TEA ao longo da vida: o que muda com o passar dos anos?

30/05/2025TEA no Dia a Dia0 Comentários

 

TEA ao longo da vida: o que muda com o passar dos anos?

O passar do tempo traz uma série de transformações na vida de cada um, e com pessoas dentro do Espectro Autista (TEA) não é diferente. Apesar de muitos associarem essa condição à infância, o fato é que o TEA acompanha o indivíduo por toda a vida. O espectro é diverso e há diferentes níveis e vivências que tornam cada pessoa com TEA única. Assim como qualquer pessoa, indivíduos neurodivergentes também passam por mudanças comuns à infância, adolescência e vida adulta. A transição entre as fases e a experiência em cada momento de vida vai depender, entre outros fatores, do nível de funcionalidade, do apoio familiar, profissional e da jornada individual. 

Cada fase da vida traz desafios e transformações que vão moldando nossa existência. Para quem tem TEA, pode ser um pouco mais desafiador e o quanto antes o diagnóstico chegar, melhor para que tratamentos e adaptações necessárias possam ser adotados, promovendo mais inclusão e qualidade de vida. A seguir, falamos um pouco sobre desafios e cuidados em cada fase da vida de uma pessoa com TEA.

TEA na infância (0 a 6 anos)

Há alguns casos em que sintomas do espectro autista já podem ser observados em bebês com menos de 12 meses de idade. No caso de suspeita, é recomendado procurar auxílio médico e uma avaliação multiprofissional, o quanto antes. 

Nessa fase inicial, os desafios envolvem muito os pais. É a hora da família buscar informações confiáveis e suporte, aprender a conhecer as características de seu filho, fazer adaptações domésticas e oferecer oportunidades para a criança perceber e explorar o mundo.

Entre os sinais do TEA mais comuns nessa fase da vida estão: 

  • Dificuldade em olhar para os outros e manter contato visual;
  • Dificuldade em responder ao próprio nome;
  • Dificuldade no gesto de apontar objetos;
  • Dificuldades referentes a aspectos da reciprocidade social;
  • Pouco interesse em compartilhar e interagir socialmente;
  • Preferência em brincar sozinho;
  • Atraso no desenvolvimento de fala e da linguagem; 
  • Isolamento social;
  • Sensibilidade sensorial;
  • Interesses restritos e padrões de repetição;
  • Apego à rotina.

Vale destacar que sintomas como dificuldades de interação, comunicação, manejo da imprevisibilidade e do excesso de estímulos podem acompanhar a pessoa com TEA desde a infância até a vida adulta — muitas vezes de forma mais consciente na fase adulta. Cada jornada de transformação e adaptação é única.

A infância é uma das fases mais importantes e o que acontece nela pode repercutir ao longo da vida. Por isso, cuidado, amor e acolhimento são fundamentais para essa criança sentir confiança no dia a dia e também no futuro. É muito importante nessa fase de incertezas e descobertas que os pais busquem recursos e estratégias de desenvolvimento adaptadas à idade e às características da criança. 

O cuidado direcionado pode contribuir para reduzir os sintomas e melhorar a funcionalidade do filho, a partir de condutas adequadas, de acordo com as necessidades da criança.

TEA na vida escolar

É chegada a hora de sair e conhecer novos mundos. A vida escolar é uma etapa marcante na vida, abrangendo a infância e a adolescência. Para quem tem TEA, essa nova fase também traz uma série de possibilidades de aprendizado e vivências. Ainda na infância, é muito importante que os pais procurem escolas comprometidas com a educação inclusiva e que tenham uma equipe e professores capacitados para gerar acessibilidade pedagógica, comunicacional e atitudinal com crianças neurodivergentes. Juntos, eles podem promover as melhores formas de ampliar o desenvolvimento e a aprendizagem dessa criança ou adolescente.

Com tanta novidade e diferentes estímulos na vida desse indivíduo, mais do que nunca será preciso planejar a transição escolar e a nova rotina, entendendo o que precisa ser feito para tornar essa experiência mais positiva, reduzindo sentimentos de ansiedade e estresse, garantindo a participação plena do aluno nas atividades escolares.

Aqui, com a proposta de maior interação e socialização, fora de casa, com novas pessoas, em diferentes espaços, a criança pode se sentir um peixe fora d’água ou até mesmo se ver em alguma situação desagradável pela falta de compreensão de colegas ou outras pessoas e também pela comparação. Os pais precisam manter um diálogo constante com a equipe escolar, acompanhando de perto e observando os sinais de como está sendo essa jornada, para buscar apoio caso seja preciso.

