Cinco iniciativas que abraçam o autismo

7/04/2022TEA no Dia a Dia0 Comentários

Conheça projetos que apostam na inclusão de autistas e suas famílias e respeitam as individualidades

A inclusão de autistas é uma luta constante para todos os que fazem parte da comunidade. Uma das principais dificuldades vem do fato de que o autismo é uma deficiência invisível. Como se trata de um distúrbio neurológico, sem sinais nítidos como a Síndrome de Down, por exemplo, é comum que autistas enfrentem resistência ao exercerem seus direitos, como à espera na fila preferencial.

No dia a dia, os distúrbios sensoriais são desafiadores. Ainda que haja olhares que relacionam acessibilidade e sensibilidade, a existência de autistas não é levada em conta no projeto de estabelecimentos como supermercados e shoppings centers. O excesso de estímulos visuais, olfativos e sonoros podem ser angustiantes para muitos autistas.

Mas há, sim, aconchego em meio a tanta hostilidade. Listamos cinco iniciativas que criam ambientes agradáveis e encorajadores para autistas e suas famílias.

Diversão e muito mais em salas de cinema preparadas para autistas

Uma das iniciativas é focada em diversão. A Sessão Azul (https://www.sessaoazul.com.br/) já foi adotada por diversos cinemas de todo o país. O projeto teve de ser suspenso durante a pandemia, mas com a ampliação da vacinação, voltou a se organizar.

Salas de cinema de todos o país oferecem ambientes adaptados aos autistas em sessões semanais de filmes infantis. O ambiente é adaptado para crianças autistas. As salas costumam ficar com as luzes acesas, o som tem volume mais baixo e a plateia está liberada pra andar, dançar, gritar e cantar. Os funcionários recebem treinamento específico para lidar com autistas e orientar seus pais ou responsáveis sobre como lidar com possíveis dificuldades de adaptação.

O projeto inclui as crianças no entretenimento e se propõe a ser um apoio a mais no acompanhamento terapêutico. “O objetivo principal é que as sessões de cinema funcionem como uma extensão ao trabalho terapêutico realizado com a criança e aumentem o engajamento dos pais no processo de tratamento”, diz a página do projeto, criado em 2015. Para acompanhar a programação, acesse o perfil da Sessão Azul no Instagram (https://www.sessaoazul.com.br/como-funciona).

Inclusão de autistas no mercado de trabalho amplia autonomia e independência financeira

Estima-se que cerca de 80% dos autistas estejam fora do mercado de trabalho. O desafio da inclusão e da empregabilidade passa por preparar a empresa e os colegas para receber e acompanhar o desenvolvimento do autista de acordo com suas potencialidades. Uma das empresas especializadas em fazer essa conexão é a Specialisterne, uma organização social criada em 2004, na Dinamarca, e que está presente no Brasil e em outros 22 países.

Os autistas passam por treinamentos nas áreas administrativa ou de tecnologia, de acordo com suas aptidões, por ao menos 5 meses. Ao longo do processo, a empresa reconhece em que área cada um pode se encaixar melhor. Quando uma vaga adequada é encontrada, o candidato passa por entrevista e atua por um ano na empresa, com acompanhamento psicológico. A empregabilidade não é garantida, mas a taxa da Specialisterne está acima de 90%. Saiba mais sobre a Specialisterne aqui.

Esportes impulsionam o desenvolvimento de crianças autistas

Atividades esportivas ajudam a desenvolver crianças com autismo. Entre projetos, está a formação de pequenos lutadores nas aulas oferecidas pelo medalhista olímpico Tiago Camilo, em sua academia em São Paulo.

O projeto conta com uma fonoaudióloga e analista do comportamento, que faz uma triagem e anamnese dos alunos para fazer o encaminhamento adequado ao professor. Na sequência, a criança faz dez aulas individuais e, então, uma reavaliação para conferir se é possível fazer aulas em grupo. Cada criança segue o seu próprio ritmo.

No Rio Grande do Sul, o campeão, pesquisador e professor de jiu-jitsu Eduardo Friedrich oferece aulas gratuitas para alunos autistas em sua academia. Eduardo atende também crianças com outras deficiências e forma monitores para lidarem com elas.
“O principal intuito do atendimento aos pequenos é servir de exemplo para outros atletas, para que também façam o mesmo, e para que o poder público faça com que essas crianças tenham atendimento priorizado e não necessitem esperar em filas. Que as autoridades, ou seja quem for, tenham empatia e facilitem o acesso à saúde e à educação dessas crianças, treinando monitores nas escolas, treinando melhor o povo para lidar com essas crianças.”

Coletivo atua no acolhimento de autistas no ambiente universitário

O primeiro coletivo autista de uma universidade brasileira foi criado em 2020 por Gian Martinovic – que também atende pelo nome de registro, Giulia, e por Gia.

O foco do coletivo é atuar na permanência dos estudantes no ambiente universitário, oferecendo apoio para lidar com os obstáculos do dia a dia. A iniciativa começou quando Gian ainda era estudante do primeiro ano de Letras na USP. Hoje, na mesma universidade, passou a cursar direito.

“Existe uma grande dificuldade para organizar os estudos, sobretudo com autistas que também são TDAH” conta. “Também é uma grande ansiedade sobre o futuro, para pensar no que fazer durante e após a graduação para garantir a entrada no meio acadêmico ou mercado de trabalho.” O coletivo apoiou a criação de muitos outros em universidades de todo o país. Para saber mais sobre a iniciativa, acesse o perfil do Coletivo Autista no Instagram.

Professor diagnosticado com quase 40 anos atua para apoiar quem não tem acesso ao diagnóstico

O professor da Unicamp Guilherme de Almeida, de 39 anos, descobriu no ano passado que é autista e decidiu criar um coletivo para apoiar pessoas que sofrem dificuldades de ter acesso ao diagnóstico do transtorno.

O CAUCamp (Coletivo Autista da Unicamp) encaminha quem precisa a especialistas, que oferecem consultas a valores acessíveis. “Nem sempre conseguimos oferecer custo zero, mas, nesses casos, buscamos encaminhamento a profissionais que atendam por valores sociais”, disse o professor à Folha de S. Paulo. Para acompanhar e saber mais sobre o trabalho do coletivo, acesse o perfil no Instagram.

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