O poder da música no desenvolvimento de crianças com TEA
TEA e comportamentos desafiadores: saiba como agir com segurança
Já pensou em como a música pode ser uma grande aliada no dia a dia de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)? É aí que entra a musicoterapia, que, como o próprio nome diz, é uma terapia que utiliza a música e seus elementos para promover bem-estar e desenvolvimento. Ao ser aplicada sistematicamente por um profissional especializado, a musicoterapia pode ajudar na comunicação, na regulação emocional e na interação social, sendo de grande valia para pessoas com TEA.
A musicoterapia, vale dizer, é uma intervenção baseada em evidências científicas. Essa terapia consiste na utilização da música no contexto clínico, educacional e social. E mais: ela é diferente da musicalização, que tem como finalidade principal desenvolver o conhecimento e a habilidade musical. Seja como for, o poder que a música tem sobre as pessoas, de forma geral, é perceptível. Então, por que não aproveitar essa linguagem universal para buscar melhorar a qualidade de vida?
O uso da música com finalidade terapêutica é realidade desde a Antiguidade, segundo estudos. Com o passar do tempo, a musicoterapia tornou-se um campo de atuação estruturado, figurando como uma intervenção clínica com resultados animadores. No Brasil, consolidou-se em 1970.
A música é uma facilitadora de aprendizagens e há estudos de ressonância magnética funcional que revelam que ela causa um efeito único em pessoas com autismo, principalmente como intervenção terapêutica. Para isso, é necessário que a música seja utilizada de forma alinhada aos interesses da criança, com o auxílio de um profissional que realmente conheça as especificidades do transtorno.
O poder terapêutico da música
Som, ritmo, timbre, melodia e harmonia são elementos da música que permitem trabalhar uma série de possibilidades dentro da musicoterapia. Estudos atestam que a música contribui para o desenvolvimento de novas competências e habilidades, favorecendo o cognitivo e emocional de crianças e adolescentes com autismo. A expansão da comunicação e da interação em indivíduos com TEA é outro ponto que merece destaque. Mesmo aqueles que não se comunicam pela fala ou falam pouco, se beneficiam do caráter multissensorial da música.
Essa jornada terapêutica se mostra efetiva no auxílio ao tratamento dos transtornos de linguagem em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com o canto, por exemplo, é possível incentivar as funções de emissão oral, aprendizagem de vocabulário, memória fonológica, produção de frases, expandindo as habilidades comunicativas.
Cada sessão é diferente e cada jornada é única. Um exemplo é o fato de que a prática da musicoterapia pode ser conduzida de forma ativa, com a pessoa tocando, dançando, cantando ou manipulando algum instrumento, sem preocupação estética, pois não é esse o objetivo ou também de forma passiva, deixando-se levar pelos benefícios da escuta musical, o que auxilia no alívio de dores, promove relaxamento e ajuda a diminuir a ansiedade, entre outros pontos.
Respeitar o tempo e o limite da criança ou do adolescente é fundamental, sem deixar as dificuldades de lado nem permitir que elas paralisem o processo. Afinal, mesmo para aqueles que inicialmente não demonstram interesse musical, a musicoterapia pode trazer resultados ao longo do processo de intervenção.
Indo além da vocalização
Entre os benefícios da musicoterapia estão a diminuição do estresse e o apoio no desenvolvimento de habilidades para expressar sentimentos e se comunicar. Assim, essa terapia fortalece comportamentos sociais, aumenta o foco e a atenção, ajudando em vocalizações, verbalizações, gestos e vocabulário — sem falar da consciência corporal e da coordenação, que costumam melhorar com essa intervenção individualizada.
A musicoterapia também ajuda a promover a criatividade, o bem-estar e o desenvolvimento de habilidades cognitivas. Em alguns casos, ajuda a reduzir a hiperatividade. De toda forma, ela trabalha com vários estímulos, passando pela vocalização, pelo processo auditivo e pela interação social. Os estímulos sensoriais, por sua vez, abarcam o processamento auditivo, o reconhecimento e a discriminação de sons. A manipulação dos instrumentos musicais e a movimentação do corpo ganham vez com a estimulação cognitiva. Os estímulos motores se destacam com a atenção, a concentração e a memória. Atividades em grupo, quando indicadas, trazem benefícios para a socialização, mesmo que seja apenas pelo olhar. E isso faz diferença.
Linguagem e psicomotricidade
Ao brincar, a musicoterapia permite que a criança associe gestos e movimentos a diferentes conceitos, ampliando o entendimento sobre regras sociais e expressão. Um novo mundo se abre. Nesse processo terapêutico, os exercícios são lúdicos, a exemplo das brincadeiras de roda, e o contato visual é estimulado e valorizado. Há uma infinidade de atividades que podem ajudar, por exemplo, a desenvolver a psicomotricidade (jogos psicomotores, pedagógicos, canções que utilizam sons do corpo, manuseio de instrumentos musicais). A linguagem também é valorizada por meio de jogos cênicos, criação e contação de histórias, entre outros.
Família e acompanhamento profissional
As famílias também podem estimular seus filhos em casa por meio da música, com o envolvimento da criança ou do adolescente. Uma criança interessada no mundo animal, por exemplo, pode gostar de músicas e sonorizações que dialoguem com esse universo. Ou seja, descobrir os interesses de cada um e suas potencialidades só traz benefícios e faz com que se sintam acolhidos. Caso conte com o acompanhamento de um musicoterapeuta, converse com ele e veja como levar para casa as atividades desenvolvidas durante as sessões.
Mais dicas: se a criança demonstra interesse por instrumentos musicais, explore essa possibilidade. Ela gosta de pular ou brincar com determinado objeto ou brinquedo? Leve essas informações para o profissional e veja como pode ser enriquecedor incorporar os interesses da criança nessa jornada com a música.
Vale dizer que o atendimento especializado a quem tem TEA abarca não só um profissional qualificado, como também um ambiente adaptado e metodologias diferenciadas, como é o caso das chamadas pistas visuais: imagens físicas ou digitais que podem, por exemplo, sinalizar onde estão guardados os instrumentos musicais. As imagens também são bem-vindas para organizar um mural e mostrar as atividades que serão realizadas e para servir de instrumento de comunicação durante as sessões. A musicoterapia passa pela ampliação da autonomia da pessoa atendida e pode trazer resultados incríveis!
Experimente!
Referências:
AUTISMO E REALIDADE. Musicoterapia para pessoas com TEA. Disponível em: https://autismoerealidade.org.br/2020/07/31/musicoterapia-para-pessoas-com-tea/
AUTISMO EM DIA. Música e autismo: como a musicoterapia pode ajudar no desenvolvimento. Disponível em: https://blog.autismoemdia.com.br/blog/musica-e-autismo/
TERRA DA MÚSICA. Como a música pode ajudar no desenvolvimento da criança autista. Disponível em: https://terradamusicablog.com.br/como-musica-pode-ajudar-no-desenvolvimento-da-crianca-autista/
NEUROCONECTA. Musicoterapia no autismo: uma intervenção baseada em evidências. Disponível em: https://neuroconecta.com.br/musicoterapia-no-autismo-uma-intervencao-baseada-em-evidencias/
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