Juiz com autismo usa cordão de identificação no trabalho e fortalece debate sobre inclusão
Juiz com autismo usa cordão de identificação no trabalho e fortalece debate sobre inclusão
Um juiz com um cordão específico – de um lado girassóis e do outro peças de quebra-cabeça – tem chamado a atenção no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC). O acessório, que ajuda a identificar pessoas diagnosticadas com deficiências ocultas, como o autismo, está sendo usado pelo juiz substituto Alexandre Morais da Rosa e é um dos símbolos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em todo o mundo.
O magistrado, membro da 5ª Câmara do Direito Público, foi diagnosticado com autismo do nível 1 há cerca de 3 anos. Hoje, com quase 50 anos, ele fala abertamente sobre o tema, inclusive, em redes sociais (@alexandremoraisdarosa). No trabalho, ele utiliza o cordão de identificação no dia a dia, como forma de incentivar o diálogo sobre o autismo.
Descoberta do autismo
A companheira observou alguns traços da personalidade do esposo e o alertou. Após consultas com especialistas, o diagnóstico veio em junho de 2021, depois de 14 consultas e diversos testes com psiquiatras e psicólogos.
Com o resultado, ele conseguiu entender melhor sobre suas características. Passou a olhar o seu próprio funcionamento, bem como limitações e possibilidades, de outra forma.
Com o laudo em mãos, passou a ter um acompanhamento especializado. Em entrevista ao G1, da Globo, ele comenta que “aproveita melhor os recursos que dispõe, convivendo somente com quem preza e admira.”
Inclusão
Junto com o diagnóstico, veio o compromisso em abordar o tema para sensibilizar a sociedade: “A luta é para ampliação da rede de atendimento, associada com campanhas informativas e tolerância”, destaca ainda em entrevista ao G1.
O magistrado conta ainda que, pelas redes sociais, recebe muitas mensagens de pessoas com autismo, pais, amigos e familiares de pessoas com a mesma condição. “Tem sido bem legal auxiliar as pessoas nessa travessia”, garante.
Prevalência
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são cerca de 70 milhões de pessoas diagnosticadas com autismo no mundo, sendo 2 milhões só no Brasil. Já de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, uma em cada 36 crianças de 8 anos foram identificadas com TEA nos EUA no ano de 2020.
Vale lembrar que o uso do cordão de fita com desenhos de girassol como símbolo nacional de identificação de pessoas com deficiências ocultas – aquelas que podem não ser percebidas de imediato – foi oficializado em julho de 2023, por meio da lei 14.624.
Quer saber mais sobre o uso do cordão de girassol? Confira o nosso artigo “Cordão de girassol: entenda sua importância e o que diz a lei”.
Cada pessoa dentro do espectro é única! O meu filho foi diagnosticado com 4 anos, hoje tem 8 anos e autonomia. Adora música, estuda piano, faz aulas de capoeira, judô e adora conhecer outras pessoas!