Símbolos do Autismo: suporte e acesso a direitos

28/03/2025TEA no Dia a Dia0 Comentários

Símbolos do Autismo: suporte e acesso a direitos

A conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem crescido significativamente nos últimos anos, e os símbolos associados ao autismo desempenham um importante papel nesse processo. Para pais, familiares e pessoas com TEA, compreender esses símbolos é fundamental para promover inclusão e respeito, além de receberem o suporte necessário nos mais diversos espaços, como mercados, aeroportos, unidades de saúde, órgãos públicos, shoppings, entre outros.

O símbolo mais amplamente reconhecido do autismo continua sendo a peça de quebra-cabeça. Introduzida pela primeira vez em 1963 pela National Autistic Society, foi criada representando a complexidade e o mistério do autismo. Com o tempo, organizações como a Autism Speaks adotaram como logo e símbolo do autismo uma peça de quebra-cabeça azul, porém cada vez mais os autistas e organizações auto defensoras têm criticado este símbolo e estão propondo novas alternativas.  

Símbolos do autismo na legislação brasileira

A adoção de símbolos oficiais para o autismo está presente na legislação brasileira. Um exemplo é a Lei Estadual nº 9.349/2021, do Pará, que tornou obrigatória a utilização do símbolo mundial do autismo em órgãos públicos, visando promover a inclusão e o respeito às pessoas com TEA. Além disso, projetos de lei em âmbito nacional propõem o uso do símbolo do laço com peças de quebra-cabeça para indicar prioridade de embarque em aeroportos, reforçando a necessidade de atenção especial a essas pessoas.

Os cordões de identificação para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) com o símbolo de quebra-cabeça são uma forma popular de comunicação visual para identificar e sensibilizar o público sobre a condição. O PL 3.124/2023 propõe a regulamentação do cordão com símbolo do quebra-cabeça como oficial para identificação das pessoas com TEA, garantindo que seja reconhecido e aceito como identificação em serviços públicos e privados. O PL foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 10/03/2025 e será agora avaliado no Senado Federal.

Uma Mudança nas Cores e no Símbolo

Nos últimos anos, contudo, um movimento para a adoção de imagens mais inclusivas e fortalecedoras relacionadas ao autismo vem se estabelecendo. O símbolo do infinito, frequentemente representado em um gradiente dourado ou em um espectro de cores, tem ganhado força como uma alternativa. Esse símbolo reflete a diversidade do espectro autista e abraça o paradigma da neurodiversidade — uma perspectiva que compreende o autismo como uma variação natural da cognição humana e evita estereótipos e estigmas.

A cor também desempenhou um papel significativo nas campanhas de conscientização do autismo. O azul, historicamente associado ao autismo por campanhas como “Light It Up Blue” da Autism Speaks, atualmente vem sendo questionado por reforçar um estereótipo do sexo masculino e trazer menor atenção para a identificação em meninas e mulheres. Como alternativa, muitos na comunidade autista têm defendido o uso do vermelho, dourado ou do símbolo do infinito colorido como alternativas mais representativas. Assim, o símbolo do infinito dourado constitui uma escolha da comunidade que representaria a diversidade, a potencialidade e o valor das pessoas com autismo para a sociedade, sendo também associado ao elemento ouro – Au na tabela periódica.

A substituição do uso do símbolo da peça de quebra-cabeça foi ainda fundamentada por uma pesquisa publicada no periódico científico Autism em 2018, onde foi constatado que a imagem evocava associações negativas como imperfeição e incompletude na população geral. A partir dessa publicação, o periódico alterou a imagem de sua capa, antes uma peça de quebra-cabeça, convidando a comunidade autista a participar da proposta do novo design.

Uso dos símbolos para disseminação de informação

O uso de símbolos em materiais educativos, campanhas de conscientização e eventos comunitários contribui para a disseminação de informações sobre o autismo, assim como para a construção da representação na sociedade. Pais e familiares podem participar ativamente dessas iniciativas, compartilhando experiências e conhecimentos, fortalecendo a rede de apoio às pessoas com TEA.

Apoio em diferentes espaços de socialização

Incorporar os símbolos do autismo no cotidiano também pode ser uma forma de demonstrar solidariedade e apoio. Utilizar acessórios, roupas ou adesivos com o símbolo do infinito multicolorido, por exemplo, pode ajudar a sensibilizar a sociedade e incentivar conversas sobre o tema, promovendo maior compreensão e aceitação das pessoas com TEA.

O que pais e pessoas com TEA precisam saber sobre os símbolos do autismo para o dia a dia e acesso a direitos?

Os símbolos do autismo desempenham um papel importante no acesso a direitos e serviços. Em locais como supermercados, bancos, aeroportos e órgãos públicos, para citar alguns, a presença do símbolo indica prioridade de atendimento para pessoas com TEA, facilitando sua experiência e reduzindo situações de estresse. Pais e cuidadores devem estar atentos a essas identificações para garantir que os direitos sejam respeitados.

Além disso, portar documentos que comprovem a condição, como a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA), pode ser útil para reforçar o acesso a benefícios garantidos por lei. Incentivar o uso de símbolos em adesivos, pulseiras ou bottons também pode ajudar na identificação em espaços onde a necessidade de apoio não é tão evidente.

Olhando para o futuro

A evolução dos símbolos do autismo reflete mudanças sociais mais amplas na compreensão e aceitação da neurodiversidade. O desafio permanece em promover símbolos que sejam inclusivos, empoderadores e que respeitem a perspectiva da comunidade autista em toda sua diversidade. A crescente preferência pelo símbolo do infinito colorido ou dourado sinaliza um futuro onde o autismo não é considerado um quebra-cabeça a ser resolvido, mas compreendido como uma forma valorosa e diversa de existência e participação social.

Referências Bibliográficas:

 

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