Estereotipias no TEA: o que são e por que ocorrem?

30/09/2025Destaques, TEA no Dia a Dia0 Comentários

Estereotipias no TEA: o que são e por que ocorrem?

O que são estereotipias? Por que elas são comuns em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)? Como devemos agir em relação a elas? Para compreender melhor esse universo, reunimos a seguir informações confiáveis, acompanhadas de dicas práticas para o dia a dia.

As estereotipias são movimentos ou comportamentos repetitivos, frequentemente associados à autorregulação sensorial, ao equilíbrio emocional ou à expressão de estados internos. Trata-se de uma das possíveis manifestações do TEA, conforme descrito no DSM-5, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria.

Estereotipias e TEA

As estereotipias, também chamadas em inglês de stimming ou stims, não são exclusivas de pessoas com TEA. Além de movimentos corporais, podem incluir padrões verbais repetitivos e o manuseio constante de determinados objetos.

Entre os movimentos repetitivos comuns mais percebidos estão:

• Balançar o tronco para frente e para trás
• Agitar ou esfregar as mãos
• Andar na ponta dos pés
• Fazer movimentos repetitivos com as pernas
• Abrir e fechar a boca
• Pular
• Bater os pés
• Girar
• Bater palmas

Com o tempo, algumas pessoas com TEA sentem que esses comportamentos podem ser vistos como socialmente inadequados. Nesses casos, podem buscar camuflá-los por meio de atitudes mais discretas, como rabiscar folhas, apertar repetidamente um botão de caneta ou manipular pequenos objetos.

Como cada pessoa com TEA é única, as estereotipias também se apresentam de formas diferentes. O tipo, o ritmo e a duração variam, podendo ocorrer em segundos ou se estender por horas.

Por que as estereotipias acontecem?

Quando alguém no espectro autista vivencia uma intensa carga emocional, sensorial ou social, é comum que essa energia precise ser expressa de alguma forma. Os movimentos repetitivos podem atuar como uma válvula de escape para restabelecer o equilíbrio diante das demandas do ambiente.

As estereotipias contribuem para a regulação sensorial, aumentam o foco, aliviam a ansiedade e permitem a expressão de emoções. Elas podem surgir tanto em momentos de prazer quanto em situações de desconforto, e ajudam a lidar com sobrecarga ou privação sensorial, no controle da dor, na organização interna e na autorregulação emocional.

Apesar de serem comportamentos naturais, as estereotipias podem gerar estranhamento social e até bullying. Além disso, quando muito frequentes ou intensas, podem reduzir a atenção ao ambiente e interferir em oportunidades de aprendizagem e contato social.

Reprimir as estereotipias não é o caminho

De toda forma, não é adequada a ideia de que seja necessário controlar ou eliminar as estereotipias quando elas não trazem riscos para a pessoa com autismo ou para quem está ao redor. A pressão externa para que esses comportamentos sejam reprimidos pode levar ao mascaramento social, processo em que a pessoa tenta esconder ou modificar seus comportamentos para se adequar às expectativas alheias e se sentir aceita.

Esse processo pode ocorrer de forma consciente, quando há intenção de se ajustar, ou de maneira inconsciente, quando os padrões sociais são internalizados ao longo do tempo. Em ambos os casos, os efeitos podem ser prejudiciais, gerando sobrecarga emocional, impactos na saúde mental e redução da qualidade de vida.

Estereotipias e cuidados necessários

Apesar de fazerem parte da autorregulação, é importante observar comportamentos repetitivos que envolvam riscos, como automutilação ou agressividade. Nessas situações, é indispensável buscar acompanhamento médico e psicológico.

Cada indivíduo é único, e a abordagem deve ser personalizada. Identificar gatilhos, compreender mudanças de padrão e observar sinais de risco são passos fundamentais para o bem-estar e a segurança.

A importância do acolhimento

Mais do que compreender as estereotipias, é essencial promover um ambiente de acolhimento. Apoio emocional, respeito às diferenças e inclusão social são fatores determinantes para a qualidade de vida das pessoas com TEA.

Evitar a estigmatização e valorizar a diversidade humana contribui não apenas para o bem-estar individual, mas também para a construção de uma sociedade mais justa, empática e inclusiva.

Referências:

Autismo em dia. O que é estereotipia e porque é tão comum no TEA. Disponível em: https://blog.autismoemdia.com.br/blog/o-que-e-estereotipia-e-porque-e-tao-comum-no-tea/ Acesso:  1º de outubro de 2025.

National Library of Medicine. Clinical Approach to Motor Stereotypies in Autistic Children. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC3446025/ Acesso:  1º de outubro de 2025.

National Autistic Society. Repeated movements and behaviour. Disponível em: https://www.autism.org.uk/advice-and-guidance/topics/about-autism/repeated-movements-and-behaviour-stimming Acesso: 03 de outubro de 2025.

 

 

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