Livros e séries de TV sobre autismo para curtir nas férias

30/12/2020TEA no Dia a Dia0 Comentários

Lista para quem quer saber mais sobre autismo inclui personagens, autores e obras que abordam o TEA

A época de férias chegou e já que isolamento social ainda é recomendado por conta da pandemia, séries, livros e podcasts são nossos aliados para passar o tempo em casa descansando ou mesmo aprendendo – e muito! Fizemos uma lista para quem quer saber mais sobre autismo e conhecer personagens, autores e obras que abordam o transtorno.

Reality Amor no Espectro e show da humorista Hannah Gadsby foram lançados este ano na Netflix

A série Amor no Espectro, que estreou em julho, é um reality show que aborda prazeres e desconfortos da vida amorosa de pessoas com autismo. A equipe de produção acompanha os participantes solteiros desde a preparação para o encontro, que pode incluir uma conversa com uma especialista em relacionamento, até as impressões finais sobre o possível pretendente. Além dos que estão em busca de companhia, a equipe acompanha também a rotina de dois casais autistas, com relações marcadas por muita cumplicidade e compreensão. A série tem cinco episódios de cerca de 40 minutos de duração.

A humorista australiana Hannah Gadsby lançou em maio seu segundo show, Douglas, em que revela que é autista. Hannah conta de forma divertida que demorou a cogitar a hipótese porque não se encaixava no estereótipo do transtorno – como o de garotos que adoram matemática. A busca veio após diferentes fãs, de forma recorrente, apontarem a possibilidade em conversas após seus shows.

Show é construído a partir de uma maneira de pensar relacionada ao autismo

Ao longo do show, Hannah reflete sobre algumas de suas características e narra episódios da infância e da vida adulta que passaram a fazer mais sentido depois do diagnóstico. Uma cena é a – hoje hilária – tentativa de compreender uma pergunta da professora na escola. Em outra, fala com um completo estranho sobre um diagnóstico ginecológico durante um passeio no parque com seu cachorro, Douglas, que dá nome ao show.

Toda a apresentação é construída a partir de uma maneira de pensar relacionada ao autismo, com intenção de estabelecer uma conexão do público com uma voz que raramente ocupa um espaço de protagonismo. “Espero que possam entender que pessoas no espectro podem falar por elas mesmas”, disse a humorista ao falar sobre o show.

Autores autistas apresentam suas perspectivas sobre o transtorno, como o best-seller Naoki Higashida

Um dos autores autistas mais bem sucedidos no mundo da literatura é o japonês Naoki Higashida. Aos 13 anos, Naoki lançou “O Que Me Faz Pular” que já foi publicado em mais de 30 países. Na obra, ele conta como é ser um autista não-verbal e descreve como se sente ao dar vazão a suas estereotipias – daí o nome do livro. “Quando estou pulando, é como se meus sentimentos estivessem subindo para o céu”, diz o escritor. A versão digital do livro pode ser encontrada no site da editora. A versão física está esgotada e pode ser encontrada a mais de R$ 100 em sebos virtuais.

Ao longo de sua carreira, Naoki escreveu mais de 20 livros, entre obras de poesia, ficção e não ficção, e acumula uma coleção de prêmios literários. Sua segunda obra é “Fall Down 7 Times Get Up 8” (Cair 7 vezes e levantar 8, em tradução livre). O livro, publicado em 2019 fora do Japão, ainda não tem tradução para o português. A versão em inglês pode ser encontrada na Amazon.

No Brasil, a desenhista Rafa Antunes, que tem autismo leve, criou o livro “Quer que eu desenhe?” em apenas dez dias, relatando episódios de sua vida. Publicado pela editora Fontenelle, o livro está disponível no site da editora. A mistura brasileira de autismo e humor vem com Rodrigo Tramonte e o personagem Zé Azul no e-book “Humor Azul: O Lado Engraçado do Autismo”, disponível na plataforma Kindle Unlimited.

