Autismo, TDAH e o risco de mortalidade

18/03/2022TEA no Dia a Dia0 Comentários

Pesquisa demonstra relação entre os transtornos e a queda na expectativa de vida

Estudos sobre pessoas com transtornos mentais indicam um risco maior de mortalidade em relaçao à população em geral. Pesquisas semelhantes de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) produziram resultados inconsistentes.

Em uma revisão sistemática e meta-análise publicada no JAMA Pediatrics, referência na área de pediarrtia, pesquisadores examinaram 27 estudos que incluíam pacientes com TEA e TDAH.

Os estudos abrangeram mortes por causas naturais (como doenças respiratórias ou câncer) e causas não naturais (como acidente, lesão ou envenenamento).

Estudo indica que a mortalidade de pessoas com TDAH aumentou mais do que a da população geral

A mortalidade por todas as causas é significativamente maior para pessoas com TEA ou TDAH do que para a população em geral, com base em dados de mais de 600 mil indivíduos.

Entre os autistas, as mortes por causas naturais e não naturais aumentaram consideravelmente. Entre as pessoas com TDAH, as mortes por causas naturais não aumentaram tanto, mas as mortes por causas não naturais, sim.

A explicação para o excesso de mortalidade entre indivíduos com TEA e TDAH inclui fatores de saúde e biológicos. Porém, “a natureza complexa das associações torna o estabelecimento da causalidade um desafio”, escreveram os pesquisadores em sua discussão sobre os resultados.

Transtornos mentais e comportamentais graves estão ligadas à queda na expectativa de vida

Em geral, “transtornos mentais e comportamentais graves parecem estar associados à redução da expectativa de vida, tanto em termos de mortalidade por causas externas quanto de mortalidade por outras condições médicas ou doenças”.

No que diz respeito ao TEA/TDAH em particular, essas pessoas, muitas vezes, experimentam problemas emocionais e sociais quando entram na idade adulta.

“Comportamentos como impulsividade e/ou desatenção podem ser fatores que contribuem para lesões e incidentes não intencionais em crianças com TEA/TDAH”, informa a análise.

Autistas e pessoas com TDAH morrem mais de causas evitáveis e é preciso prevení-las

Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo foram limitados por vários fatores. Entre eles, estão a possível omissão e o uso de dados em nível de estudo, em vez de dados de participantes individuais, e também a limitação de registros eletrônicos de saúde.

Além disso, os estudos foram realizados principalmente em países ocidentais e os resultados podem não se encaixar ​​para outros países.

O estudo foi importante porque o TEA e o TDAH podem persistir na idade adulta, mas os dados de estudos epidemiológicos anteriores sobre o impacto desses distúrbios na mortalidade são inconsistentes, disse o principal autor em entrevista, o Dr. Catalá-López.

A mensagem clara de que indivíduos com TEA ou TDAH geralmente morrem de causas evitáveis ​​ou não naturais exige atenção e “amplo reconhecimento e a implementação de triagem sistemática e abordagens preventivas”.

Ou seja, seriam necessários mais estudos clínicos, particularmente para examinar a mortalidade por causa específica em populações de crianças e jovens com autismo/transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, incluindo algumas das comorbidades mais comuns.

Trabalho para prevenção de mortes evitáveis começa já na primeira infância

Os resultados do estudo sugerem que autista e pessoas com TDAH sejam vistos “através de uma lente de saúde pública com estratégias de triagem e prevenção oferecidas desde a primeira infância”.

Esses resultados também devem impulsionar os esforços para tentar reduzir os fatores de risco de primeira ordem que predispõem à redução da expectativa de vida, como obesidade, uso de substâncias, má alimentação, sono ruim e exercícios limitados.

Nós da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, mantenedora do projeto Autismo e Realidade, temos uma grande preocupação com o Autismo e com a TDAH, duas condições que têm aumentado muito neste início do século XXI.

Temos linhas de pesquisa para diagnóstico precoce em programas com o Ministério da Saúde (PRONAS) e para adaptação da metodologia ABA simplificada para diagnóstico e tratamento para ser usada na rede pública.

Dr. José Luiz Egydio Setúbal

Dr. José Luiz Egydio Setúbal

Médico

Médico e presidente da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, fundo patrimonial familiar dedicado à causa da saúde infanto-juvenil no Brasil.

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