Você sabe o que é misofonia? Ela é uma condição na qual a pessoa reage de forma intensa e negativa a sons que para a maioria das pessoas passam despercebidos, como a mastigação, respiração, tosse, batida de teclas, liquidificador, unhas arranhando algo, entre outros sons. 

Conviver com essa condição pode ser desafiador – também para pessoas próximas. Isso porque muitos desses sons fazem parte do dia a dia da vida em sociedade e nem sempre podem ser evitados. Ou seja, a misofonia pode afetar a qualidade de vida do indivíduo, impactando atividades rotineiras como estudo, trabalho, socialização. 

Além disso, para além dos incômodos trazidos pela condição, quem vive com misofonia tem que lidar com a falta de conhecimento e a incompreensão por parte das outras pessoas. Apesar do cenário, é importante saber que há caminhos para melhorar a rotina de quem apresenta esse quadro.

Também conhecida como Síndrome da Sensibilidade Seletiva ao Som (SSSS ou 4S), a misofonia foi escrita e reconhecida cientificamente nos idos dos anos 2000. 

A seguir, saiba mais sobre ela!

Misofonia e autismo

Apesar do fenômeno da misofonia ser ainda pouco compreendido, sabe-se que essa condição se relaciona com o autismo. De que forma? 

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem ter sensibilidade auditiva intensa e apresentar aversão a determinados barulhos. Elas costumam ter uma sensibilidade aumentada ao som, com uma percepção de que tais sons são mais altos do que realmente são.

A reação pode variar entre um indivíduo e outro, afinal, somos seres únicos. Mas, é comum que, ao contato com determinados ruídos, essas pessoas sintam irritação, raiva, ansiedade e até mesmo pânico, em casos mais graves. 

A misofonia também pode estar relacionada ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). 

Importante: quem recebeu o diagnóstico de autismo não necessariamente terá misofonia e nem todo mundo que tem misofonia está no espectro autista. 

Em comum, podem apresentar transtornos de Processamento Sensorial, que é quando o sistema nervoso encontra dificuldades para processar informações de algum ambiente e dos sentidos, provocando incômodo. 

Sinais e sintomas da Misofonia 

A seguir, sinais comuns de quem vive essa condição:

– Agitação ou irritabilidade quando expostos a determinados ruídos;

– Necessidade de sair do ambiente que apresenta sons que incomodam;

– Reação exagerada a sons tolerados pela maioria das pessoas;

– Isolamento social por não querer sair de casa e se expor a determinados barulhos;

– Fisicamente, são comuns dores de cabeça e no maxilar, aumento da velocidade dos batimentos cardíacos e outros relacionados à ansiedade e irritabilidade. 

O que causa a Misofonia?

Alguns estudos apontam que essa condição pode estar associada a uma hipersensibilidade no sistema auditivo e a conexões hiperativas no cérebro, gerando emoções consideradas exageradas e intensas, quando o indivíduo fica exposto a determinado som. O quadro pode aparecer já na infância e alguns estudos sugerem influência hereditária.

Vale reforçar que nem sempre o mesmo ruído gera o mesmo tipo de comportamento em quem vive com essa condição.  

A misofonia pode ter origem neurológica e ter relação com quadros de enxaqueca, por exemplo. Conexões também podem ser feitas, já na infância, atribuindo a alguns sons um significado negativo.

Diagnóstico e tratamento 

Para fechar o diagnóstico, é preciso uma entrevista médica detalhada e exames, como avaliação audiométrica e o Limiar de Desconforto a Sons (LDL).

O tratamento, por sua vez, passa pela Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), uma das mais recomendadas para pacientes com misofonia. Técnicas que ajudam a relaxar também são bem-vindas: yoga, meditação e terapia com sons que provocam sentimentos agradáveis entram na lista. 

Em alguns casos, medicamentos podem ser receitados. Por isso, caso sinta estes sintomas ou conheça alguém que apresente, procure ajuda médica e busque uma atenção multidisciplinar.

É possível ter qualidade de vida com a misofonia.

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