O que significa ser Autism Friendly? Veja exemplos
O que significa ser Autism Friendly? Veja exemplos
Você já ouviu esse termo? É fato que a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido cada vez mais discutida, trazendo à tona a necessidade de adaptar ambientes para torná-los mais acessíveis e acolhedores. Nesse contexto, o conceito de autism friendly, ou “amigável para pessoas com autismo”, em tradução literal, ganha força. O termo refere-se a espaços e práticas projetados para atender às demandas sensoriais, cognitivas e sociais de pessoas com autismo, garantindo mais conforto e acessibilidade para quem tem TEA e seus familiares. Esses locais, cada vez mais comuns, proporcionam experiências mais tranquilas, promovendo a inclusão.
Ambientes considerados autism friendly apresentam características específicas, como redução de ruídos e luzes intensas, presença de espaços organizados e previsíveis, além de profissionais treinados para interagir adequadamente com pessoas dentro do espectro autista. Sinalizações visuais, áreas de descanso e horários exclusivos também são medidas comuns nesses espaços. As adaptações são essenciais para minimizar a sobrecarga sensorial e garantir que indivíduos com autismo se sintam seguros e confortáveis em locais públicos e privados.
Você conhece algum espaço assim?
Espaços públicos adaptados
Alguns estabelecimentos já adotaram práticas autism friendly pelo mundo. Um exemplo é o de uma rede de supermercados britânica que implementou a Quiet Hour (Hora Silenciosa), reduzindo as luzes e os sons para proporcionar uma experiência mais tranquila para clientes com TEA.
No Brasil, ainda há muito a ser feito, mas algumas iniciativas têm se popularizado. É o caso das salas multissensoriais nos Aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, criadas com o objetivo de ampliar a inclusão e melhorar a experiência de pessoas neurodivergentes que passam pelos locais.
Em São Paulo, o espaço fica na sala de embarque, próximo ao portão 4, e possui iluminação especial, painéis de atividades e mobiliário projetado para promover conforto e acolhimento. Destaque para a piscina iluminada de bolinhas e o projetor de vídeo. A sala multissensorial no Aeroporto Santos Dumont, por sua vez, conta com aromaterapia, globo de luzes e equipamento de som com acionamento por bluetooth, para que seja possível selecionar a música ambiente que mais agrada ao visitante. Por lá, a sala fica no terminal de embarque, logo após o Raio-X.
Diversão garantida
Um dos parques temáticos mais procurados no Brasil, o Parque da Mônica, em São Paulo, também faz sua parte: todos os dias, na primeira hora de funcionamento, os estímulos sonoros e visuais são reduzidos para que os visitantes do espectro autista ou com transtorno do processamento sensorial possam aproveitar melhor o passeio em família. Isso sem falar da chamada “Sala do Silêncio”, ambiente de descanso com baixo estímulo sensorial.
Futebol de um jeito diferente
Buscando maior inclusão, a Neo Química Arena (antiga Arena Corinthians) conta com o Espaço TEA e toda sua infraestrutura especial: paredes e janelas que isolam o som vindo do estádio, além de atividades e brincadeiras adequadas a pessoas com deficiências intelectuais e TEA. Cada família pode comprar até quatro ingressos e assistir ao jogo por lá. O espaço possui televisões com programa infantil, brinquedos, figuras para serem coloridas e até emojis, que ajudam na comunicação.
Em Curitiba, o Estádio Couto Pereira inovou com um Camarote Sensorial especialmente para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, com adaptações para que possam assistir aos jogos em um espaço mais tranquilo, longe do barulho e da luz excessiva. O isolamento acústico das paredes e do teto ajudam bastante. Microfones externos que captam o som ambiente, permitem que o volume seja ajustado dentro do local, a depender da necessidade dos visitantes. Há também poltronas, caso a pessoa queira se isolar por alguns instantes. O espaço fica bem em frente ao gramado.
Cinema para todos
Cinemas de diversas cidades do Brasil também já fazem adaptações para serem mais inclusivos. A Sessão Azul é projetada para oferecer uma experiência acolhedora para pessoas com TEA e familiares que querem viver a experiência de assistir a um filme na telona. Para isso, durante a exibição, as luzes ficam acesas e o volume do som é reduzido. Redes como o Cinemark e UCI estão entre as que ofertam o serviço.
Salas sensoriais
As salas sensoriais são ambientes especialmente projetados para atender às necessidades de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essas salas têm como objetivo criar um ambiente acolhedor e seguro, com o uso de recursos e equipamentos que ajudam a reduzir os efeitos das estimulações sensoriais excessivas, minimizando o estresse e proporcionando alívio para esses indivíduos. Além disso, equipes especializadas podem acompanhar esses espaços para auxiliar no bem-estar dos usuários. Diversos locais atualmente contam com esse recurso: Instituto PENSI, Sabará Hospital Infantil, Museu Oscar Niemeyer (MON), entre outros.
Ambientes mais inclusivos
Criar ambientes acessíveis melhora a qualidade de vida de pessoas com TEA, fortalece sua participação social e apoia familiares que buscam soluções para o dia a dia. São muitos os benefícios: espaços adaptados reduzem a ansiedade e promovem interações mais seguras. Além disso, essas iniciativas educam a sociedade sobre a importância da inclusão e ajudam a reduzir o estigma em torno do autismo.
Para que um ambiente seja verdadeiramente autism friendly…
É preciso que haja uma conscientização ampla e contínua sobre as necessidades das pessoas com autismo. Para isso, empresas, governos e a sociedade em geral precisam investir em treinamentos e ajustes estruturais, garantindo que espaços públicos e privados sejam mais acolhedores. Pequenas mudanças já fazem a diferença. Um exemplo é a disponibilização de fones de ouvido com redução de ruído ou áreas de descanso silenciosas.
A construção de um mundo mais inclusivo começa com compreensão e adaptação. Sendo assim, é necessário entender que ser autism friendly vai além de ajustes físicos; trata-se de um compromisso com a acessibilidade e o respeito às necessidades individuais.
Com mais iniciativas voltadas para essa inclusão, estaremos promovendo uma sociedade mais equitativa, onde a diversidade é acolhida e valorizada.
Referências
- Genial Care. “O que é Autism Friendly?” Disponível em: https://genialcare.com.br/blog/o-que-e-autism-friendly/.
- Psiquiatra Jaqueline Bifano. “Espaços Autism Friendly.” Disponível em: https://psiquiatrajaquelinebifano.com.br/espacos-autism-friendly.
- Instituto Pensi. O canto do aconchego. Disponível em: https://institutopensi.org.br/o-canto-do-aconchego/
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