários

Substância derivada da maconha tem sido apontada como um possível tratamento para o TEA

Um assunto que veio à tona recentemente foi os possíveis benefícios da cannabis e seu principal componente não intoxicante, o canabidiol (CBD), para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estudos preliminares apontam um possível uso do CBD para ajudar com diversos sintomas, de problemas do sono a hiperatividade e raiva. Mas antes de tudo, é preciso entender melhor o que é o canabidiol e o que a ciência já sabe com certeza sobre o seu uso como remédio.

A planta chamada de maconha, a Cannabis sativa (C. sativa), possui mais de 100 substâncias na sua composição. O interesse científico inicial sobre a erva ficou concentrado no THC, que é o elemento psicoativo da maconha – o que faz as pessoas sentirem alucinações, ansiedade e paranóia. Estes efeitos do THC são o principal argumento usado para a proibição do cultivo legalizado da maconha, o que sempre dificultou as pesquisas neurobiológicas com a planta.

Por isso, durante muito tempo, os usos clínicos aprovados da Cannabis foram limitados a um pequeno número de condições específicas, como o tratamento para dor na esclerose múltipla e a estimulação do apetite de pacientes com AIDS e que passam por quimioterapia.

Canabidiol mostra potencial para tratar ansiedade, psicose e epilepsia

Mas, recentemente, pesquisadores voltaram a atenção para o canabidiol (CBD), que é um dos elementos da maconha sem efeitos lisérgicos. Os resultados foram encorajadores. O CBD é a segunda substância mais abundante na Cannabis – atrás apenas do THC – e há cada vez mais evidências do seu potencial para o tratamento de sintomas de distúrbios neuropsiquiátricos, como dependência, ansiedade e psicose, distúrbios da mobilidade e epilepsia.

No caso dos estudos com canabidiol em pessoas com autismo, os indícios são muito positivos. Um estudo realizado em outubro de 2019 analisou os efeitos do extrato de cannabis sativa enriquecido com canabidiol puro (CBD) nos sintomas do TEA. Quinze pacientes autistas aderiram ao tratamento, sendo 10 não epiléticos e 5 epiléticos. Até o nono mês de tratamento, a maioria dos pacientes, dos dois grupos, apresentou algum nível de melhora nos sintomas. As melhorias mais significativas foram relatadas para convulsões, TDAH, distúrbios do sono e déficits de comunicação e interação social.

Outra pesquisa, de setembro de 2019, analisou como o uso do canabidiol poderia mudar a atividade cerebral de uma pessoa. Para isso, 17 pessoas com TEA e 17 sem TEA consumiram CDB e foram submetidos a uma ressonância magnética. Os exames mostraram que o CBD aumentou significativamente a atividade em alguns locais específicos do cérebro nos participantes com o TEA, mas não provocou alterações relevantes nas pessoas sem TEA. Estes dados indicam que o CBD tem a capacidade de alterar a atividade cerebral em regiões implicadas no TEA.

Cientistas ainda precisam entender os efeitos do uso de longo prazo do CBD

Uma publicação de maio de 2019 comparou efeitos do canabidiol nos sistemas de excitação e inibição do cérebro. Para isso, 17 pacientes com TEA e 17 sem TEA passaram por uma espectroscopia de ressonância magnética (MRS). Em todas as regiões cerebrais estudadas, o canabidiol aumentou a inibição nas pessoas típicas, enquanto os autistas apresentaram menos inibição. Isto sugere que os sistemas de inibição e excitação (também chamados de sistema glutamato-GABA) dos autistas respondem de forma particular.

Um quarto estudo, de janeiro de 2019, se concentrou nas crianças autistas. A hipótese testada era o uso oral de canabidiol como auxiliar no tratamento de sintomas do TEA e comorbidades. Ao todo, 53 crianças entre 4 e 22 anos receberam canabidiol por em média 66 dias. Os ataques de automutilação e raiva melhoraram em 67,6% e pioraram em 8,8%. Os sintomas de hiperatividade melhoraram em 68,4%, não mudaram em 28,9% e pioraram em 2,6%. Os sintomas de problemas de sono melhoraram em 71,4% e pioraram em 4,7%. A ansiedade melhorou em 47,1% e piorou em 23,5%.