Produzido e apresentado por autistas, podcast Introvertendo discute o cotidiano sob o olhar autista

Sexualidade, relacionamentos, participação política, vida universitária, maternidade, racismo. Produzido e apresentado por autistas, o Introvertendo não deixa escapar as principais questões que se impõem sobre o cotidiano contemporâneo. O “podcast onde autistas conversam” empreende, desde 2018, esforços para desconstruir mitos e tabus sobre o TEA e apresentar a diversidade intrínseca a um transtorno definido como espectro.

“O que a gente entende é que precisa discutir o autismo de forma coletiva, ampla, com diferentes setores da sociedade com protagonismo de pessoas autistas, e de uma forma geral conseguir ter esse diálogo a partir do cotidiano”, diz Tiago Abreu, produtor e apresentador do podcast. Para se aprofundar nesta e outras discussões, é possível acompanhar o Introvertendo no Google Podcasts, Apple Podcasts, Spotify, Deezer e Castbox. As conversas geram identificação com o público autista e, aos neurotípicos, abrem a possibilidade de compreender a si mesmos também enquanto “outros” – um exercício tão raro quanto necessário.

Livros infantis e escritos por pais e mães de autistas ajudam a compreender melhor o distúrbio

Entre os livros escritos por pais de autistas, destacamos “A Escova de Dentes Azul”, do apresentador Marcos Mion, inspirado em um curioso pedido de Natal de seu filho Romeo e a aclamada HQ mexicana Fala, Maria: um Romance Gráfico Sobre o Autismo.

Na obra, Bernardo Fernández (Bef) aborda a rotina ao lado da ex-esposa, Rebeca, aprendendo a conviver com a filha, Maria – um relato sobre paternidade, amor e esperança. Uma outra HQ sobre autismo é “A Diferença Invisível”, um dos livros favoritos de Pedro Melim, um adolescente autista que ganhou destaque em 2020 ao falar de inclusão na TV aberta. A obra conta a história da jovem Marguerite, que aos 27 anos decide entender porque se sente tão deslocada no convívio social e descobre que tem autismo leve. O livro é baseado na vida da roteirista, Julie Dachez, autora em parceria com a ilustradora Mademoiselle Caroline. Publicada em 2017 pela Editora Nemo, a obra pode ser encontrada nas principais livrarias do país.

Protagonistas autistas adolescentes encaram grandes aventuras e solucionam mistérios

Adolescentes autistas são os protagonistas nos infantojuvenis “Passarinha”, em que uma menina tenta ajudar o pai a superar a perda do irmão, e “O Estranho Caso do Cachorro Morto”, em que um menino se torna mais independente de sua relação com o pai para investigar como assassinaram o cão da vizinha.

Há também a aventura “Como procurar um cachorro perdido”, de Ann M. Martin, em que Rosa Howard uma menina autista de 12 anos obcecada por regras tenta esclarecer o misterioso desaparecimento de sua cachorra Poça, que sumiu durante uma tempestade.

Desenho animado e livros para crianças divertem e ensinam detalhes sobre o TEA

Para os menores, o desenho animado Pablo traz um protagonista autista que, ao se deparar com desafios no dia a dia recorre à ajuda de amigos imaginários que são animais autistas. Uma segunda temporada estreou no Nat Geo Kids em maio, e a primeira está disponível na Netflix.

Na literatura infantil o livro “Meu amigo faz iii” (http://loja.lagartavirapupa.com.br/) conta a história de Bia, que conhece na escola Nil, um colega com comportamentos diferentes. A obra é da jornalista Andrea Werner, mãe de um menino autista. Em “O Menino Só”, a autora Andrea Viviana Taubman aborda de forma poética o mundo de crianças com autismo.

Retratar o autismo em séries, filmes e livros ajuda a reduzir a estigmatização e ampliar a inclusão social

Obras que abordam o autismo e, especialmente, que trazem autistas entre seus protagonistas são importantes para combater a estigmatização. Pessoas com autismo e seus familiares lidam com julgamentos constantes, por atitudes, palavras ou olhares porque autistas não correspondem ao que é esperado no convívio social. Pesquisas já apontaram que programas de TV são mais eficientes que palestras para gerar empatia e aumentar o interesse por autistas e pelo transtorno. Quanto mais conhecimento sobre o TEA, maior a chance de inclusão social dos autistas.

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