Autismo e percepção do Tempo

28/10/2024TEA no Dia a Dia0 Comentários

A percepção do tempo é algo bastante subjetivo. Geralmente, ela depende muito de como nos relacionamos com o que está ocorrendo. A mesma faixa de tempo é percebida de forma diferente em caso de trabalho ou lazer, por exemplo. No lazer, ou ao fazer algo que nos dê satisfação e prazer, o tempo tende ‘a passar mais rápido’, não é mesmo? Mas, será que isso vale para todos os indivíduos? 

As experiências em relação ao tempo são diversas, e isso revela que o nosso cérebro se ajusta a diferentes escalas temporais. Pesquisas já realizadas apontam, por exemplo, que algumas pessoas com autismo podem apresentar dificuldades com a noção de tempo.

A percepção do tempo e o impacto na rotina

Percebe-se que indivíduos com autismo podem apresentar dificuldades em compreender a noção de tempo de forma linear e sequencial. A passagem do tempo, a partir de marcadores como minutos, horas, dias, semanas e meses, pode não ser tão clara para eles. Com essas diferenças na percepção do tempo, pode haver dificuldade em antecipar eventos futuros ou até mesmo de compreender a duração de uma ou outra atividade. 

Nesse sentido, pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou TEA podem contar histórias sobre perder a noção do tempo em diferentes situações do dia a dia, o que impacta, claro, no planejamento e na organização das atividades da rotina. Dificuldades atencionais, na memória de trabalho e o hiperfoco também podem interferir na percepção do tempo. Na convivência diária em casa, na escola ou no trabalho, essas diferenças na percepção do tempo podem levar a atritos quando não há compreensão e adaptação por parte dos parceiros.

Mas, é preciso lembrar que precisamos adotar uma mentalidade mais inclusiva, com respeito às diferenças. Quanto mais entendermos as nuances de pessoas neurodivergentes, mais simples fica compreender que nem todos seguem o que é tido como padrão, reduzindo possíveis frustrações. 

Para construir uma sociedade realmente inclusiva, é necessário ir além de reconhecer a neurodiversidade e as singularidades de cada indivíduo. É necessário também celebrar as capacidades, talentos e perspectivas únicas que pessoas com autismo trazem para os diferentes contextos sociais, escolares e profissionais.

Assim, as diferenças na percepção temporal em pessoas com autismo, podem se constituir em vantagens especialmente em atividades que exigem foco, precisão e atenção aos detalhes. A realização de tarefas que exigem atenção concentrada em detalhes, composições artísticas estruturadas, programação e lógica, ou habilidades motoras de precisão, pode ser beneficiada por esse perfil de processamento temporal.

Nessa perspectiva, o trabalho integrado das equipes multidisciplinares além de promover a redução das dificuldades, busca a identificação e o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com autismo, reconhecendo suas formas singulares de estar e contribuir na sociedade.

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