Abril, Mês Mundial do Autismo – É tempo de transformar conscientização em ação

2/04/2025TEA no Dia a Dia0 Comentários

 

Abril, Mês Mundial do Autismo – É tempo de transformar conscientização em ação 

Como abril marca o Mês Mundial do Autismo, organizações, famílias e defensores se organizam para chamar atenção da sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) — uma condição do neurodesenvolvimento que impacta milhões de pessoas em todo o mundo. Com as taxas de prevalência atingindo entre 1 e 2% da população e as dificuldades em oferecer os serviços e suportes necessários para todas as pessoas com autismo e suas famílias, vivemos um momento crítico para ir além da conscientização e entrar em ação significativa.

O último levantamento do CDC nos Estados Unidos encontrou que uma em cada 36 crianças é diagnosticada com autismo. No entanto, apesar da maior visibilidade, indivíduos com autismo e suas famílias seguem enfrentando desafios no acesso a diagnóstico precoce, intervenções de qualidade e suporte ao longo da vida.  Além disso, apesar da conscientização crescente da sociedade, ao longo da vida ainda enfrentam discriminação, exclusão e falta de acesso a direitos básicos como assistência em saúde, educação inclusiva e emprego.

No que se refere a diagnóstico, uma revisão sistemática dos estudos publicados entre 2012 e 2019 identificou que a idade média global de diagnóstico do TEA era de 60,48 meses (5 anos). No Brasil, um estudo de 2017 encontrou que as mães de crianças posteriormente diagnosticadas com TEA já apresentavam preocupações quanto ao desenvolvimento das crianças desde os 23 meses de idade, em média. Essas preocupações envolviam atraso no desenvolvimento da linguagem, falha em responder ao nome, pouco contato visual e agitação motora. Apesar dessa postura familiar vigilante, o diagnóstico formal só ocorreu cerca de 36 meses mais tarde, próximo dos 6 anos de idade.

Quando as famílias buscam por intervenções após o diagnóstico de autismo, novamente a demanda por serviços especializados supera a oferta disponível, resultando em filas de espera e atrasos no início das terapias, especialmente nos equipamentos da rede pública, da qual a maior parte da população brasileira é dependente. A implementação de políticas públicas focadas na capacitação de profissionais é fundamental para melhorar esse cenário e garantir o atendimento especializado com práticas baseadas em evidências para todas as crianças com TEA.​

Sabemos ainda que o cuidado integral às crianças com autismo exige um olhar ampliado para suas famílias, devido à sobrecarga financeira, emocional e logística. É essencial que haja suporte abrangente para os cuidadores, garantindo inclusão social e rede de apoio no enfrentamento aos desafios envolvidos nesse cuidar.

Por fim, a atuação intersetorial possibilita a elaboração de projetos terapêuticos que consideram as necessidades específicas de cada criança com TEA. A parceria com profissionais de saúde pode auxiliar em adaptações que garantam melhor aprendizagem e inclusão na escola, orientações para promover a participação social em diferentes contextos e com diversos interlocutores, seja no lazer ou no trabalho.

Inclusão não é um favor. É lei e é retrato de uma sociedade que compreende seu compromisso com a dignidade humana, que entende que diversidade é potência e que acessibilidade é condição mínima para participação plena e justiça social.

Noemi Takiuchi

Noemi Takiuchi

Possui graduação em Fonoaudiologia e Doutorado em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP). É especialista em Educação em Saúde e Fonoaudiologia em Psiquiatria da Infância e Adolescência. Atualmente, é coordenadora do programa Autismo e Realidade e responsável pelo Ambulatório TEA do Instituto PENSI.

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *