Volta às aulas: meu filho autista gripou, e agora?

10/03/2023TEA no Dia a Dia1 Comentário

É comum que crianças de até 2 anos manifestem com frequência sintomas respiratórios; acompanhamento médico é recomendado

O carnaval acabou e as aulas oficialmente voltaram em todos os lugares. Com isso, vemos um aumento muito grande das filas nos prontos-socorros infantis.

O que está acontecendo?

Com o retorno às aulas, voltamos ao contato intenso de crianças com crianças. E, assim, temos a escola como o principal lugar de transmissão de doenças, principalmente as virais. As mais comuns são os resfriados e as diarreias.

Formação do sistema imunológico de crianças não está completamente formado até os 2 anos

Vale destacar que, para as crianças menores de 2 anos, a chance de contrair uma doença ao entrar em contato com um vírus é muito maior do que a de uma criança maior.

O sistema de defesa do corpo de uma criança pequena ainda não é bem formado. Isso nos resulta em episódios frequentes de resfriado ao longo do ano.

Mas e agora? Temos como aumentar a imunidade das crianças?

Não, não existe um remédio para aumentar a imunidade. Pessoas mais saudáveis são pessoas com o sistema de defesa do corpo melhor. Assim, comer frutas e legumes, dormir bem e praticar atividade física (não ficar na frente da TV e brincar bastante, no caso) são a receita mais universal da imunidade.

Mudanças nos cuidados com a casa podem ajudar a evitar crises alérgicas

Em casos que acompanham sintomas de alergia respiratória, como a famosa rinite, podemos investir em limpeza ambiental.

Retirar tapetes e cortinas, lavar a roupa de cama toda semana, não entrar em contato com irritantes como o cigarro, entre outros, são fatores que ajudam a não piorar a parte respiratória da criança. É importante manter acompanhamento médico para verificar também a necessidade de introduzir medicações nesses casos.

Quando ir ao hospital?

Considerando que crianças pequenas que frequentam escola ficarão resfriadas muitas vezes ao ano (alguns meses, principalmente no outono, alguns pais desconfiam que seus filhos nunca ficam 100% saudáveis), temos que nos atentar a sinais de gravidade para pensar em quando levar a criança até o hospital. Estar em um ambiente de saúde como hospitais envolve estar exposto a diversas doenças, então precisamos evitar esses ambientes, caso não seja realmente necessário.

Desafio dos pais é encaixar cuidados médicos na rotina do autista

É importante passar por uma avaliação médica durante resfriados se a criança está mais cansada do que o normal ou se ela tem alguma comorbidade que agrave o quadro. Resfriados podem causar febre, mas não podemos manter a criança sem avaliação se ela estiver muito irritada ou com dor no peito, por exemplo.

É muito difícil levar meu filho autista no médico. E agora?

Se a criança não está bem ou está com sinais de alarme, ela precisa passar por avaliação de um médico.

Primeiramente, tente não romper bruscamente a rotina da criança. Se ela está acostumada a ir para a casa da avó de manhã, por exemplo, vá para a consulta quando sair da casa da avó, e não cancelando o evento que já faz parte da rotina da criança.

Vale a pena lembrar: crianças autistas têm prioridade de atendimento em pronto-socorro

Segundo, sempre explique o que está acontecendo para a criança. Se nós adultos já temos medo do desconhecido, quanto mais uma criança. Além disso, crianças com TEA costumam ter mais receio de situações fora do costume em comparação às pessoas fora do espectro.

Ao entrar no consultório, explique cada etapa do atendimento. Se até nós assustamos quando um médico vem nos examinar sem avisar nada, imagine como ficaria a criança com TEA. Seria um susto gigante, exposto na maioria das vezes com gritos desesperados. Podemos tentar evitar esse sofrimento.

Por último, tente não ir a locais cheios. Se tiver um médico que marque horário para atender a criança, priorize-o. O momento de aguardar na sala de espera, principalmente se tiver barulhos altos ou muitas pessoas, assusta a criança autista. Caso vá a um pronto-socorro comum, avise sobre o transtorno e entre na fila de prioridade.

Bárbara Bertaglia

Bárbara Bertaglia

Médica residente na pediatria da Santa Casa de São Paulo, pesquisadora na área de Transtorno do Espectro Autista e membro da equipe Autismo e Realidade desde 2019

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