Combatendo fake news no autismo

11/06/2019Fake News7 Comentários

Um olhar crítico é fundamental para separar a história falsa do fato científico

No mundo atual é difícil saber onde está a verdade. Existe uma enormidade de informações de todos os assuntos e muitas delas são as chamadas fakes news. Em se tratando de saúde, em especial no caso de crianças com condições como o autismo, o potencial nocivo das notícias falsas é extremamente preocupante, pela possibilidade real de sequelas e riscos de morte.

Mesmo com todas as descobertas no campo do TEA, ainda temos poucas informações sobre a causa real do distúrbio, o papel da genética e do ambiente, e não existe um tratamento definitivo que atenda todos os pacientes. O cotidiano de cuidados pode ser desgastante, e tudo isso torna as famílias dos autistas muito vulneráveis a notícias que trazem esperanças, mesmo sem nenhuma base ou comprovação científica.

Nos solidarizamos das famílias, cuidadores e profissionais nos momentos difíceis, e é exatamente por isso que precisamos rechaçar as “curas milagrosas”, que volta e meia são divulgadas na imprensa e sobretudo nas redes sociais. A busca de informação é muito fácil nos dias de hoje, então vamos relembrar duas regras de ouro para filtrar as histórias duvidosas.

  1. Se você ler uma notícia ou uma postagem em rede social ou na imprensa, verifique qual é a fonte. É um veículo ou pessoa com credibilidade neste assunto?
  2. Veja se esta história é baseada em informações científicas atualizadas e não somente em opinião própria ou em empirismos. Qual é a pesquisa que sustenta isso? Foi publicada numa revista científica?

Sites de entidades de pesquisa, universidades e órgãos reguladores são fontes confiáveis

Além de exercitar um olhar crítico para as informações que recebemos, também é importante selecionarmos melhor onde buscamos as informações. Em outro post apresentamos quatro organizações de TEA com renome internacional que fornecem materiais sobre autismo para pais e cuidadores. Seguindo esta linha, também são boas fontes de consulta o blog Saúde Infantil do Instituto PENSI, e o portal do Dr. Dráuzio Varella, que tem uma área inteira dedicada a averiguar a veracidade de notícias de saúde.

Também vale buscar informações em sites de universidades, como a USP, entidades governamentais (o nosso Ministério da Saúde e o Centro para Controle de Doenças dos EUA, por exemplo) e órgãos regulatórios, como a Organização Pan Americana de Saúde, que é vinculada à Organização Mundial de Saúde.

Por último, para acompanhar novidades nos tratamentos de autismo, vale a consulta a entidades de pesquisa científica. A Autism Science Foundation, a International Society for Autism Research e o Johnson Center for Child Health and Development são algumas das entidades de alta credibilidade no segmento.

Enfim, seja crítico antes de acreditar e sobretudo antes de passar informações para frente.

Dr. José Luiz Egydio Setúbal

Dr. José Luiz Egydio Setúbal

Médico

Médico e presidente da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, fundo patrimonial familiar dedicado à causa da saúde infanto-juvenil no Brasil.

7 Comentários

  1. Muito obrigado – Sou licenciado da faculdade de Psicologia e Pedagogia da faculdade de Lovaina (Bélgica) trabalhando já vinte anos na Bahia com alunos e adolescentes com limitações.

    Recusamos o termo “Deficiente” mas utilizamos o termo internacional “Disability” traduzido na maioria das línguas como “Limitação”.

    Devemos combater o charlatanismo e milagrismo mesmo que seja de origem religioso. Sou também padre católico e lamento muito estas falsas curas milagrosas, como este nocivo MMS que fez tantos estragos.

    Parabéns com este artigo.Estou também publicando bastante sobre o autismo e outras limitações.

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  2. Meu neto está com 1 ano e 10 meses e apresenta sintomas de autismo , está fazendo terapia com fonoaudióloga.Mas os médicos não o atendem . Só a partir de 3. anos ,porque ? O que fazer?

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  3. Meu neto foi disgnosticado com autismo.
    Como faço pra fazer tratamento pelo SUS pois os profissionais particulares são muito caros.
    Atenciosamente
    Ivanisse

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    • Oi, Ivanisse, as pessoas com autismo leve podem fazer o tratamento nas UBS (os postos de saúde), com equipes de Estratégia de Saúde da Família (médicos de família, enfermeiros, dentistas. Mas a referência em cuidado para o TEA é mesmo o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), por ser composto por equipes multidisciplinares capazes de cuidar de autistas de todas as idades. A nossa página Instituições de Apoio tem a lista dos CAPS: http://autismoerealidade.org.br/convivendo-com-o-tea/instituicoes-de-apoio/

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  4. Preciso de ajuda. Fui diagnosticado, na infância, como autista mas não tenho nenhum laudo que comprove. Sempre rejeitei esta hipótese mas agora, aos 40 anos, resolvi procurar entender melhor. Quem pode me ajudar? (Digo especialistas na área) Moro em Três Lagoas MS. Alguém próximo?

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