Conceitos básicos para entender o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

3/12/2020TEA no Dia a Dia0 Comentários

Entenda o que é autismo, o que são comorbidades, como é feito o diagnóstico e o acompanhamento

Transtorno do Espectro Autista (TEA) é o termo médico atual usado para se referir ao que se chama popularmente apenas de autismo. O primeiro manual a se referir ao transtorno como TEA foi o DSM-5, em 2013.

Usado como referência quando o assunto é saúde mental, o DMS descreve categorias de transtornos mentais, com seus respectivos critérios diagnóstico. A sigla vem do inglês e significa Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais. Suas classificações são feitas com base em estudos da Associação Americana de Psiquiatria.

Em 2018, a nova classificação também foi adotada pelo CID-11. CID é a sigla para Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. O documento é mais abrangente que o DSM, por detalhar definições de doenças e transtornos de todas as áreas da saúde, servindo assim como referência para médicos de todo o planeta.

Autistas costumam ter déficit na comunicação e padrões restritos e repetitivos de comportamento

De acordo com o DSM-5, pessoas no espectro podem apresentar desde o início da infância:

– Déficit na comunicação social ou interação social – como nas linguagens verbal ou não verbal e na reciprocidade socioemocional;

– Padrões restritos e repetitivos de comportamento – como estereotipias, movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais.

Todos os pacientes com autismo partilham destas dificuldades, mas cada um deles será afetado em intensidades diferentes, resultando em situações bem particulares. Por isso, é adotado o conceito de “espectro autista”.

Não existe medicação para o TEA, mas há para os transtornos associados, as chamadas comorbidades

O TEA pode vir associado a algum outro transtorno. Chamamos isso de comorbidade. A presença de condições associadas pode alterar as necessidades de tratamento da pessoa com autismo e até dificultar o diagnóstico em alguns casos.

É importante ressaltar que não há medicação para os sintomas do TEA em si, e sim para os sintomas associados ou para as comorbidades (veja sobre o uso de Risperidona aqui). Alguns deles são TDAH, distúrbios de sono, ansiedade, depressão e agressividade.

TEA atinge 1 a cada 54 pessoas, com 1 menina diagnosticada a cada 4 meninos

O TEA atinge 1 a cada 54 pessoas e uma proporção de 4 meninos para cada 1 menina, segundo documento publicado pelo CDC (sigla do Centro de Controle de Doenças, órgão médico do governo dos EUA) em 2020).

O exato motivo dessa diferença de incidência entre os sexos ainda é desconhecida, mas especula-se que possa ser por um modo de manifestação diferente do transtorno em mulheres, o que ainda é pouco estudado.

A causa exata desse transtorno ainda é incerta. Entretanto, sabe-se que não é definido por uma causa única e que há uma associação forte com fatores genéticos, chegando à conclusão que a causa é uma junção de fatores genéticos e ambientais. A associação com fatores genéticos é exemplificada por diversas pesquisas envolvendo irmãos gêmeos.

Nenhum exame é capaz de confirmar o diagnóstico de TEA, que depende de avaliação clínica multidisciplinar

O diagnóstico do TEA é clínico, ou seja, não há nenhum exame laboratorial ou de imagem que seja capaz de comprová-lo. Apenas a avaliação de profissionais qualificados fará esse diagnóstico. Há questionários que podem auxiliar nessa avaliação, como o M-CHAT. É importante ressaltar que o diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, composta, por exemplo, por médicos, psicólogos, enfermeiros, e fonoaudiólogos.

O acompanhamento também deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, englobando ainda terapeuta ocupacional, educador físico, fisioterapeuta, por exemplo, de acordo com o quadro de cada autista. Há algumas linhas de tratamento como ABA e TEACHH, mas o mais importante é que o acompanhamento comece precocemente para que haja um melhor prognóstico. Isto quer dizer que o quanto antes a pessoa começar o tratamento, maiores são as possibilidades de avanço no desenvolvimento. Por isso, médicos e pesquisadores em todo o mundo trabalham para incentivar o diagnóstico até os 2 anos de idade e orientam pais a acompanhar de perto os marcos do desenvolvimento infantil em busca sinais atípicos.

Por fim, é sempre importante ressaltar que a difusão da informação sobre o TEA é essencial para diminuir o estigma em relação às pessoas com autismo.

Deixamos aqui nosso agradecimento a todas as instituições que, assim como nós do Autismo e Realidade, colaboram para a disseminação do conhecimento sobre o assunto, pois a conscientização, além de contribuir para facilitar o acesso ao tratamento, colabora para minimizar a estigmatização e a discriminação que as pessoas com autismo sofrem.

 

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