Os riscos que cercam as crianças autistas

16/05/2019TEA no Dia a Dia0 Comentários

Pais com filhos portadores de TEA se preocupam principalmente com fugas e acidentes.

Uma das doenças que mais preocupa o pediatra é o espectro autista que parece aumentar no mundo, com estimativas de afetar quase 70 milhões de pessoas. Curiosamente, os pais de crianças com Transtornos do Espectro Autista (TEA) relatam que, muitas vezes, os filhos se colocam em perigo por vaguear ou “fugir”. E pela primeira vez, um estudo determinou a frequência desses episódios nos pequenos com TEA e do impacto sobre eles e suas famílias.

O estudo Occurrence and Family Impact of Elopement in Children with Autism Spectrum Disorders, da revista Pediatrics, foi financiado por organizações de defesa ao autismo e liderado e conduzido pela Rede Autismo Interativo do Instituto Kennedy Krieger nos EUA. Pesquisadores entrevistaram 1.367 famílias com crianças entre as idades de 4 e 17 anos com diagnóstico de TEA. Quase metade (49%) das famílias relatou que o filho tinha tentado fugir pelo menos uma vez depois dos 4 anos de idade, e muitas crianças desapareceram tempo suficiente para causar preocupação. Em mais de um terço dos casos, inclusive, foi necessário o envolvimento da polícia.

 

Metade dos pais não recebeu orientação de como lidar com a fuga do filho autista.

A severidade maior do autismo foi associada ao risco aumentado de fuga. Crianças fugiram, mais comumente, de casa, de uma loja ou da sala de aula. Quase metade dos pais afirmou que a situação foi provocada pela intenção de ir a algum lugar conhecido, pois os filhos estavam confusos ou perdidos. Dos pais cujos filhos tinham fugido, 43% disseram que a questão impedia os membros da família dormir com tranquilidade e 62% que as preocupações não permitiram que eles desfrutassem de atividades fora de casa. Para 56%, a fuga era um dos comportamentos mais estressantes que tiveram que lidar como cuidadores de uma criança com TEA, e metade dos entrevistados não recebeu nenhuma orientação sobre como prevenir ou lidar com esse comportamento.
 
Até que mais pesquisas possam ser realizadas para o desenvolvimento de intervenções que resolvam a fuga, os autores do estudo esperam que os resultados possam informar as famílias, médicos, educadores, policiais e socorristas sobre importância da capacitação adequada para lidar com crianças e adolescentes autistas.
 
Para entender melhor sobre como lidar com comportamento desafiadores, veja a nossa cartilha (link). E se você precisa de ajuda profissional especializada, consulte a nossa lista de Instituições de Apoio em todo Brasil.

Dr. José Luiz Egydio Setúbal

Dr. José Luiz Egydio Setúbal

Médico

Médico e presidente da Fundação José Luiz Egydio Setúbal que é um fundo patrimonial familiar dedicado à causa da saúde infanto-juvenil no Brasil.

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