Como diagnosticar o autismo e qual profissional procurar

30/08/2025TEA no Dia a Dia0 Comentários

Como diagnosticar o autismo e qual profissional procurar

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades e diferenças na comunicação e interação social, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. 

Os primeiros sinais podem ser percebidos no início da infância e o acompanhamento dos marcos do desenvolvimento infantil é fundamental para identificar a necessidade de uma investigação mais cuidadosa. Mas, afinal, como é feito o diagnóstico do TEA? Ou, como muitos costumam perguntar: como diagnosticar.

As manifestações do autismo podem variar de pessoa para pessoa e, até mesmo no próprio indivíduo ao longo do tempo. Anteriormente ao DSM-5 e CID 11, diferentes manifestações eram classificadas como Síndrome de Asperger ou Transtorno Desintegrativo da Infância. Atualmente, essas variações estão reunidas  sob o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA), não se utilizando mais subtipos dentro da categoria diagnóstica. 

Um fato, entretanto, não muda: quanto antes diagnosticar, melhor para intervenções que impactam diretamente a qualidade de vida da pessoa com TEA.

Como diagnosticar o autismo

Diagnosticar corretamente o TEA não é simples, uma vez que o autismo é um espectro e pode se manifestar de formas muito variadas. O processo de diagnóstico nem sempre é rápido, podendo exigir acompanhamento por meses. 

Em geral, já é possível levantar suspeita de TEA a partir dos 18 meses de idade. No entanto, como até pouco tempo atrás o tema ainda era pouco debatido e, em decorrência de mudanças nos critérios, tem sido comum o diagnóstico tardio do autismo em jovens e até adultos, que buscam apoio especializado.

Muitas pessoas apresentam sinais de TEA que podem ser confundidos com outros diagnósticos ou até interpretados como traços de personalidade,  o que dificulta a busca pelo diagnóstico. Por outro lado, com a maior conscientização da sociedade sobre o autismo, tem aumentado o número de jovens, adultos e famílias que percebem a necessidade de investigação.

Até o momento, não existe nenhum marcador biológico objetivo para o diagnóstico do TEA, seja uma neuroimagem, um exame genético ou qualquer outro teste laboratorial.

O diagnóstico do TEA permanece essencialmente clínico, realizado a partir da observação do comportamento e da análise de informações obtidas com os cuidadores, por meio de entrevistas, aplicação de instrumentos (questionários, testes e escalas). A avaliação multiprofissional — envolvendo profissionais de diferentes áreas, como neuropediatria, psiquiatria, psicologia, fonoaudiologia e terapia ocupacional — é recomendada para aumentar a precisão diagnóstica, caracterizar o perfil funcional da criança e orientar  planos de cuidados individualizados.

O que é a Escala M-CHAT-R?

A Escala M-CHAT-R é uma ferramenta amplamente reconhecida e utilizada na identificação precoce do risco para autismo em crianças de 16 a 30 meses de idade. Suas letras significam Modified Checklist for Autism in Toddlers Revised ou, em português, Lista de Verificação Modificada para Autismo em Crianças Pequenas – Revisada 

A Escala M-CHAT-R consiste em um questionário com 20 perguntas de respostas do tipo ‘Sim’ ou ‘Não’. A pontuação das respostas possibilita a classificação da criança como baixo risco, risco médio ou risco elevado para autismo. O objetivo dessa escala não é diagnóstico, mas trata-se de uma ferramenta que contribui para a detecção precoce, o encaminhamento para avaliação especializada e o início oportuno das intervenções. 

Um dos diferenciais que contribui para sua adesão é a facilidade de aplicação. É altamente recomendável que pediatras apliquem a M-CHAT-R durante consultas de rotina com todas as crianças. Outros profissionais da saúde também podem utilizar essa escala, obtendo as respostas ao questionário com os pais ou responsáveis, a partir da observação do comportamento da criança no dia a dia.  Desde 2024 a M-CHAT-R integra a Caderneta da Criança, disponibilizada no formato impresso ou online pelo Ministério da Saúde no Brasil. 

Testes online para TEA funcionam?

