O que é o autismo? Saiba quais são os sinais do TEA na infância

30/08/2025TEA no Dia a Dia0 Comentários

O que é o autismo? Saiba quais são os sinais do TEA na infância

Em meio a debates envolvendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA), é comum surgirem muitas dúvidas sobre o assunto. Afinal, o que é o autismo? Quais são seus sinais precoces? Como identificar o autismo em crianças? 

O TEA é uma condição do neurodesenvolvimento que influencia as experiências e interações no mundo. Essa forma diferente do cérebro processar informações constitui uma neurodivergência e persiste por toda a vida. Há grande diversidade entre as pessoas com autismo, mas para o diagnóstico é necessário que todas manifestem  dificuldades em comunicação, interação social, comportamentos e interesses. Neste artigo, falamos mais sobre o tema. Confira!

O que é o autismo?

Desde que foi descrito pela primeira vez pelo psiquiatra Leo Kanner em 1943, o autismo passou por mudanças nas propostas de critérios diagnósticos, classificação e nomenclatura. 

Atualmente, os dois principais sistemas classificatórios utilizam diretrizes diagnósticas e terminologia compatíveis. A partir de 2013, com a publicação da 5a. edição do Diagnostic and Statistical Manual for Mental Disorders (DSM-5) pela Associação Americana de Psiquiatria, o termo Transtorno do Espectro Autista passou a ser utilizado, reunindo as diferentes formas de manifestação do autismo em uma única categoria diagnóstica. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde, na 11a. edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), também incorporou a mesma terminologia e critérios para o diagnóstico de TEA.   

  • Quais são esses critérios diagnósticos? De acordo com o DSM-5 e a CID-11, o TEA é diagnosticado quando a pessoa apresenta déficits na comunicação e interação social (ex.: dificuldades na comunicação verbal e não verbal, déficits de reciprocidade socioemocional).
  • Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, como movimentos estereotipados, interesses fixos, insistência em rotinas e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais.

Outro critério diagnóstico importante é a manifestação das diferenças no início do desenvolvimento da criança. Embora o diagnóstico muitas vezes possa ser realizado mais tardiamente, é preciso que as características tenham sido percebidas ainda na infância, com impactos no funcionamento social. 

Apesar de o diagnóstico ser mais comum em crianças, o TEA é uma condição permanente que acompanha a pessoa ao longo de toda a vida. Algumas crianças somente são diagnosticadas na idade escolar, e outras pessoas podem ser identificadas somente na idade adulta. Isso acontece porque as características persistem e podem até se tornar mais evidentes conforme as demandas sociais se tornam mais complexas e exigem maior flexibilidade na interação, comunicação e aprendizagem.

O mesmo diagnóstico de TEA pode se manifestar de formas diversas em cada indivíduo. Uma criança com autismo pode ser não verbal e precisar de recursos de comunicação alternativa, enquanto outra pode conseguir se comunicar falando frases completas, com bom vocabulário e produzindo os sons corretamente. Uma criança com TEA pode ter maior dificuldade para lidar com quebra de rotinas, enquanto outra consegue se adaptar melhor à imprevisibilidade. E essa variação pode ser observada também nos aspectos sensoriais, na alimentação, nos interesses e comportamentos. 

Muitas vezes, essa grande diversidade de manifestações no TEA, com diferentes combinações de habilidades e dificuldades, pode interferir no processo de identificação por parte da família, dos profissionais de saúde e de educação. Por isso é importante entender o autismo em todas as suas dimensões. Para lidar com a diversidade do espectro autista, o DSM-5 propôs a caracterização do TEA em  níveis de suporte, para cada conjunto de sintomas: 

  • Nível 1:  requer suporte para lidar com desafios cotidianos, especialmente em situações sociais e de flexibilidade comportamental.
  • Nível 2: apresenta necessidade de auxílio frequente e substancial em funções rotineiras e interações nos diferentes contextos.
  • Nível 3: necessita de apoio contínuo e intenso para quase todas as atividades diárias, inclusive para manter-se seguro.  

