Autismo e Asperger: tudo faz parte de um mesmo espectro

28/02/2023Diagnóstico7 Comentários

Antes visto como transtorno separado, Asperger é o que hoje se costuma chamar de autismo leve

É bem comum ouvir falar na Síndrome de Asperger: alguns lugares falam como se ela fosse um transtorno em separado, enquanto outros a relacionam ao Transtorno do Espectro Autista. O que aconteceu é que a síndrome de Asperger deixou de ser um diagnóstico específico e passou a ser classificado como TEA de nível 1, conhecido popularmente como autismo leve.

O Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM) é a referência para médicos do mundo todo na classificação de diagnósticos de transtornos mentais. Na quarta edição deste manual (DSM-4), lançada em 1994, o autismo e a Síndrome de Asperger eram classificados como distúrbios diferentes. Ambos faziam parte da categoria  de Transtornos Gerais do Desenvolvimento, que incluía ainda o Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtorno Geral do Desenvolvimento NE, entre outros.

No DSM-4 as principais diferenças entre autismo e Síndrome de Asperger eram a intensidade do atraso que afetaria o indivíduo. Enquanto na definição do Autismo a fala tinha um provável início tardio, na Síndrome de Asperger era descrita como normal. Entretanto, pacientes com os dois transtornos apresentariam dificuldade de se relacionar e de entender situações abstratas, como figuras de linguagem ou gestos. Por exemplo, ao escutar a frase “meu namorado é um gatinho”, tanto a pessoa com autismo quanto a com Asperger imaginaria que o companheiro é um animal (gato).

Como dependem e menos apoio, autistas leves costumam ser diagnosticados mais tardiamente

Em 2013, foi publicada a quinta edição do manual (DSM-5), que apresentou uma nova classificação dos Transtornos do Desenvolvimento. A versão atual criou a denominação Transtorno do Espectro Autista (TEA), que enquadra a Síndrome de Asperger e o autismo em um mesmo diagnóstico. Dessa forma, o que antes se conhecia como duas desordens separadas passou a pertencer à mesma condição, que abrange um grande espectro de sintomas.

São dois os critérios para diagnóstico do TEA: déficit na reciprocidade socioemocional (seja na comunicação não verbal ou na interação social) e presença de comportamentos restritos ou repetitivos. A diferença entre os transtornos é o grau dentro do espectro autista, já que é possível ter pessoas com TEA com apenas dificuldades de socialização menos perceptíveis até indivíduos com afastamento social, deficiência intelectual e dependência de cuidados ao longo da vida.

As pessoas antigamente diagnosticadas com síndrome de Asperger são aquelas que precisam de menos apoio no dia a dia. Por suas manifestações de autismo serem menos graves, costumam ser diagnosticadas mais tardiamente. Geralmente, começa-se a notar que a criança não interage do modo esperado apenas na fase escolar. Neste mesmo momento, também ficam mais claros os interesses restritos que são comuns entre pessoas com autismo de nível 1. Por exemplo, a criança pode gostar muito de desenhos da Disney, memorizando muitas informações sobre o tema e colocando este interesse em todos os contextos de sua vida.

É importante ressaltar que, apesar de ser conhecido como leve, o autismo destas pessoas não é simples. Pessoas com autismo de nível 1 também podem apresentar comorbidades, distúrbios sensoriais e são as mais capazes de mascarar o transtorno – o que pode gerar crises intensas após o convívio social -, atrasando assim as possibilidades de diagnóstico e acompanhamento adequado.

Para conhecer mais sobre os diferentes níveis do TEA, veja a nossa página O que é o Autismo.

Escrito por Clara Padrón, Barracuda Conteúdo

7 Comentários

  1. Gostaria de conferir se tenho a informação correta – nos anos 70 / 80 dizia-se que autismo se referia a crianças enquanto esquizofrenia a adultos. Como se o autismo fosse a esquizofrenia infantil. Pelas leituras que tenho feito, esse conceito mudou, já que se fala de autismo em adultos. Agradeço desde já por seu esclarecimento.

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      • O autismo pode se manifestar na a tadolescência

    • Existe remédios para o controle do Autismo? Para reduzir a hipersensibilidade, a ansiedade, a hiperatividade e a dificuldade de fixar o olhar? Sou tão sensível que me sinto um Homem-Aranha desequilibrado. A minha ansiedade também é bem complicada.

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      • Oi, Miguel, não existe nenhum remédio para tratar o autismo em si. O que acontece é que, como muitos autistas apresentam condições associadas (as chamadas comorbidades), os médicos podem receitar medicamentos para estas condições. Explicamos melhor sobre isso no nosso texto sobre a risperidona (http://autismoerealidade.org.br/2019/06/14/risperidona-e-autismo/)

  2. Olá, me chamo Rafaela e, tenho um sobrinho de 3 anos e 10 meses que é autista. Infelizmente, meu irmão não aceita que ele tem esse distúrbio, se é assim que posso chamar. Então, eu estou lendo mais sobre o transtorno (TEA) e autismo. Bom, eu quero ajudar de alguma forma, me ver a ignorância do meu irmão sem fazer nada, junto com a mãe do filho dele.

    O autismo não pode ser ignorado, os pais precisam intender isso e procurar ajuda o mais rápido possível, para assim, poder reverter o quadro e fazer com que essa criança tenha uma qualidade de vida normal.

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  3. aprender sobre as crianças sempre sera muito importante para todos nos ,pais professores e tambem a equipe pedagogico

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