Capacitismo: entenda o que é e por que é preciso combatê-lo

30/09/2025Destaques, TEA no Dia a Dia0 Comentários

Capacitismo: entenda o que é e por que é preciso combatê-lo

Você já conhece o termo capacitismo? 

Trata-se de uma das formas mais comuns de discriminação contra pessoas com deficiência, ao supor que alguém é incapaz de realizar algo por estar em situação de deficiência, ignorando que as verdadeiras limitações estão, na maioria das vezes, nas barreiras sociais e atitudinais. 

Esse tipo de discriminação pode se manifestar na comunicação, em práticas cotidianas e no tratamento dispensado ao indivíduo. Algumas expressões rotineiras refletem o capacitismo, como: “Mais perdida que cego em tiroteio”, “Não temos braço para isso” ou “Fulano é meio autista”. É provável que você já tenha ouvido algumas dessas frases. 

Enquanto para algumas pessoas isso pode parecer apenas uma brincadeira ou hábito de linguagem, a realidade é que, no Brasil, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI, Lei nº 13.146/2015) define que discriminar ou negar acessibilidade e inclusão é crime. A legislação protege os direitos das pessoas com deficiência e busca garantir igualdade de oportunidades. O capacitismo, portanto, vai muito além do vocabulário: envolve atitudes, omissões e estruturas sociais que precisam ser transformadas.

Capacitismo

O termo capacitismo vem do inglês ableism, que combina able (“capaz”) com o sufixo -ism (indicando tendência ou ideologia, geralmente com sentido pejorativo). Ele se manifesta a partir da comparação com o corpo e mente considerados padrão. Quanto mais distante uma pessoa desse padrão, maior a exposição a formas de opressão. 

Pessoas que não se comunicam por meio da fala, por exemplo, estão entre as que mais sofrem violência no Brasil. O uso de expressões capacitistas ou a subestimação da capacidade de alguém com deficiência não são as únicas formas de capacitismo. A recusa em oferecer atendimento prioritário ou recursos de acessibilidade também configura capacitismo e causa impactos significativos na vida da pessoa com deficiência.

TEA e capacitismo

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) frequentemente enfrentam situações de capacitismo. Mesmo quando outras pessoas alegam que não houve intenção de ofender, o dano causado é real. Um exemplo comum é a suposição de que todas as pessoas com TEA são iguais. Essa visão não apenas desrespeita, como também ignora a diversidade dentro do espectro. Cada indivíduo apresenta necessidades únicas, o que torna essencial uma abordagem e tratamento personalizados. 

Frases aparentemente inofensivas como: “Tão bonita, nem parece que tem deficiência” ou “Ele me parece normal, não parece autista”, também são capacitistas, pois reforçam a ideia de que ser autista é algo negativo ou que deveria ser disfarçado. Muitas vezes, pessoas com menor nível de suporte, sentem-se pressionadas a camuflar suas características para se encaixar socialmente ou evitar constrangimentos. Esse mascaramento não é saudável, e pode gerar sofrimento mental, emocional, exaustão física e maior vulnerabilidade a agressões capacitistas. As dificuldades sensoriais e de comunicação das pessoas com autismo muitas vezes são ignoradas. Exigir que se adaptem a um mundo neurotípico sem suporte ou ajustes constitui uma forma de capacitismo que precisa ser combatida. 

No mercado de trabalho, por exemplo, adultos com TEA podem sofrer capacitismo ao atuar em ambientes e formatos que desconsideram suas necessidades. O capacitismo, assim como outras formas de discriminação, afeta pessoas de todas as idades e contextos, impactando não apenas quem está no espectro, mas também suas famílias, amigos e círculos próximos.

Capacitismo na escola

O capacitismo na educação pode se manifestar já na negativa de matrícula de um estudante com deficiência. Na sala de aula, uma criança com TEA pode enfrentar dificuldades em ambientes que não oferecem adaptações e isso também configura capacitismo. A mesma lógica se aplica quando um professor pressupõe que determinado aluno, independentemente da idade ou perfil de desenvolvimento, não conseguirá acompanhar o conteúdo, subestimando suas habilidades e seu potencial. 

A escola precisa ser um espaço que reconheça e respeite o ritmo, os interesses e as formas de aprendizagem de cada estudante, promovendo a inclusão de maneira ativa. A instituição deve valorizar e ampliar experiências de convivência com as diferenças, reconhecendo na diversidade um elemento essencial para o aprendizado, a participação social e o desenvolvimento cidadão, e não como um obstáculo a ser contornado. 

É necessário construir uma sociedade em que a inclusão seja realidade, em que cada pessoa possa ser quem é, sem medo de julgamentos, com respeito e direitos garantidos. Para enfrentar o capacitismo, é fundamental falar abertamente sobre o tema, reforçar que a discriminação é crime e lembrar que todos, independentemente da condição, têm direitos que devem ser respeitados e defendidos.

Referências:

Diversa.Org. Capacitismo: o que é e como a escola deve enfrentá-lo. Disponível em: https://diversa.org.br/noticias/capacitismo-o-que-e-e-como-a-escola-deve-enfrenta-lo/ Acesso: 26 de setembro de 2025. 

Gov.Br. Capacitismo: o que é, como combater e por que é tão importante falar sobre o tema. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2024/janeiro/capacitismo-o-que-e-como-combater-e-por-que-e-tao-importante-falar-sobre-o-tema Acesso: 26 de setembro de 2025.

Ministério do Esporte. Brasil. Capacitista em desconstrução: para incluir, é preciso excluir o que te ensinaram como “padrão”. Disponível em: https://www.gov.br/esporte/pt-br/composicao/orgaos-especificos/esporte/paradesporto/GuiaCapacitismo2.pdf Acesso: 03 de outubro de 2025.

 

 

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