É importante saber que o DSM-5 usa esses níveis como descrição clínica, não como classificação prognóstica nem fixa. Uma criança pode evoluir para um nível de menor suporte ou pode passar a apresentar mais necessidade de apoio em determinada fase ou demanda. Além disso, o grau de impacto pode variar de acordo com o contexto e também entre os grupos de sintomas. 

O CID-11 não utiliza essa classificação de suporte em níveis para o TEA, priorizando a indicação das características de linguagem e inteligência como elementos que trarão impacto sobre o desenvolvimento, as demandas de adaptação e a inclusão. 

Sinais precoces do autismo

O diagnóstico precoce do autismo é fundamental para garantir intervenção precoce e melhor qualidade de vida. Quando a identificação ocorre ainda na infância, favorece o desenvolvimento de habilidades que promovem independência e autonomia. 

O autismo decorre de diferenças na organização e no funcionamento cerebral, que afetam a forma como as informações do ambiente são processadas. Por isso, é uma condição que persiste ao longo da vida. As pesquisas indicam que o TEA é uma neurodivergência de causas multifatoriais, resultante da interação entre fatores biológicos e fatores ambientais, ainda em estudo. 

Sinais precoces do autismo podem ser notados já em alguns bebês no primeiro ano de vida. Outras crianças com autismo podem apresentar um período de desenvolvimento considerado típico e, por volta dos 2 anos, apresentar regressão em habilidades sociais e de comportamento. A maioria das crianças com autismo pode ser identificada a partir dos 18 a 24 meses, quando os marcos sociais e de comunicação ficam mais evidentes. Entre os sinais que merecem atenção, estão:

  • Dificuldade para interagir, manter contato visual ou se expressar por gestos e expressões faciais;
  • Dificuldade para demonstrar ou compartilhar emoções;
  • Tendência ao isolamento social;
  • Falta de resposta consistente ao próprio nome;
  • Pouca atenção compartilhada com cuidadores sobre objetos, interesses; 
  • Atraso na fala ou perda das palavras já adquiridas;
  • Uso repetitivo da linguagem (ecolalia) e dificuldade para iniciar ou manter trocas sociais, sorrisos;
  • Apego excessivo a rotinas e interesses restritos;
  • Movimentos repetitivos (estereotipias), como balançar o corpo, bater as mãos ou girar objetos;
  • Interesse intenso em temas ou atividades específicas (hiperfoco);
  • Seletividade alimentar, com recusa de certos alimentos ou preferência por determinadas texturas e marcas;
  • Alterações sensoriais, como hipersensibilidade a sons, luzes, texturas e cheiros;
  • Pouca busca por conforto nos cuidadores quando está triste ou assustada.

Para o diagnóstico, não é necessário que todos esses sinais estejam presentes, e eles podem variar em intensidade e apresentação entre indivíduos. Somente profissionais de saúde especializados podem diagnosticar o TEA e indicar as intervenções para cada caso. É essencial que tanto o diagnóstico como a intervenção sejam pautados em práticas baseadas em evidências científicas.

Será que meu filho(a) tem autismo?

Como vimos, o autismo é um espectro e se manifesta de várias formas. Ou seja, cada indivíduo apresenta características singulares. Por isso, o diagnóstico nem sempre é rápido, podendo exigir acompanhamento especializado por meses. Por exemplo:

  • Aos 2 meses: é esperado que o bebê sorria para as pessoas.
  • Aos 6 meses: que reconheça rostos familiares e demonstre prazer ao brincar e interagir.
  • Aos 9 meses: que use o apontar e outros gestos sociais.
  • Com 12 meses: que responda a pedidos verbais simples.
  • Com 18 meses: que já tenha vocabulário de cerca de 10 palavras.

Crianças com desenvolvimento atípico podem apresentar diferenças. Entre 6 e 12 meses, podem manter pouco ou nenhum contato visual e preferir observar objetos a pessoas. Entre 12 e 18 meses, podem não sorrir ou sorrir muito pouco para familiares. A partir dos 18 meses, podem apresentar comportamentos repetitivos, focos incomuns e pouco interesse em brincar com pares.

