Como estimular a comunicação das crianças autistas no dia a dia?
Evitar atender ao choro, reagir às tentativas de fala e adotar recurso como PECs estão entre as dicas; confira
Crianças autistas podem ter dificuldade de desenvolver habilidades de comunicação funcional. Isso quer dizer que, mesmo quando possuem habilidades de fala, muitas vezes não as utilizam de maneira adequada –para pedir algo, se expressar ou até mesmo relatar algum acontecimento, por exemplo.
Há casos em que não há nenhum tipo de comportamento verbal: a criança não emite nenhum ou poucos sons semelhantes a palavras.
Nas duas situações, é possível auxiliar a criança a se comunicar de maneira mais efetiva e estimular a melhora de suas habilidades comunicativas.
O primeiro passo é simplificar as mensagens passadas para a criança: seja objetivo
Pensando nisso, o uso de frases e palavras curtas, que expressem de maneira direta o que se espera, é uma forma de facilitar a compreensão da criança.
É importante se atentar ao uso de instruções simples: pegue, ajude, guarde etc.
Caso a criança não emita nenhuma ação após os comandos, ofereça ajuda –aponte ou segure o item ao qual se refere, mostre o que é preciso fazer, peça que ela te imite ou até mesmo segure a mão da criança para ajudá-la a realizar a ação. Dessa maneira, ela conseguirá compreender de mais claramente o que está sendo comunicado.
Também é importante incentivar o uso dos mesmos recursos para que o indivíduo se expresse. Oferecer figuras de ações ou itens, por exemplo, para que ele mostre ou aponte o que deseja, é uma opção simples e de fácil utilização.
Reforce os comportamentos adequados da criança com elogios e objetos de desejo
Para uma comunicação ainda mais ampla, o uso do Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS) pode ser extremamente efetivo. O recurso oferece um suporte visual para o autista discriminar aquilo que deseja ou precisa. Também abre a possibilidade de construir frases e de fazer e responder perguntas.
Outra opção é colocar itens de muito interesse em pontos estratégicos. Estes objetos devem estar em locais que a criança não consegue alcançar sozinha, mas pode ver onde estão. Assim, cria-se a possibilidade de ela elaborar o pedido, estimulando sua comunicação funcional.
Reforçar todas as tentativas da criança se comunicar adequadamente (com elogios ou itens de desejo) aumenta a probabilidade do comportamento se repetir.
É importante que o autista compreenda que a maneira como se comunica é capaz de provocar efeitos práticos
Outro fator essencial é manter-se atento aos sons que a criança emite e reforçar sempre qualquer aproximação de uma palavra.
Por exemplo: se a criança estiver com sede e emitir a letra “a”, entregar a água rapidamente aumentará a probabilidade de pedir água novamente emitindo o som da letra “a”, e fará com que a criança associe o comportamento de falar com o ganho da água, demonstrando que suas ações causam consequências no ambiente e que a comunicação oferece diversas recompensas.
Por outro lado, não atender aos pedidos da criança a partir de choros ou apenas ao apontar é fundamental. Isso evita que ela associe de maneira equivocada esses comportamentos ao ganho de itens, diminuindo as possibilidades de emitir a fala funcional.
Por fim, proporcionar oportunidades para que o autista fale auxilia no aumento do seu repertório, vocabulário e compreensão. Deve-se perguntar o que ele quer, o que sente, qual é o seu nome, dizer “oi” e “tchau”, até que possa fazer isso sem ajuda.
É importante relembrar: qualquer aprendizado acontecerá por meio de associações que a criança fará no ambiente em que vive e da frequência de sua prática.
0 comentários