A importância de vacinar contra o sarampo
Teoria falsa que liga vacinação ao TEA põe em risco a saúde das crianças
Novas epidemias, algumas de doenças antes totalmente erradicadas no Brasil graças às vacinas, agora ressurgem, como é o caso do sarampo. Dados preliminares mostram que os casos de sarampo no mundo tiveram aumento de 300% no primeiro trimestre de 2019, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além do Brasil, outros 12 países apresentaram surtos da doença neste ano, que chegou ao número mais alto em 13 anos.
O sarampo estava bem controlado em décadas passadas, mas nos últimos anos o número de pessoas vacinadas começou a cair. A cobertura global da vacina não passava de 85%, quando o ideal seria 95%. Desta forma, a quantidade de pessoas vulneráveis ao vírus cresceu, abrindo as portas para os surtos que vemos hoje em dia. A preocupação com o sarampo é maior pela facilidade de transmissão da doença – até 5 dias antes de começar a sentir os sintomas a pessoa contaminada já pode passar o vírus, que se espalha pelo ar.
Mais de 20 pesquisas científicas desmentem a conexão da tríplice viral com TEA
Um dos principais motivos por trás da queda da vacinação é o movimento antivacina, que as apontam como causadoras de doenças e transtornos, tais como o autismo. Conforme a equipe do Autismo e Realidade explica em outro texto, a teoria de que a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) seria a causa do TEA se baseia num artigo publicado em 1998. Vale lembrar que o cientista responsável, Andrew Wakefield, perdeu a sua licença médica por acusações de fraude e conflito de interesse, já que ele teria patenteado uma nova vacina de sarampo antes de divulgar sua pesquisa criticando a tríplice viral.
Nas últimas décadas, mais de 20 estudos científicos diferentes foram feitos para testar a relação das vacinas com autismo. Nenhum deles comprovou que a vacinação aumenta as chances das crianças desenvolverem o TEA. A maior pesquisa já realizada acompanhou mais de 650 mil pessoas entre 1999 e 2010, na Dinamarca, e reforçou que a tríplice viral não aumenta o risco de autismo, não desencadeia o autismo em crianças suscetíveis e não está associada ao agrupamento de casos de autismo após a vacinação.
Ministério da Saúde criou serviço para combater fake news
No Brasil, os casos começaram a crescer em 2017, na esteira do surto de sarampo na Venezuela. Como a cobertura vacinal dos brasileiros também estava em queda, a doença rapidamente atingiu 10.302 pessoas em 11 estados, e nos fez perder o certificado de erradicação do vírus dado pela ONU. Este ano, o surto está concentrado no estado de São Paulo, com 1.220 casos até 14 de agosto, com a maioria registrada na capital. Mas o Rio de Janeiro e o Pará já registraram casos e apenas a vacinação é capaz de segurar o avanço da doença. Os principais afetados têm sido crianças menores de 1 ano e jovens entre 15 e 29 anos, e mesmo os adultos devem tomar uma dose de reforço para ajudar a combater a propagação do sarampo.
Para evitar as notícias falsas que circulam em aplicativos de mensagens e redes sociais, o Ministério da Saúde criou um número de WhatsApp para dúvidas e denúncias de fake news, que podem ser enviadas gratuitamente. O número (61) 99289-4640 checa a veracidade da informação e, com isso, o cidadão pode confirmar se a informação é verdadeira ou não antes de compartilhá-la. Portanto nós pais, profissionais de saúde e cidadãos temos o dever e a responsabilidade de garantir às nossas crianças uma vida saudável, isenta de qualquer doença que possa ser totalmente prevenida por vacinas.
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Dra Márcia de Freitas
Neonatologista
Membro da câmara técnica de pediatria do Conselho Regional de Medicina de São Paulo
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