Importância da intervenção psicoterapêutica para pais – parte 2

26/06/2020Tratamentos0 Comentários

Grupos de pais são fundamentais como espaço de trocas de vivências e percepções

Em todo e qualquer processo de intervenção dos filhos, a participação ativa dos pais também faz parte do processo. Os grupos de pais, muito comuns nos serviços multidisciplinares que atendem pacientes com TEA, têm um papel fundamental que é a continuidade da intervenção realizada com os filhos. Além disso, é o espaço para os pais de desabafo, de trocas e também de descobertas.

Há um pensamento comum de que estes grupos são apenas para “preencher o tempo” enquanto os pais aguardam os filhos nas sessões. No entanto, os grupos de pais que geralmente são coordenados por um terapeuta têm a função de dar “voz” aos cuidadores.

Quando se está em grupo de pessoas com dificuldades, experiências e sentimentos semelhantes ao que se sente, torna-se mais fácil verbalizar o que em outros espaços talvez não se consiga. Há um acolhimento intrínseco e automático que acontece neste encontro, em que a maior parte dos participantes sentem e vivenciam situações muito parecidas. Por outro lado, há também a troca e o aprendizado acerca das experiências que, embora similares, carregam a singularidade da vida de cada um.

Olhar para os pais e descobrir dificuldades em comum contribui no tratamento das pessoas com TEA

Embora ainda se tenha uma visão de que estas reuniões de pais são somente para falar das dificuldades dos filhos ou manejos comportamentais, por exemplo, os modelos de grupos de pais que focam na persona deles mesmo, ou seja, em quem eles são além do papel de cuidadores, têm sido muito comuns. É possível notar os resultados positivos para os participantes, o que automaticamente se reflete no paciente com TEA. À medida que o responsável também passa a cuidar de si, terá melhor condição de cuidar da pessoa com autismo.

Queridos pais, vocês são tão importante quanto seus filhos. Sabemos que os pacientes com TEA trazem como traço do próprio quadro a dificuldade no âmbito dos sentimentos, dos afetos e da relação com o outro, mas isso não quer dizer que eles não sintam e percebam quando sua principal referência não está bem. Deste modo, é muito importante perceber e acolher a intervenção para os pais como uma ferramenta de auxílio para si mesmo e que, consequentemente, se refletirá na evolução positiva dos filhos. O cuidador também precisa ser cuidado.

Aparecida Bueno Fernandes

Aparecida Bueno Fernandes

Psicóloga e neuropsicóloga. Pós-graduanda em Análise do Comportamento Aplicada e Terapia Cognitivo-Comportamental, psicóloga no Projeto Autismo Vila Mariana (CAISM) e psicóloga e neuropsicóloga em consultório particular. Atende pacientes com TEA desde 2014, tendo iniciado como AT em ambiente doméstico e escolar. Atualmente faz atendimento em psicoterapia ABA. Realiza orientação e atendimento a pais e cuidadores de pacientes com TEA.

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