Rosie King: Por que ser normal quando se pode ser incrível?
Diagnosticada com Asperger, ela sonha com um mundo mais acolhedor para quem não se encaixa nos padrões sociais
Pode soar como elogio dizer que alguém é normal? Para Rosie King, nem um pouco. Elogio é ser sensacional, incrível ou fantástico, assim como ela. Rosie ficou conhecida no Reino Unido depois de ter se auto-diagnosticado com Síndrome de Asperger, quando tinha apenas 9 anos. A jovem ativista sempre sonhou em tornar o mundo um lugar mais acolhedor para pessoas que jamais conseguiriam ou simplesmente não se preocupam em se encaixar no padrão das pessoas típicas.
Rosie considera muito importante que cada um consiga descobrir o que tem de único em si mesmo e valorizar o que é único nos outros, algo que ela aprendeu na vivência em família. Seus dois irmãos mais novos são não-verbais: Lenny está no nível severo do Transtorno do Espectro Autista (TEA), enquanto Daisy foi diagnosticada com a rara Síndrome de Kabuki.
Para Rosie King, o fundamental é celebrar os talentos de cada um
“Gostaria que cada pessoa neste mundo soubesse que é importante ser você mesmo. Venho de uma família em que todo mundo é diferente. Nós poderíamos ser uma família triste, mas somos sempre encorajados a sermos orgulhosos de quem somos e a celebrar nossos talentos. Se o mundo todo fosse como minha família, seria um mundo com muito mais alegria”, comenta a jovem.
Em seu TED Talk “How autism freed me to be myself” (em tradução livre, Como o autismo me libertou para ser eu mesma), a jovem explica que a sua intensa capacidade imaginativa é uma habilidade que ela só tem por ser autista. “Existe o mundo real, que todos nós compartilhamos, e o mundo da minha mente, frequentemente muito mais interessante que o mundo real. É muito fácil para mim me distrair porque eu não tento caber em uma caixinha e este é um dos melhores aspectos de ser autista. Não tenho a menor necessidade disso”.
Além de palestrante, a jovem é roteirista do desenho animado Pablo, sobre um menino autista
Sua imaginação prodigiosa sempre foi muito valorizada em casa, mas gerou dificuldades quando chegou à escola. Rosie lidava não só com a distração pelo excesso de imaginação, mas também com as reações que seus pensamentos provocavam. “Quando algo empolgante acontece no meu mundo interno, eu preciso correr e, às vezes, gritar”, explica. O problema é que ninguém queria fazer amizade com a menina que grita no meio da aula. “Por mim, tudo bem. Isso me ajuda a separar o joio do trigo e encontrar pessoas genuínas e verdadeiras dispostas a serem amigas”, explica Rosie.
Se tentasse se encaixar nos padrões e ser como as pessoas típicas, Rosie jamais teria ilustrado o livro infantil de sua mãe, que chamou a atenção para seu talento e criou a oportunidade de apresentar o premiado documentário “Meu Autismo e Eu”, da BBC, ganhador de um Emmy. Também não teria palestrado em transmissão ao vivo para 150 países e se tornado, aos 16 anos, uma referência em discussões sobre autismo. Hoje aos 21, além de palestrante, ela estuda escrita criativa e faz parte das equipes de roteiro e de dublagem do desenho animado Pablo, sobre um menino autista de 5 anos que desenha amigos animais imaginários.
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