O luto autista
O impacto do diagnóstico traz uma tristeza pela criança que sonhamos
Quando recebi o diagnóstico de autismo da Manu, logo conheci o termo “luto autista”, Sinceramente, eu achei o termo muito pesado e me neguei a chamar de “luto” o que eu estava passando. Com o tempo, compreendi o verdadeiro significado desse termo: uma mãe de autista dizer que está com a sensação de luto não significa que ela considera ter perdido um filho. O luto autista está relacionado a sonhos!
Toda mãe, quando engravida, cria uma série de expectativas e desejos sobre o futuro da criança. Será que ela vai ser uma bailarina, baterista, médica, advogada? E ele será um cantor de rock, vai andar de skate ou jogar bola? Quando recebemos o diagnóstico é como se perdêssemos aquela criança “perfeita” que idealizamos. Afinal, como minha princesa será uma bailarina se ela não consegue ouvir uma música alta? Como será baterista ou médica se não possui uma boa coordenação motora? Como meu filho será um cantor se não fala, ou jogador de futebol se não suporta colocar o pé na grama?
O período de luto passa no momento em que compreendemos que, na realidade, nada mudou e os nossos filhos são perfeitos do jeitinho deles. E que, com esforço e dedicação, nossos filhos serão os melhores profissionais nas áreas que escolherem atuar.
Por isso, ao escutarem uma família dizendo que estão de luto após o diagnóstico, não julgue. Não crie pensamentos maldosos, achando que a família está renegando a criança. A mãe e o pai simplesmente estão em um período de dor, lidando com os sonhos que foram desfeitos. É natural passar por esta fase e, com o tempo, a família vai se reorganizar e, às vezes sem perceber, já começa a criar novos sonhos ou a adaptar os sonhos antigos.
Vamos apontar menos os dedos e estender mais as mãos, porque juntas somos mais fortes!
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Daiana de Souza Camilo
Mãe da Manu, de 4 anos, faz cursos de Intervenções Precoces no Autismo e de Terapia ABA. Daiana e o marido Dione Ribeiro Camilo são autores do perfil no Instagram @mundo_da_manu_tea
Exato, vamos apontar menos os dedos e estender mais as mãos! Ter a Manu na família não representa dificuldades…é um privilégio!