Aprendizagem de novas habilidades: imitação
Treinos de imitação desenvolvem a linguagem e o relacionamento interpessoal
A habilidade de imitar auxilia no desenvolvimento humano. Quando desconhecemos determinada situação, automaticamente buscamos modelos para seguir, observando e copiando outras pessoas.
Imagine, por exemplo, que você nunca tenha entrado em um banco e, ao entrar pela primeira vez, percebe que as pessoas se direcionam para uma fila e aguardam. Você, certamente, fará o mesmo.
Nesse contexto, aprendemos o que fazer sem que alguém tenha que nos explicar, ou seja, imitar é uma maneira de aprender habilidades novas quase que espontaneamente, partindo apenas da observação de um comportamento.
Imitar também propicia o relacionamento com outras pessoas e o desenvolvimento da linguagem, por meio de movimentos de boca que levam a aquisição da fala.
Habilidade de imitação pode ser treinada em diversos ambientes em ações corporais ou no controle de objetos
As atividades relatadas abaixo podem ser realizadas em casa, na escola ou em qualquer outro ambiente. Além do aprendiz, isto é, o autista que aprenderá novas habilidades, é necessário apenas um educador, adulto que conduzirá o treino, podendo ser o(a) professor(a), mãe, pai, cuidador(a), avó, avô e assim por diante.
O treino pode ser composto pela imitação de movimentos motores finos, ou seja, a repetição de movimentos de mãos ou de dedos, como apontar a palma da mão. Na sequência, vem a imitação de movimentos motores grossos, como bater palmas, ‘dar tchau’ ou colocar as mãos na cabeça.
Também existe o treino da imitação de ações motoras com objetos, como colocar um chapéu na cabeça, dar comida a um fantoche ou fazer bolinhas com massinha.
Movimentos devem ser repetidos por ao menos 4 vezes e reforço positivo com palavras ou recompensas é recomendado
Outro tipo de treino é o de imitação de movimentos fonoarticulários, que consiste em ensinar a criança a imitar movimentos com a boca, como colocar a língua para fora ou soprar a bolinha de sabão. É relevante também imitar movimentos grossos de pé, como chutar uma bola, pular ou correr.
Por fim, há o treino de sequência de movimentos, como ‘dar tchau’ e, na sequência, mandar um ‘beijo’ ou fazer sinal de positivo ou negativo com a cabeça.
Em síntese, o procedimento geral é constituído pelo educador fazendo o movimento e o autista repetindo. Todas as vezes que o aprendiz seguir o comando, ele será reforçado com algum elogio verbal, como “muito bem” ou “parabéns”. O educador também pode utilizar reforços positivos como adesivos ou alimentos.
O educador deve evitar descrever de modo verbal aquilo que a criança precisa fazer, pois o ensino da imitação é predominantemente visual. Portanto, ele deve falar apenas “faça assim” ou “faça isso” e nunca dizer o nome do movimento, como “bata palmas”.
Outro detalhe é que o aprendiz deve prestar atenção constante ao educador, sem distrações. Isso aumenta a probabilidade de realização da atividade e diminui as chances de erro. Por fim, cada movimento deve ser repetido por quatro vezes.
Yasmine Martins
Psicóloga Clínica formada pelo Centro Universitário São Camilo, com especialização em Neuropsicologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), aprimoramento em Psicologia Hospitalar e mestrado em Ciências da Saúde Infantil no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo (IAMSPE). É doutoranda em Saúde Baseada em Evidências na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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