Esse é apenas um breve resumo de alguns marcos do desenvolvimento, que devem ser acompanhados pela família não só para identificar o TEA, mas também outros quadros do neurodesenvolvimento. 

Em caso de suspeita, é fundamental conversar com o pediatra sobre os sinais percebidos em casa, para que a criança seja encaminhada a uma equipe multidisciplinar para avaliação e acompanhamento precoce, caso seja identificado risco para o autismo.

Quanto antes os sinais forem identificados, maiores as chances de promover intervenções eficazes e favorecer o desenvolvimento infantil.

Diagnóstico precoce e tratamento para TEA

O diagnóstico precoce é um dos pilares do cuidado em crianças com sinais de autismo. A avaliação geralmente envolve uma equipe multidisciplinar, incluindo pediatras, neuropediatras, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.

Essa avaliação ajuda a entender melhor como a criança se comunica, brinca e se relaciona, permitindo planejar estratégias de apoio que estimulem a comunicação, a socialização e também ajudem a lidar com comportamentos que podem trazer dificuldades no dia a dia. O cuidado não acontece só nas terapias: ele também envolve adaptações na rotina. Ajustes no ambiente familiar, escolar e social são fundamentais para favorecer o desenvolvimento da criança em todos os contextos. Ambientes estruturados e previsíveis, inclusão escolar com apoio e atividades adaptadas são medidas que promovem a inclusão, a autonomia e a qualidade de vida da criança.

Diagnóstico de autismo em adultos

Com as mudanças nos critérios diagnósticos, também tem havido um aumento no número de diagnósticos de TEA em adultos, já que os sistemas classificatórios passaram a ampliar o espectro autista e a excluir categorias diagnósticas anteriormente utilizadas. Outro fator que contribui para o diagnóstico tardio é a tendência das pessoas com autismo de “mascarar” seus comportamentos e imitar padrões socialmente aceitos, apesar do custo emocional desse processo.

O diagnóstico de autismo em adultos é fundamental para melhorar a qualidade de vida do indivíduo e nortear seus passos futuros. Ele possibilita compreender dificuldades de interação social, comunicação e comportamento que antes não tinham explicação. Além disso, permite o acesso ao suporte psicológico, adaptações no ambiente de trabalho, orientações familiares e participação em grupos de apoio. 

Conscientização e respeito à diversidade

Compreender o que é o autismo e reconhecer seus sinais precoces é essencial, assim como fortalecer a conscientização e a aceitação social da neurodiversidade. A disseminação de informações corretas ajuda a combater estigmas e contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva, com políticas públicas que garantam a ampliação da participação social e o respeito aos direitos das pessoas com TEA e de suas famílias.

Leia aqui: Autismo: Leis e Direitos 

Referências:

Autismo e Realidade. O que é o autismo? Disponível em: https://autismoerealidade.org.br/o-que-e-o-autismo/ Acesso: 18 de agosto de 2025.

Hospital Israelita Albert Einstein. Transtorno do espectro autista (TEA). Disponível em: https://www.einstein.br/n/glossario-de-saude/transtorno-do-espectro-autista-tea Acesso: 18 de agosto de 2025.

Instituto PENSI. Tudo o que você precisa saber sobre os sinais do autismo. Disponível em: https://institutopensi.org.br/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-os-sinais-do-autismo/ Acesso: 18 de agosto de 2025

Ministério da Saúde. TEA: saiba o que é o Transtorno do Espectro Autista e como o SUS tem dado assistência a pacientes e familiares. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/abril/tea-saiba-o-que-e-o-transtorno-do-espectro-autista-e-como-o-sus-tem-dado-assistencia-a-pacientes-e-familiares#:~:text=O%20TEA%20%C3%A9%20um%20dist%C3%BArbio,qualidade%20de%20vida%20das%20crian%C3%A7as Acesso: 18 de agosto de 2025.

 

 

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