A importância das habilidades sociais para a inclusão
O termo habilidade social pode soar comum e corriqueiro, entretanto, refere-se a um conjunto complexo de comportamentos sociais relevantes na cultura em que o sujeito está inserido. Além de contribuir para um bom desempenho em condutas interpessoais, auxilia no aprendizado por meio da convivência coletiva.
Aqueles com boas habilidades sociais demonstram aptidão com comunicação, evidenciada pelo comportamento de responder o que foi lhe dirigido, iniciar e manter uma conversa ou dar opinião, por exemplo. Também é necessária a existência de civilidade e aprendizagem de regras sociais culturalmente definidas, como responder a cumprimentos, agradecer e se desculpar quando necessário.
Boas práticas sociais ainda demandam empatia e expressão de solidariedade, que envolvem um conjunto de comportamentos como contato visual, proximidade de seu interlocutor, saber se colocar no lugar do outro, demonstrar interesse em ajudar, compartilhar alegria e realização do outro, expressar apoio, fazer elogios e expressar compaixão.
Por fim, as demandas com manejo de conflito, assertividade e comunicação em grupo também integram as habilidades sociais. Na prática, essas habilidades se relacionam ao reconhecimento, nomeação e definição de um problema alvo, e consequente resolução dos conflitos envolvidos. Já a assertividade, está relacionada a defender os próprios direitos e dos demais à sua volta, fazer e recusar pedidos, expressar sentimentos, manejar críticas e manter uma conversa com pessoas que exerçam papel de autoridade.
Aqueles dentro do espectro autista podem apresentar déficits na comunicação e na interação social, o que costuma ocasionar dificuldades em estabelecer e interpretar os conceitos sociais e suas nuances.
Confira algumas dicas para essas situações:
Com o intuito de aprimorar todo o conjunto de habilidades sociais nas pessoas com autismo, é importante o desenvolvimento do automonitoramento, isto é, um comportamento de auto-observação, que auxilia na interpretação de situações sociais e regulação dos sentimentos. Inicia-se com o reconhecimento de comportamentos privados, ou seja, sentimentos ou crenças. Na sequência, busca-se identificar alternativas adequadas para conduzir alguma situação social, prever consequências e, por fim, regular o desempenho e exercer autocontrole.
Vamos considerar uma situação em que um estudante com Transtorno do Espectro Autista (TEA) precise falar em público em sua faculdade para apresentar um trabalho. Inicialmente, é importante que ele(a) reconheça suas angústias quanto a falar em público, e busque inibir suas reações aversivas por meio de planejamento e treino de sua apresentação. O profissional pode orientar que o(a) estudante procure algum item físico ou pensamento que o(a) acalme e, por fim, vai manejando seu autocontrole durante a palestra, evitando situações que lhe gerariam ansiedade, como sustentar o contato visual com os indivíduos da plateia.
De modo geral, as habilidades sociais podem ser trabalhadas por profissionais qualificados, principalmente nas áreas de psicologia cognitiva comportamental e análise do comportamento aplicada. Algumas técnicas que poderão agir como recurso terapêutico para pessoas com dificuldades em habilidades sociais são a modelagem e o role play.
A modelagem é uma técnica de aproximações sucessivas na qual um novo comportamento é ensinado a partir de pequenos trechos de sua totalidade. Por exemplo: para o comportamento de iniciar uma conversa, pode-se iniciar com o treino de estabelecer contato visual, na sequência, o treino de apresentação pessoal e, por fim, ensina-se a fazer perguntas para os interlocutores.
Na técnica de role play, desenvolve-se uma encenação, envolvendo a simulação de situações sociais para o treino das habilidades sociais a partir de prática contextualizada. É possível simular diversas situações e contextos, dependendo das demandas e características de cada pessoa, como simular uma visita à casa de um amigo, um aceno ao garçom para fazer um pedido de café da manhã na padaria ou pedir informações na rua quando se está perdido(a).
A intervenção trará maior qualidade de vida, impactando positivamente na qualidade das interações e da participação social de pessoas com autismo.
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