Autismo em idosos: série “Amor no Espectro” abre portas para o assunto
Crianças autistas se tornam idosos autistas e é necessário falar sobre elas
Muito falamos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) na infância. Entretanto, nem todos os diagnósticos são feitos precocemente. Além disso, a criança com autismo também cresce e se torna um adulto e, posteriormente, um idoso com autismo. Por isso, é tão importante falar sobre o transtorno em todas as etapas da vida.
Hoje vamos falar de autismo em idosos.
Em uma série chamada “Amor no Espectro”, transmitida pela Netflix, um dos participantes, chamado Steve, é um idoso. A série conta um pouco sobre o envolvimento amoroso de pessoas autistas, quais são as dificuldades de começar ou manter relacionamentos e como as pessoas com o transtorno se sentem dentro de relações, sejam elas amorosas ou não.
“Eu passei a minha vida inteira solteiro”, diz idoso que participa de “Amor no Espectro”
Em uma entrevista com o roteirista da série, é perguntado a Steve: “Às vezes se sente só?”, e ele responde “O tempo todo”. Steve também complementa durante a sua fala “Eu passei a minha vida inteira solteiro”.
Vemos que a dificuldade de socialização é intensa. Steve e outros participantes da série contam que tem muita vontade de se relacionar, mas que não sabem exatamente como fazer.
Steve relata que seu diagnóstico de autismo aconteceu apenas próximo aos 70 anos de idade. Ele lembra também que se sentiu diferente de todos durante a vida inteira, mas não sabia exatamente o porquê. Conta que mora sozinho, tem manias repetitivas e, por vezes, pode ser uma pessoa difícil de lidar apenas por ser diferente do esperado.
Muito se fala dos sinais do autismo em crianças, mas quais são os sinais em idosos ?
Mas, afinal, quais seriam os sinais a serem notados em um idoso com autismo?
Algum deles são:
- Dificuldade em ter amigos ou laços, inclusive com familiares;
- Coordenação motora afetada de alguma maneira;
- Quando gosta de alguém, dá toda a atenção apenas para aquele indivíduo;
- Dificuldade para verbalizar pedidos;
- Guardar objetos durante muito tempo sem nenhum motivo;
- Ao se cansar, pode jogar fora tudo o que guardou por anos;
- Repetição de assuntos;
- Hábito de se vestir do mesmo jeito e sempre comer as mesmas coisas;
- Metódico.
Como melhorar a qualidade de vida do idoso com TEA:
A adaptação da rotina é essencial para que esses pacientes consigam ter uma vida o mais comum possível. O ambiente, por exemplo, pode ser preparado de acordo com as dificuldades de cada cenário.
Estímulo à interação social também é importante para idosos autistas
Se o idoso tem dificuldade para se mover, é essencial evitar tapetes e pisos que escorregam. A rotina também deve ser clara, com horários específicos para cada atividade, alimentação regrada e tarefas a serem cumpridas. Também é importante fazer com que o idoso seja o mais ativo possível, de acordo com as limitações.
É essencial, também, que eles interajam socialmente. Uma dica é inserir o idoso em algum grupo específico, como um grupo de hidroginástica, já aliando a atividade física com o social, ou um grupo religioso com reuniões periódicas. O importante é ir aos poucos e não pressionar o idoso.
Por fim, é importante que o idoso tenha um grupo de apoio, principalmente para identificar sinais de outras condições. Na maioria das vezes, esse grupo vem dos familiares. Ainda que não seja fácil lidar com pacientes idosos e autistas, a família é essencial neste processo.
Escrito por Clarice Sá, Teia.Work
Bárbara Bertaglia
Médica residente na pediatria da Santa Casa de São Paulo, pesquisadora na área de Transtorno do Espectro Autista e membro da equipe Autismo e Realidade desde 2019
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Crianças autistas se tornam idosos autistas e é necessário falar sobre elas
Muito falamos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) na infância. Entretanto, nem todos os diagnósticos são feitos precocemente. Além disso, a criança com autismo também cresce e se torna um adulto e, posteriormente, um idoso com autismo. Por isso, é tão importante falar sobre o transtorno em todas as etapas da vida.
Hoje vamos falar de autismo em idosos.
Em uma série chamada “Amor no Espectro”, transmitida pela Netflix, um dos participantes, chamado Steve, é um idoso. A série conta um pouco sobre o envolvimento amoroso de pessoas autistas, quais são as dificuldades de começar ou manter relacionamentos e como as pessoas com o transtorno se sentem dentro de relações, sejam elas amorosas ou não.
“Eu passei a minha vida inteira solteiro”, diz idoso que participa de “Amor no Espectro”
Em uma entrevista com o roteirista da série, é perguntado a Steve: “Às vezes se sente só?”, e ele responde “O tempo todo”. Steve também complementa durante a sua fala “Eu passei a minha vida inteira solteiro”.
Vemos que a dificuldade de socialização é intensa. Steve e outros participantes da série contam que tem muita vontade de se relacionar, mas que não sabem exatamente como fazer.
Steve relata que seu diagnóstico de autismo aconteceu apenas próximo aos 70 anos de idade. Ele lembra também que se sentiu diferente de todos durante a vida inteira, mas não sabia exatamente o porquê. Conta que mora sozinho, tem manias repetitivas e, por vezes, pode ser uma pessoa difícil de lidar apenas por ser diferente do esperado.
Muito se fala dos sinais do autismo em crianças, mas quais são os sinais em idosos ?
Mas, afinal, quais seriam os sinais a serem notados em um idoso com autismo?
Algum deles são:
- Dificuldade em ter amigos ou laços, inclusive com familiares;
- Coordenação motora afetada de alguma maneira;
- Quando gosta de alguém, dá toda a atenção apenas para aquele indivíduo;
- Dificuldade para verbalizar pedidos;
- Guardar objetos durante muito tempo sem nenhum motivo;
- Ao se cansar, pode jogar fora tudo o que guardou por anos;
- Repetição de assuntos;
- Hábito de se vestir do mesmo jeito e sempre comer as mesmas coisas;
- Metódico.
Como melhorar a qualidade de vida do idoso com TEA:
A adaptação da rotina é essencial para que esses pacientes consigam ter uma vida o mais comum possível. O ambiente, por exemplo, pode ser preparado de acordo com as dificuldades de cada cenário.
Estímulo à interação social também é importante para idosos autistas
Se o idoso tem dificuldade para se mover, é essencial evitar tapetes e pisos que escorregam. A rotina também deve ser clara, com horários específicos para cada atividade, alimentação regrada e tarefas a serem cumpridas. Também é importante fazer com que o idoso seja o mais ativo possível, de acordo com as limitações.
É essencial, também, que eles interajam socialmente. Uma dica é inserir o idoso em algum grupo específico, como um grupo de hidroginástica, já aliando a atividade física com o social, ou um grupo religioso com reuniões periódicas. O importante é ir aos poucos e não pressionar o idoso.
Por fim, é importante que o idoso tenha um grupo de apoio, principalmente para identificar sinais de outras condições. Na maioria das vezes, esse grupo vem dos familiares. Ainda que não seja fácil lidar com pacientes idosos e autistas, a família é essencial neste processo.
Bárbara Bertaglia
Médica residente na pediatria da Santa Casa de São Paulo, pesquisadora na área de Transtorno do Espectro Autista e membro da equipe Autismo e Realidade desde 2019
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