Em vigor desde 2013, DSM-5 facilitou a detecção do transtorno e acabou com o termo síndrome de Asperger, considerado atualmente como parte do espectro

A forma como a sociedade enxerga e lida com as pessoas que possuem transtornos mentais se transforma ao longo da história. No século 19, por exemplo, ainda não havia uma classificação detalhada desses transtornos e, portanto, não havia um tratamento específico para cada uma. Em geral, pessoas com transtornos mentais ficavam simplesmente isoladas em instituições onde eram contidas e apartadas do convívio social.

À medida que as pesquisas foram se desenvolvendo, as classificações de doenças mentais se sofisticaram e foi necessário sistematizá-las em um documento que servisse de parâmetro para toda a classe médica em diferentes países.

Na primeira metade do século 20 foi lançada, portanto, a primeira versão da principal referência médica no diagnóstico de transtornos mentais: o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Neste documento, lançado em 1952, o autismo não era nomeado como chamamos hoje. O transtorno era entendido como como “Reação Esquizofrênica do tipo infantil”.

Uma das principais transformações na visão sobre autismo foi a descoberta do conceito de espectro

Ao longo dos anos, as descobertas sobre o autismo foram alterando a forma como o DSM o classificava. Atualmente o documento está em sua quinta versão, lançada em 2013. Hoje, é tecnicamente chamado de TEA ou Transtorno do Espectro Autista. O uso do termo espectro (http://autismoerealidade.org.br/2023/01/13/por-que-o-autismo-e-um-espectro/) é também uma conquista histórica, graças aos esforços da psiquiatra britânica Lorna Wing, mãe de uma autista. O termo espectro refere-se à infinidade de manifestações do autismo.

Costuma-se dizer que se você conhece um autista, você conhece um autista, pois nenhum é igual ao outro.

O DSM-5, por exemplo, colocou em desuso o diagnóstico de síndrome de Asperger. Apesar do termo ser popular até hoje, dez anos após o lançamento do mais recente DSM, este diagnóstico já não existe mais.

As pessoas que até 2013 eram diagnosticadas como síndrome de Asperger são hoje apenas consideradas como parte do espectro autista. Em geral, o que antigamente se classificava como Asperger é o que se considera hoje como autismo de nível 1 (popularmente conhecido como autismo leve, embora o termo leve seja muito criticado por membros da comunidade autista).

Dos primeiros sinais à classificação médica: por dentro da nova cartilha do Autismo e Realidade

Todas as transformações do DSM desde sua primeira versão e as alterações no diagnóstico de autismo são contadas em detalhes pela nova cartilha lançada pelo Autismo e Realidade: “DSM-5 e o diagnóstico de TEA”.

Escrito pela assessora científica do Instituto PENSI, a neuropsicóloga Yasmine Martins, o texto é voltado a profissionais da área da saúde e acadêmicos, mas a leitura leve e descomplicada facilita o entendimento por mães, pais, cuidadores e qualquer outra pessoa interessada no tema. O material ajuda compreender ainda melhor o olhar médico sobre o transtorno e suas classificações e também a identificar os primeiros sinais do transtorno.

A cartilha está disponível gratuitamente em nosso site, basta acessar este link e fazer o download.

Este é o vigésimo lançamento do Autismo e Realidade quem toda uma página dedicada a cartilhas com orientações sobre o autismo (confira neste link). Entre os materiais estão as cartilhas:

• Higiene Bucal, uma HQ ilustrada pelo designer autista Lucas Quaresma. O material oferece apoio para as famílias que enfrentam desafios na hora de escovar os dentes (clique aqui para baixar);
• Guia para Leigos sobre o Transtorno do Espectro Autista, uma coletânea de textos do blog Autismo e Realidade com orientações para familiares, cuidadores de autistas e demais interessados (disponível neste link);
• Autismo: Uma Realidade, ilustrada pelo consagrado cartunista Ziraldo, o material traz dicas para identificar o transtornos, que atinge mais de 70 milhões de pessoas em todo o planeta (baixe aqui).