Além disso, devem estar atentos para que um apoio profissional seja acionado no caso de necessidade para melhor desenvolvimento motor, cognitivo ou de comunicação.

TEA na adolescência

A adolescência chega repleta de transformações, o que pode impactar também no dia a dia do jovem com TEA. Nessa fase, é possível que alguns sinais do TEA se tornem mais agudos, ou que novas questões apareçam, como reflexo desse novo tempo. Afinal, as mudanças biológicas e hormonais acontecem e podem tornar ainda mais confuso compreender o que está acontecendo consigo e ao redor. 

Além disso, pode ficar mais evidente a dificuldade de entender os sinais do ambiente, bem como piadas e metáforas. Mas, o diagnóstico não deve limitar a vida desse jovem que, assim como os demais, seguirá buscando compreender o seu lugar no mundo. Pais presentes, rede de apoio e suporte multiprofissional, com foco especial na saúde mental, são essenciais.

E quem sabe uma atividade física? O contato com algum hobby, como arte, esportes ou outras áreas de interesse pode ajudar a tornar a vida desse jovem mais estimulante e significativa.

O TEA se manifesta de formas muito diversas, com diferentes necessidades de apoio e graus de funcionalidade. Seja qual for o perfil de funcionamento, é importante incentivar o desenvolvimento da autonomia possível para cada jovem, desde atividades do dia a dia, como se vestir e cuidar da higiene pessoal, até a expressão de interesses e desejos. Com suporte adequado e respeito ao seu ritmo, esse processo pode favorecer uma transição para a vida adulta com mais autonomia, oportunidades de participação social e realização pessoal.

TEA na idade adulta

A vida adulta é moldada, neste primeiro momento, por escolhas e rotas que começaram a ser traçadas antes, a exemplo da escolha de uma carreira, o desenvolvimento de algum hobby ou do laço afetivo com algumas pessoas. Mesmo aqui, um suporte especializado pode ser necessário, por exemplo, para ajudar durante a faculdade ou curso profissionalizante, ou até mesmo para acessar o mercado de trabalho e aprimorar algumas habilidades. Hoje, o mercado de trabalho já está mais inclusivo, mas ainda há muito a ser feito para torná-lo mais acessível e acolhedor.

O fato é que existem advogados com TEA, artistas reconhecidos mundialmente, atores, atletas, médicos e empresários. Há pessoas com TEA ocupando uma série de espaços profissionais, gerando renda, produzindo e realizando. Mas, a vida adulta é por si só um momento de desafios e cobranças. Mais uma vez, é preciso estar atento à saúde física e mental. Pessoas com TEA podem ser mais suscetíveis a algumas questões, como depressão, por exemplo.

O fortalecimento da autonomia, iniciado na adolescência, precisa seguir na vida adulta, para uma vida mais funcional, produtiva e feliz. A vida adulta é marcada também pela velhice, fase cheia de peculiaridades que demandam atenção especial. É a continuação da vida, com dificuldades que podem se agravar. No caso de pessoas com TEA, é preciso ter atenção a problemas gastrointestinais, alterações sensoriais, déficit na atenção e quadros de ansiedade. O acompanhamento profissional de especialistas em saúde de pessoas idosas e com entendimento sobre o TEA pode ajudar muito. 

Resta a todos, já no decorrer das outras fases, estar em dia com consultas médicas e buscar caminhos para um dia a dia com mais qualidade. Mesmo diante de novos desafios, o cuidado contínuo e o apoio especializado tornam possível uma vida adulta plena e significativa para pessoas com TEA.

Referências:

  1. OBSERVATÓRIO DO AUTISTA. Primeiros sinais de Transtorno do Espectro do Autismo. Disponível em: https://observatoriodoautista.com.br/2022/03/14/primeiros-sinais-de-transtorno-do-espectro-do-autismo/
  2. AUTISMO E REALIDADE. Manifestações do autismo ao longo da vida. Disponível em: https://autismoerealidade.org.br/2019/03/15/uma-crianca-com-tea-sera-um-adulto-com-tea/
  3. LUSÍADAS SAÚDE. Manifestações do autismo ao longo da vida. Disponível em: https://www.lusiadas.pt/blog/doencas/sintomas-tratamentos/manifestacoes-autismo-ao-longo-vida
  4. AUTISMO E REALIDADE. Autismo e envelhecimento. Disponível em: https://autismoerealidade.org.br/2022/04/06/autismo-e-envelhecimento/

 

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