A importância da intervenção precoce no TEA

15/10/2021TEA no Dia a Dia0 Comentários

Pesquisa reforça a necessidade de oferecer estímulos o mais cedo possível para crianças autistas

Com frequência reforçamos neste blog a importância da intervenção precoce em autistas. Quanto mais cedo acontece, melhores são os resultados na vida futura. Uma pesquisa realizada na Austrália e publicada em setembro de 2021 na JAMA, revista da American Medical Association, deixa ainda mais clara a importância da antecipação dos estímulos no desenvolvimento infantil.

Os detalhes da pesquisa foram publicados no artigo que podemos traduzir como “Efeito da intervenção preventiva nos resultados de desenvolvimento entre bebês que apresentam sinais precoces de autismo: um ensaio clínico randomizado de resultados para o diagnóstico”.

A pesquisa parte do pressuposto de que a intervenção em autistas geralmente começa após o diagnóstico. O trabalho avaliou os resultados de uma intervenção precoce, antes mesmo do diagnóstico, em bebês que apresentam sinais de autismo. 

Bebês foram divididos em dois grupos, um deles recebeu intervenção preventiva e o outro, não

Os bebês analisados foram separados em dois grupos formados aleatoriamente, por sorteio. Um grupo recebeu uma intervenção preventiva e os cuidados usuais, O outro recebeu apenas cuidados usuais por um período de 5 meses.

O grupo de intervenção preventiva recebeu uma intervenção de comunicação social de 10 sessões, mais uma interação de vídeo para promover uma paternidade positiva. Os cuidados habituais consistiam em serviços prestados por médicos comunitários.

Os bebês foram avaliados no início do estudo, com idade aproximada de 12 meses, e depois aos 18 meses, aos 2 anos e aos 3 anos. Para quantificar os resultados, foram usadas a Escala de Observação do Autismo para Crianças e o Cronograma de Observação do Diagnóstico do Autismo. Também foram adotados um diagnóstico clínico cego independente de TEA aos 3 anos e análises baseadas nos marcos de desenvolvimento infantil.

Marcos do desenvolvimento infantil ajudam a detectar atrasos e direcionar a busca por diagnóstico

Já falamos em nosso blog sobre esses marcos do desenvolvimento infantil. Por exemplo, é esperado que um bebê de 2 meses apresente sorriso social, que um de 6 meses comece a se sentar sozinho, que um de 9 meses brinque de “esconde-achou”, e que um de 12 meses acene para outras pessoas. É comum que crianças autistas tenham o seu desenvolvimento neuropsicomotor atrasado.

Já falamos também em nosso blog sobre o como diagnóstico de autismo (http://autismoerealidade.org.br/2019/07/31/qual-especialista-diagnostica-o-autismo/) é clinico, ou seja, não há exames de sangue ou de imagens para diagnosticar o transtorno, apenas avaliações de profissionais qualificados, com ajuda de escalas apropriadas, como o M-CHAT. O diagnóstico é multiprofissional, feito em conjunto de especialistas como neuropediatras e psicólogos, mas ao final precisa ser oficializado por um laudo médico.

Grupo de bebês que recebeu intervenção precoce teve redução na gravidade dos sinais de autismo

Os resultados da pesquisa publicada na revista JAMA que estamos discutindo aqui demonstraram que a intervenção preventiva para TEA a partir dos 9 meses entre uma amostra de bebês que apresentam sinais precoces de autismo diminuiu a gravidade dos sintomas de TEA durante a primeira infância e reduziu as chances de um diagnóstico de autismo aos 3 anos de idade.

Foram registradas também melhorias na responsividade do cuidador (compreensão e cuidado na interação) e no desenvolvimento de linguagem do grupo que recebeu a intervenção precoce, em comparação com o que não recebeu.

Assim, mais uma vez, tivemos uma comprovação de o quanto a intervenção precoce é importante para um melhor desenvolvimento do autista. Quanto maior e mais cedo for a estimulação dessa criança, melhor será seu desenvolvimento no futuro.

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