Estratégias de coping para cuidadores e familiares

22/07/2022TEA no Dia a Dia0 Comentários

Preparo para lidar com situações de estresse fortalece pais, cuidadores e autistas

A palavra coping vem do inglês e significa enfrentar, adaptar-se, lidar com algo. Estratégias de coping, portanto, são meios usados por familiares e cuidadores para lidar com situações de estresse no cotidiano do autista e de quem o cerca.

Os autistas podem apresentar uma necessidade maior de cuidados, e seu nível de dependência aumenta de acordo com a gravidade da manifestação do transtorno. Os responsáveis se deparam com o desafio de ajustar suas expectativas – criadas desde a gestação – sobre quem será aquele bebê.

É preciso adaptar a rotina para atender aos horários, limitações sensoriais e necessidades específicas daquela criança que serão atentamente observadas após o diagnóstico.

Estudos apontam altas taxas de estresse e ansiedade entre cuidadores e familiares de autistas

Um estudo dos pesquisadores Bristol e Schopler, de 1983, analisou o estresse em familiares de autistas. Após diversas análises, constatou a presença de um maior nível de estresse em famílias com autistas em comparação às famílias com crianças típicas ou integrantes com Síndrome de Down.

O artigo sugere que o estresse pode ser influenciado por características específicas do autismo e não apenas por um comprometimento global do desenvolvimento.

Essas descobertas podem ser complementadas por um estudo realizado pelos pesquisadores Lecrubier, Boyer, Lépine e Weiller já em 2002. A pesquisa detectou altas taxas de depressão (68%) e ansiedade generalizada (28%) em cuidadores de crianças com autismo. Os sintomas emocionais estavam relacionados a intensas dificuldades sociais e presença de eventos estressantes no dia a dia.

Acompanhamento terapêutico individual é recomendado para mães e pais de autistas

Os especialistas que estudam coping afirmam que as seguintes estratégias constroem uma vivência mais favorável:

– Concentração na próxima etapa: se esforçar para não remoer as tristezas e, intencionalmente, se concentrar no próximo passo para conduzir a vida adiante. Por exemplo: após a formalização do diagnóstico de um filho(a) autista, é comum que os familiares sintam desânimo, angústia, desalento e até mesmo revolta.

Um bom próximo passo seria iniciar um acompanhamento psicoterápico individual para a construção de um espaço de escuta e fala sobre os próprios pensamentos e ações. Permanecer na passividade da tristeza não constrói a próxima etapa da vida;

Criar e manter rede de apoio é importante para que pais, mães e cuidadores possam se sentir amparados

– Aumento dos esforços para fazer as coisas funcionarem: Uma opção seria iniciar um curso ou buscar informação sobre abordagens e técnicas para lidar com as questões dos autistas, assim como colocar em prática os novos aprendizados;

– Priorizar pensamentos positivos e dar significado para os acontecimentos: isto é, refletir sobre o que significa ter um filho(a) autista ou qual a sua identidade enquanto mãe/pai/cuidador(a). Para melhorar a experiência, recomenda-se também estar aberto(a) a procurar uma rede de apoio entre os familiares e profissionais especializados.

Todas essas medidas fortalecem o sistema familiar, propiciando a melhor condução dos problemas cotidianos.

Yasmine Martins

Yasmine Martins

Psicóloga Clínica formada pelo Centro Universitário São Camilo, com especialização em Neuropsicologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), aprimoramento em Psicologia Hospitalar e mestrado em Ciências da Saúde Infantil no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo (IAMSPE). É doutoranda em Saúde Baseada em Evidências na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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