Como crianças com TEA podem dormir melhor?
Comum entre pessoas com autismo, hipersensibilidade pode trazer desafios para a chegada do sono
Dormir bem é crucial para manter a qualidade de vida das crianças e de suas famílias. Crianças com TEA ou outros transtornos de desenvolvimento, no entanto, têm duas vezes mais chance de apresentar problemas de sono do que as crianças com desenvolvimento típico, de acordo com estudo realizado nos Estados Unidos com cerca de 2 mil crianças de 2 a 5 anos.
Mais de 70% das pessoas no espectro autista podem desenvolver alguma alteração no sono. Há relatos de ao menos dez transtornos capazes de afetar não só a qualidade, como também o tempo de duração e a quantidade de sono. O sofrimento e o prejuízo resultantes durante o dia, geralmente descritos como cansaço excessivo, são compartilhadas por todos esses distúrbios.
O que fazer então para que os pequenos autistas consigam se preparar para dormir bem?
A hipersensibilidade de crianças com TEA pode representar alguns desafios para a hora de dormir. A textura de lençóis e pijamas, por exemplo, podem ser um empecilho para relaxar. Sons ininterruptos como o de água corrente ou de um relógio também podem atrapalhar. É muito importante ficar atento ao que incomoda e o que agrada sua filha ou filho para definir como criar as melhores condições para estimular o sono. Fique atento ao tipo de pijama e de coberta, por exemplo, pois pode fazer diferença.
Um passo importante é definir um mesmo lugar para que a criança durma todas as noites, seja ele individual ou compartilhado. O ambiente precisa ser confortável, escuro e quieto. Sons, iluminação e temperatura precisam agradáveis. Nem quente, nem frio. Nem escuro demais, nem com claridade invasiva – se for esse o caso, o ideal é usar cortinas mais grossas para evitar, por exemplo, a influência das luzes da rua. Também é importante que não haja barulho de computador, videogames, televisão ou música. Qualquer atividade com luzes brilhantes ou que gere ansiedade e qualquer tipo de inquietação deve ser evitada.
Horários regulares e um ritual que comece de 15 a 30 minutos antes de deitar são recomendados
Manter a regularidade também é essencial. Hábitos curtos, previsíveis e esperados, se realizados diariamente, na mesma ordem, ajudam a criança a se acalmar. É importante que todos os cuidadores da criança estejam atentos. Irmãos também podem colaborar. Constância e estabilidade ajudam a tranquilizar o momento dia após dia. Adotar a mesma hora de acordar todos os dias também contribui com a rotina.
O ideal é que a preparação para o descanso dure menos de uma hora. Crianças mais novas devem ter um ritual mais curto, que pode ir se prolongando à medida que elas crescem. Manter o mesmo horário de dormir e começar a se preparar entre 15 e 30 minutos antes de deitar é recomendado.
Passo a passo visual do ritual antes do sono pode ajudar a criança a relaxar com mais facilidade
Uma das ferramentas que pode ajudar os pais e mães a lidar com as crianças na hora de dormir é a que chamamos de cronograma visual. Trata-se de algumas fichas com o desenho das atividades que devem ser executadas, seguindo a ordem exata. As fichas podem conter palavras, imagens, ou ambos. Desta forma, tornam visível a previsibilidade da rotina.
Os irmãos podem ser grandes aliados neste momento. Eles podem não só ajudar a criar como também a seguir o cronograma. Quando toda a família adere à rotina, torna-se mais fácil segui-la. Além disso, envolver todos os irmãos em atividades relaxantes também facilita todo o processo.
Cartilha com dicas para melhorar o sono de crianças com TEA está disponível gratuitamente online
A cartilha Estratégias para melhorar o sono de crianças com transtornos de espectro do autismo reúne estas e outras dicas para que pais, mães e responsáveis de pessoas com TEA possam encontrar alternativas para lidar com este momento.
Entre elas está também, como lidar da melhor forma com os momentos de cochilo de cada criança ou os melhores alimentos para favorecer a hora de dormir. Dependendo do caso, um especialista em sono deverá ser procurado para descobrir as razões médicas pela qual a criança tem dificuldades para dormir bem e determinar se existem remédios que possam contribuir com este processo.
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