O que estas pesquisas nos revelam sobre o canabidiol e o TEA? Que o panorama é o mesmo dos estudos com CBD para outras condições: há evidências animadoras, mas os cientistas ainda precisam percorrer um caminho maior até se desenvolver um remédio seguro.

A maioria das pesquisas ainda abrange grupos pequenos de pessoas, o que não permite entender como a substância se comporta em diferentes organismos. Falta esclarecer também os possíveis efeitos adversos e as consequências de uso de longo prazo, além desvendar exatamente como as partes do cérebro alteradas pelo CBD afetam os comportamentos do autista.

9 Comentários

  1. Sou mãe de um lindo menino que tem 4 anos e 6 meses com diagnóstico de Autismo. Então tem pouco tempo que estamos vivendo tudo isso e eu quero aprender mais para poder ajudar meu filho. Pode me ajudar?

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    • concordo plenamente com Shirlene..precisamos ter orientações sobre como cuidar de nossas crianças autistas..pois os planos de saúde tem negado os tratamento e pelo SUS ficamos anos na fila..Ficamos com as mãos atadas..O que fazer mediante as dificuldades enfrentadas no dia a dia.?

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      • Meu filho com 16 anos, autismo suporte 1 com altas habilidades, teve crises de agressividade no começo da adolescência foi um grande transtorno em nossas vidas, descobrimos um médico estudioso em canabidiol e resolvemos levá-lo, o uso do medicamento foi um dividir de águas em nossas vidas, graças a Deus tudo passou, hoje ele está no último ano do segundo grau, está calmo, tranquilo, faz piano, beach tênis, corrida e funcional, retiramos praticamente todo o glúten, inserimos Clorela, cúrcuma com pimenta, vitamina d com k2,própolis com c e selênio,e o canabidiol, sou super a favor dessa suplementação porque vejo os resultados diariamente, tivemos anos muito sofridos e passou, entreguem nas mãos de Jesus, sigam seus instintos maternos e corram atrás do canabidiol, meu relato é para tentar ajudar mais famílias a regularem seus filhos!!!

    • Meu filho Arthur tem 13 anos e é Autista de grau severo, não fala nada, mas também nunca teve epilepsia. Depois que eu li artigos sobre o uso do CBD em crianças autistas, fiquei muito esperançoso; junto ao quadro crítico de raiva, auto-mutilação, ansiedade e sono de péssima qualidade, ele tinha também crises de raiva em que era necessário eu e a mãe segurá-lo para que não se machucasse. Ele precisava tomar pelo menos cinco drogas diferentes para ficar sedado, o que era horrível de ver e me forçou a tomar a decisão de buscar o tratamento por conta própria, baseado nas dosagens utilizadas nos testes dos artigos científicos. Há um ano ele toma extrato de canabidiol, e já no primeiro mês, pudemos perceber a melhora. Das cinco drogas que ele precisava tomar, continua tomando apenas uma, pra ajudar a dormir, e mesmo assim numa dosagem baixíssima. O Arthur sempre vai ser Autista, mas hoje ele não tem mais crises de raiva, entende muito melhor o que conversamos, desinchou porque não toma todas aquelas drogas e é muito amável e carinhoso. Experimentar o CBD foi a melhor decisão que tomei na minha vida. Estou à disposição para ajudar pais desesperados. bandeira79@gmail.com

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      • Oiii me interesso pelo assunto, tenho um filho autista e estava tendo muitas crises de raiva e irritabilidade, o médico sugeriu o canabidiol, gostaria de saber quais as melhoras vc notou e se teve efeito colateral?

      • Estou emocionada com seu relato. Tem pouco tempo que meu filho usa e vejo melhoras, precisamos falar mais sobre Cannabis, muitos pais por preconceito estão sobregarregando seus filhos de drogas pesadas, nocivas à saúde. Nossos filhos tem direito a dignidade! Estou esperançosa por dias melhores.

  2. concordo plenamente com Shirlene..precisamos ter orientações sobre como cuidar de nossas crianças autistas..pois os planos de saúde tem negado os tratamento e pelo SUS ficamos anos na fila..Ficamos com as mãos atadas..O que fazer mediante as dificuldades enfrentadas no dia a dia.?

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  3. Deus abençoe que esse remédio de certo.e muito obrigada por não desistirem de nós!

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  4. Desejo informações seguras e atualizadas sobre o autismo para ajudar essas crianças. Meu e-mail é: prevents.clin@gmail.com

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