Autismo e higiene pessoal: dicas práticas
Autismo e higiene pessoal: dicas práticas
A rotina de autocuidado e higiene pode ser desafiadora para quem tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seus familiares. O processo de tirar a roupa, entender suas fisiologias, ir a um banheiro diferente e criar um hábito rotineiro para, por exemplo, escovar os dentes e tomar banho, pode merecer atenção e diálogo.
Segundo a terapeuta ocupacional do Instituto PENSI, Stephanie Bruna dos Santos, as dificuldades de higiene relatadas por pais e cuidadores costumam envolver: higiene íntima (desfralde e utilização do vaso sanitário), higiene dos cabelos e higiene bucal.
“O sabor do creme dental, a textura das cerdas da escova de dentes e outros produtos de higiene, passando ainda pelo próprio banheiro, podem ser gatilhos por conta dos distúrbios sensoriais relacionados ao autismo”, explica a profissional.
É comum, em alguns casos, que crianças com TEA aprendam a usar o banheiro somente com uma idade mais avançada, quando comparamos com crianças típicas.
Algumas crianças com autismo se acostumam com a rotina de usar o banheiro em casa, mas podem ter dificuldade para uso na escola ou em outros lugares públicos, por exemplo.
Pontos de atenção:
Pode haver razões físicas ou psicológicas que impeçam a criança de usar o banheiro. Por isso, sempre converse com a equipe multiprofissional que acompanha seu filho(a).
Pela dificuldade com a linguagem, recomendamos não esperar a criança com autismo pedir para usar o banheiro. Acompanhe de perto e crie mecanismos para que a rotina seja estabelecida naturalmente. Um cronograma visual pode ajudar!
É comum que crianças com TEA também tenham dificuldade para manusear as roupas na hora de usar o banheiro.
Para gerir o medo que essas crianças podem sentir, seja por conta do ambiente ou de barulhos, como o da descarga, esteja por perto e observe.
É preciso reforçar a constância e a criação de novos hábitos. Afinal, muitas crianças com TEA já podem ter definido sobre como fazer xixi ou cocô, o que demandaria a criação de uma nova rotina.
Confira dicas para ajudar nesse processo, segundo a terapeuta ocupacional Stephanie Brunas dos Santos:
- Promover o brincar lúdico com a criança para a aproximação das atividades, como brincar de trocar a fralda da boneca, escovar os dentes do jacaré, lavar e pentear os cabelos do boneco etc. Por meio do brincar, que é a principal ocupação da criança, promovemos aprendizagem e aquisição de habilidades.
- Promover a participação ativa da criança na execução dessas atividades no dia a dia, permitindo que ela explore e conheça os ambientes e os itens necessários para a realização, auxiliando na compreensão do meio e suas funções.
- A participação ativa da criança ao realizar algum passo da atividade de forma independente também influencia em sua autoestima e motivação, engajando-a na realização da atividade.
- Rotina visual para antecipação das atividades e tarefas que serão realizadas no dia (muitas crianças com TEA precisam de previsibilidade dos eventos que acontecerão durante o dia) e rotina visual com passo a passo da tarefa a ser executada. Ex.: higiene bucal – pegar escova de dentes, colocar o creme dental, escovar de um lado, escovar do outro, escovar a língua, bochecho etc.
- Certifique-se de que as idas ao banheiro sejam confortáveis e atente-se para as necessidades sensoriais do seu filho(a). Se ele(a) não gosta de determinados sons, cheiros ou objetos, veja como tornar o ambiente mais amigável.
Saiba mais!
Acesse as cartilhas:
Convivendo com o TEA – Treinamento para usar o banheiro
Convivendo com o TEA – Higiene Bucal
Referência:
LONGO, 1. S. F. Independência em atividades de vida diária (AVD’s) em crianças com transtorno do espectro autista (TEA): a perspectiva de profissionais da terapia ocupacional -Belo Horizonte, 2022. Dissertação [Especialização] apresentada à Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Disponível em: Especialização em TEA – ltala Stephanie.pdf (ufmg.br)
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