Vale sempre lembrar: Vacinas não causam autismo
Mais de 20 estudos comprovaram que não há relação entre vacinas e desenvolvimento de TEA
Mesmo com o controle da pandemia de covid-19 graças ao surgimento das vacinas, há ainda quem duvide do poder da imunização e espalhe informações falsas nas redes sociais e aplicativos de mensagem. Por isso, é sempre importante reforçar: vacinas salvam vidas. Entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2000, a comunidade autista já teve que enfrentar uma desgastante discussão para comprovar o óbvio: vacinas não são a causa do autismo. Estudos realizados até os dias de hoje endossam a premissa.
Em março de 2019, por exemplo, a revista científica Annals of Internal Medicine publicou um estudo que comprova a ausência de vínculo entre a vacina tríplice (sarampo, caxumba e rubéola) e os distúrbios do TEA. Realizada na Dinamarca, a pesquisa acompanhou mais de 650 mil crianças nascidas entre 1999 e 2010, com entrevistas de avaliação até 2013.
A comparação entre o grupo que recebeu a vacina tríplice e o grupo não vacinado demonstrou que a vacina não aumenta o risco do desenvolvimento de distúrbios do espectro autista. Os participantes foram analisados em diversos critérios, desde as informações relacionadas à vacinação geral (tríplice e outras) e os diagnósticos confirmados de TEA até o histórico médico da criança, fatores ambientais de riscos associados ao autismo e a análise de casos de autismo na família.
Estudo que associou vacinas e autismo foi rejeitado por acusações de fraude
Este é o mais recente estudo a reafirmar que não existe relação entre vacinas e o aumento no número de diagnósticos de TEA. Desde o início do anos 2000, já são mais de 20 pesquisas realizadas ao redor do mundo com diferentes metodologias e grupos populacionais. No entanto, a comprovação científica segue sendo necessária para combater a onda de desinformação presente na sociedade, que propaga a interpretação falsa de que vacinar as crianças leva ao desenvolvimento de transtorno do espectro autista.
A confusão entre vacina e autismo começou em 1998 quando a revista científica Lancet publicou um artigo do pesquisador inglês Andrew Wakefield descrevendo o caso de 12 crianças que teriam desenvolvido autismo após receberem a vacina tríplice (MMR, em inglês). O estudo serviu de base para o discurso anti-vacinação e foi espalhado pelo mundo todo.
Logo após a publicação, as taxas de vacinação na Europa e Estados Unidos passaram a registrar quedas anuais e surtos de sarampo (uma doença que estava sob controle até o início da década de 1990) voltaram a tornar-se comuns, como a epidemia na Europa em 2017. O Brasil perdeu o status de país livre de sarampo, após não conseguir controlar o surto da doença na região Norte. Além disso, em 2017 a cobertura vacinal no país atingiu o menor índice em 16 anos.
Vacinas salvam de 2 a 3 milhões de vidas por ano no mundo todo
Em 2010, o Conselho Médico Geral britânico cassou a licença médica de Wakefield com base em acusações de fraude em evidências na sua pesquisa. A revista Lancet também se retratou, retirando o artigo do seu acervo. Além das dezenas de estudos desacreditando a relação entre vacinas e autismo, também pesou contra Wakefield a suspeita de que ele teria patenteado uma vacina contra sarampo para concorrer contra a tríplice viral, o que configuraria conflito de interesses.
A nuvem de suspeita provocada por esse caso repercute até hoje. No Brasil, é possível encontrar grupos de discussão de pais propagando a ideia de que vacinar não é necessário ou benéfico. É importante lembrar que as vacinas salvam de 2 a 3 milhões de vidas por ano no mundo (dados da Organização Mundial de Saúde e UNICEF) e que quaisquer possíveis efeitos adversos das vacinas não são maiores que os prejuízos provocados pelas doenças. O sarampo, por exemplo, é uma doença de elevada mortalidade com sequelas muito graves como cegueira e surdez. Uma pessoa contaminada pode infectar até outras dez. Se hoje, é incomum encontrar pessoas sofrendo com sarampo é justamente porque as vacinas protegeram a população dos efeitos nocivos desta doença. A prevenção é um esforço contínuo que deve ser renovado em cada nova geração.
Escrito por Clara Padrón, Barracuda Conteúdo
Meu filho tem todos os sintomas de autismo mas em todas minhas peregrinações por neurologista e psiquiatra ninguém diagnosticou autismo.hoje meu filho tem 40 anos gostaria de saber se c essa idade ainda posso tentar torná-lo mais sociável
Olá, no caso de adultos que suspeitam estar no espectro autista, o mais recomendado é marcar uma avaliação com um psiquiatra ou neurologista especializados em TEA. No nosso blog, explicamos um pouco mais sobre como é o diagnóstico de autismo na idade adulta (http://autismoerealidade.org.br/2019/10/31/se-descobrindo-autista-na-idade-adulta/), e, na nossa página Instituições de Apoio (http://autismoerealidade.org.br/convivendo-com-o-tea/instituicoes-de-apoio/), você encontra especialistas em todo o Brasil.