Planejamento de intervenções individualizadas em ABA

4/11/2022Tratamentos1 Comentário

Primeiro passo é definir os comportamentos que se pretende transformar no autista

O processo de planejamento de intervenção em autistas por meio de Análise do Comportamento Aplicada (ABA) começa com uma avaliação completa sobre o quadro do paciente.

Na sequência, vem a fase de seleção de comportamento alvo, que será a base da intervenção. Definidos os comportamentos que devem ser modificados, o clínico desenvolve objetivos que servirão de guia para o programa de ensino.

A intervenção em análise do comportamento aplicada tem o propósito de planejar ações detalhadas de ensino para aumentar ou diminuir comportamentos-alvos -atitudes que precisam de análise ou intervenção.

Habilidades cognitivas, capacidade de fixar o olhar ou de imitar movimentos podem ser estimuladas

Na prática, estão ligados a certas habilidades, como a de prontidão -relacionada ao comportamento alvo de contato visual, isto é, fixar o olhar em estímulos por um período ou seguir um estímulo com os olhos.

As habilidades cognitivas, por exemplo, estão relacionadas ao comportamento de contar memorizando, fazer correspondências e identificações.

Um outro exemplo seria a imitação por meio da cópia de movimentos de outras pessoas, com ou sem objetos, visto que é necessária a aprendizagem por observação em situações novas.

Com foco delimitado, define-se as ferramentas; cuidadores, pais e professores atuam na estimulação

As intervenções em ABA são delimitadas, ou seja, têm um objetivo específico, como ensinar matemática ou diminuir as birras. Portanto, a terapia tem foco em uma ou algumas poucas demandas do autista.

Ao planejar as sessões, é necessário analisar quais ferramentas são ideais para aquele indivíduo, como a utilização da comunicação por meio imagens, que favorece a comunicação social e reduz comportamentos típicos do autismo.

Outro ponto a se planejar são as horas de exposição à intervenção, que podem ser de 15 a 40 horas semanais, sendo que de segunda a sexta o paciente seria exposto a terapia de três a oito horas. A estimulação é realizada por um educador, o próprio psicólogo, os cuidadores, pais ou professores.

Diferentes linguagens e habilidades podem ser desenvolvidas com a intervenção em ABA

As sessões também podem ser planejadas a partir de um currículo de educação de habilidades básicas, que têm a função de auxiliar na administração do ensino simultâneo de várias capacidades. O currículo pode ser dividido em várias áreas: imitação, atenção, linguagem expressiva, habilidades pré-acadêmicas e linguagem receptiva.

A linguagem expressiva é a capacidade de se expressar, verbalmente ou não, após adquirir a capacidade de compreender conceitos e de adquirir unidades significativas de experiências, proporcionando a capacidade de comunicação.

Já a linguagem receptiva compreende o entendimento da entonação, da melodia da voz do outro durante a fala e do significado das palavras em seus diferentes contextos. Muito antes de começar a falar, a criança está habilitada a usar o olhar, a expressão facial e o gesto para comunicar-se com os outros.

Para cada comportamento, há um critério de aprendizagem, além de reforçadores

As habilidades de imitação são compostas por saber esperar, sentar e ter contato visual, portanto, cada comportamento desse é treinado por meio de reforçadores, ou seja, itens que estimulam a criança a repetir o que está sendo solicitado.

Para cada comportamento há um critério de aprendizagem. Para a habilidade de sentar-se, considera-se permanecer sentado(a) por trinta minutos, levantando-se, no máximo, cinco vezes e voltando a sentar-se imediatamente após o educador solicitar que sente. Para se atingir esse nível é necessário repetir o treino de sentar-se diariamente. Já a habilidade de sentar é adquirida quando o(a) paciente é capaz de esperar sentado(a) por dez minutos, levantando-se, no máximo, duas vezes nesse período todo.

Yasmine Martins

Yasmine Martins

Psicóloga Clínica formada pelo Centro Universitário São Camilo, com especialização em Neuropsicologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), aprimoramento em Psicologia Hospitalar e mestrado em Ciências da Saúde Infantil no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo (IAMSPE). É doutoranda em Saúde Baseada em Evidências na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

1 Comentário

  1. Conteúdo maravilhoso. Parabéns!

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