Na internet existem vários testes online com a promessa de identificar se você ou seu filho(a) têm autismo. Porém, a recomendação é olhar para isso com muita cautela. A confirmação diagnóstica precisa ser feita por especialistas, por meio de uma avaliação clínica criteriosa e multiprofissional.

Principais sinais do autismo

O autismo é um espectro que se manifesta de diversas formas. Ou seja, cada indivíduo apresenta características singulares. Entre os sinais mais comuns, muitos confundidos com timidez, estão:

  • Dificuldade para interagir, manter contato visual ou se expressar por gestos e expressões faciais;
  • Dificuldade para demonstrar emoções;
  • Tendência ao isolamento social;
  • Atraso na fala, repetição de falas (ecolalia) e falta de resposta ao próprio nome;
  • Uso repetitivo da linguagem e dificuldade para iniciar ou manter diálogos;
  • Apego excessivo a rotinas e interesses restritos;
  • Movimentos repetitivos (estereotipias), como balançar o corpo, bater as mãos ou girar objetos;
  • Interesse intenso em temas ou atividades específicas (hiperfoco);
  • Seletividade alimentar, com recusa de certos alimentos ou preferência por determinadas texturas e marcas;
  • Alterações sensoriais, como hipersensibilidade a sons, luzes, texturas e cheiros.

Leis para pessoas com autismo

Quando há sinais de autismo em crianças e adolescentes, é indicado buscar avaliação com um neuropediatra ou um psiquiatra infantil, médicos especializados em transtornos do desenvolvimento e do comportamento com treinamento para avaliar sinais neurológicos, cognitivos e sociais, realizar diagnósticos diferenciais e identificar comorbidades. 

Além disso, uma avaliação multidisciplinar com profissionais como fonoaudiólogo, psicólogo/neuropsicólogo e terapeuta ocupacional, proporciona um olhar mais completo sobre o desenvolvimento da criança, com a identificação de seu perfil funcional, suas potencialidades e suas necessidades.

É importante ressaltar que o acesso a benefícios e direitos previstos em lei no Brasil está atrelado a um laudo médico com o diagnóstico de TEA. 

Depois do diagnóstico, a equipe, em conjunto com a família, conversará sobre as necessidades específicas da criança e indicará as terapias e intervenções mais adequadas para apoiar o desenvolvimento. O pediatra ou hebiatra da criança ou adolescente também acompanha o  processo, pois muitas vezes é esse profissional quem faz o encaminhamento para o diagnóstico.

Para adultos, a recomendação também é buscar avaliação com médicos neurologistas e psiquiatras. É comum, em caso de acompanhamento psicológico, que o próprio psicólogo oriente essa busca por um profissional para obtenção do laudo médico.

Atualmente, é crescente o número de profissionais de saúde especializados em TEA. Se possível, opte por um especialista.

Referências:

Autismo & Realidade. Qual especialista diagnostica o autismo? Disponível em: https://autismoerealidade.org.br/2019/07/31/qual-especialista-diagnostica-o-autismo/. Acesso em: 19 ago. 2025.

Instituto Pensi. Diagnóstico de autismo: entenda. Disponível em: https://institutopensi.org.br/diagnostico-de-autismo-entenda/. Acesso em: 19 ago. 2025.

Linhas de Cuidado – Ministério da Saúde. Definição de TEA. Disponível em: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/transtorno-do-espectro-autista/definicao-tea/. Acesso em: 19 ago. 2025.

Manual MSD. Transtornos do Espectro Autista. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-de-aprendizagem-e-desenvolvimento/transtornos-do-espectro-autista#Diagn%C3%B3stico_v1104819_pt. Acesso em: 19 ago. 2025.

SanarMed. Escala M-CHAT: Modified Checklist for Autism in Toddlers. Disponível em: https://sanarmed.com/escala-m-chat-pospsq/#:~:text=M%2DCHAT%20funciona?-,A%20Escala%20M%2DCHAT%20(Modified%20Checklist%20for%20Autism%20in%20Toddlers,identificar%20sinais%20precoces%20de%20autismo. Acesso em: 19 ago. 2025.

 

 

 

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