Por isso, representações estereotipadas e imprecisas devem ser evitadas,  já que acabam perpetuando estigmas prejudiciais, sentidos na pele por quem tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e por seus familiares. 

Assim como acontece com outras parcelas da população, a forma como as pessoas com autismo são percebidas e tratadas pela sociedade é influenciada pela representação encontrada em personagens, principalmente, em produções audiovisuais. 

Representação do autismo 

Ainda hoje,  a representatividade de pessoas com TEA no mundo cinematográfico é pequena. O tema é pouco debatido nas telonas e temos poucos filmes e séries com protagonistas com TEA, sem dizer do número muito reduzido de atores autistas atuando. Sim, existem atores dentro do espectro autista e eles precisam ser mais conhecidos, respeitados e percebidos como agentes culturais. 

Há quem não saiba, mas o renomado ator Anthony Hopkins, vencedor de um Oscar de melhor ator e protagonista do icônico filme Silêncio dos Inocentes, foi diagnosticado com autismo por volta dos 70 anos, já com a carreira consolidada. 

A seguir, alguns filmes, documentários e séries que abordam o autismo – muitos podem ser encontrados em diferentes plataformas de streamings:

• Série The Good Doctor: por passar na TV aberta, ajudou a levar o tema a um grande número de pessoas a partir de uma representação positiva, já que o protagonista é um médico exemplar, dentro do espectro. Uma pena o fato de terem atores não autistas nos papéis principais.
• Série Atypical: o enredo se desenrola a partir de Sam, um adolescente autista que decide arrumar uma namorada. Buscando mais  independência, o jovem  busca mudanças em sua vida, ao lado da família, de forma leve, garantindo boas risadas. 
• Filme Paraíso no Oceano: a produção conta a história de Dafu, um jovem com autismo que aparenta ser distraído e repete tudo que lhe dizem. Ele vive com o pai, que descobre estar em estado terminal e começa uma corrida contra o tempo para ensinar ao filho tudo o que precisa para sobreviver quando ficar sozinho.
• Documentário Vida, Animada: uma explicação sobre como filmes como A Pequena Sereia e O Rei Leão, entre outras animações da Disney, ajudam um jovem autista a desenvolver habilidades de leitura, escrita e comunicação.
• Filme Meu filho, nosso mundo: o ator mirim é uma criança com autismo e o roteiro foi escrito por pais de crianças com TEA. A história conta a jornada do comediante Max Bernal que, após o fracasso de seu casamento e de sua carreira, volta a morar com o pai. Max não concorda com a ex-mulher sobre a melhor maneira de cuidar do filho deles, Ezra, que tem 11 anos e foi diagnosticado com autismo. Para mudar a situação, Max leva Ezra em uma viagem de carro em busca de um lugar onde os dois possam ser felizes.
• Cinebiografia Temple Grandin: o filme  mostra a história real de Temple Grandin, uma importante ativista dos direitos das pessoas com autismo, que superou as limitações impostas pelo TEA para tornar-se uma reconhecida cientista que revolucionou a indústria agropecuária dos Estados Unidos.
• Documentário O que me faz pular (The reason I Jump): baseado no livro de mesmo nome, escrito por Naoki Higashida aos 13 anos contando a experiência de ser uma criança autista não verbal, que encontra diversas formas de se expressar. 

Inclusão consciente 

Com o aumento de diagnósticos e a ampliação do debate sobre o autismo, é fundamental levar o tema também para filmes e séries, a partir de conteúdos consistentes e verossímeis, sem estereótipos que só ajudam a aumentar a desinformação e o estigma sobre o transtorno. Acreditamos que a representação autêntica e respeitosa do autismo contribui com pessoas com autismo e seus familiares, promovendo inclusão e beneficiando a sociedade como um todo.