Filmes e séries para se divertir em família
Autismo inspira desenhos animados, ficções, biografias e documentários; veja indicações para as férias
Filmes, séries e desenhos animados que retratam a rotina de autistas e conscientizam sobre o espectro ajudam a diminuir o estigma sobre o transtorno e aumentam a inclusão social não só de autistas, mas também de seus familiares e amigos.
Fizemos uma lista para você aproveitar em família nestas férias.
Fitas aborda comunicação com pessoas não verbais; animação francesa fala de inclusão escolar
Os desafios da aceitação de uma criança autista na escola são retratados no curta-metragem francês Os Sapatos de Louis. Uma das características do autismo do protagonista, Louis, é a dificuldade que ele tem não só de amarrar os sapatos, mas de mantê-los nos pés. Ele usa modelos de tênis com fechos de velcro em vez de cadarços e sempre que pode, prefere ficar descalço.
O filme está disponível gratuitamente no YouTube. Para ver as legendas em português, clique em configurações > legendas > traduzir automaticamente > português
Já no desenho Fitas, a barreira da exclusão se quebra a partir de um passeio de canoa em que o menino Marcus precisa aprender a interagir com Renee, uma garota autista não verbal. O desconforto inicial de pela convivência com “a garota que não fala” se transforma em um momento de parceria e aprendizado. O filme está disponível no serviço de streaming da Disney.
O curta Float conta a história de um pai que aprende a aceitar o filho autista quando se dá conta de seu potencial. O menino não é como as outras crianças: ele sabe flutuar. O filme, criado pelo pai de um garoto autista, também está disponível no serviço de streaming da Disney.
Atypical mostra conquista de autonomia e Amor no Espectro é um reality sobre relacionamentos amorosos
Mesmo não sendo novidades, vale a pena ver e rever as séries Atypical e Amor no Espectro.
Lançada em 2017, Atypical contou ao longo de cinco temporadas a história de Sam Gardner, um jovem autista em busca de autonomia. Ao longo das temporadas, ele aprende a lidar com as possibilidades e frustrações de ter um emprego, uma vaga na faculdade, um apartamento, um romance e, em especial, de realizar (ou não) um grande sonho: conhecer a Antártida. A temporada final foi ao ar no ano passado.
Amor no Espectro é um reality show que mostra jovens autistas em busca de uma parceria romântica. A primeira temporada se passa na Austrália e traz, além de solteiros em busca de um amor, a histórias de dois casais formados por autistas. A segunda temporada tem como sede os Estados Unidos e, entre as diferentes histórias, traz a de Steve, um autista idoso que quer encontrar uma namorada.
Todas as temporadas, tanto de Atypical, quanto de Amor no Espectro, estão disponíveis na Netflix.
Everything is Gonna Be Ok e As We See It ampliam discussão sobre cripface e sexualidade
Um dos destaques deste ano é a série sul-coreana Uma Advogada Extraordinária, que traz uma autista adulta como protagonista: a brilhante advogada Woo Young Woo, vivida pela atriz Park Eun-bin, que não é autista. Disponível na Netflix, a série é mais um caso de cripface: quando uma pessoa não autista assume o papel de um personagem autista, o que também acontece em Atypical.
Nesse sentido, outras duas séries que retratam o autismo são tão importantes: por terem autistas no papel de autistas.
A primeira personagem com autismo vivida por uma atriz também autista em séries de TV é uma das protagonistas de Everything is Gonna Be Ok. Kayla Cromer vive Matilda, uma adolescente bissexual que se relaciona com uma outra autista que é assexuada – e também interpretada por uma atriz com autismo. A série conta a história de um irmão mais velho que se torna responsável pelas duas meias-irmãs após a morte do pai e as desventuras vividas pelos três.
A sexualidade autista também é abordada em As We See It, que narra a história de três adultos autistas que dividem um apartamento. Os diferentes perfis do trio ajudam a compreender que o autismo é um espectro, ou seja, se manifesta de maneira diferente em cada pessoa. Sempre vale lembrar a máxima: se você conhece um autista, você conhece apenas um autista. Além disso, a representação de adultos autistas combate o estereótipo de que o transtorno se restringe às crianças. Uma outra máxima repetida pela comunidade diz: uma criança autista se torna um adulto autista.
Vídeos criados por crianças e documentário sobre autistas com diagnóstico tardio fazem parte da lista
“Stimados Autistas” é um documentário gravado em plena pandemia de covid-19 que reúne relatos de autistas diagnosticados na idade adulta e que possuem nível 1 de suporte. O filme nos ajuda a compreender porque, apesar de serem chamados popularmente de autistas leves, por terem um maior grau de autonomia em relação aos outros, os autistas de nível 1 não têm uma vida fácil. Eles também precisam lidar com uma série de transtornos associados e com um dolorido processo de exclusão social. O filme está disponível no YouTube (“O mundo me fez acreditar que eu tinha um defeito”.).
Também no YouTube é possível assistir a delicada série de vídeos do programa De Criança para Criança (DCPC). em que pequenos dão seus relatos sobre autismo. Em um deles, um menino autista conta como lida com episódios de crise. Em outros vídeos, irmãos de autistas compartilham como se divertem – e também se irritam e se entristecem – no dia a dia em família. Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre como é ser um irmão de autista, a dica é ler a HQ sul-coreana Jun, que conta a história de um músico sob a perspectiva de sua irmã.
Histórias de um biólogo marinho argentino e de famílias brasileiras também inspiraram filmes
Lançado em 2016, Farol das Orcas conta de Tristán, um autista de 11 anos que dá sinais de emoções ao assistir um documentário sobre um biólogo marinho que brinca e nada com orcas na Patagônia. A esperança de que o contato com as baleias ajude no desenvolvimento de Tristán faz sua mãe viajar com o filho em busca do profissional. A história rendeu um livro, que inspirou o diretor do filme. Farol das Orcas está disponível na Netflix.
O documentário brasileiro Em um Mundo Interior mostra a rotina de sete famílias de autistas entre 3 e 18 anos de diferentes classes sociais e regiões do país. O filme aborda como cada família lida com expectativas e frustrações trazidas pelo transtorno, do acompanhamento e de seus resultados. Dirigida por Mariana Pamplona e Flavio Frederico, a obra está disponível para assinantes do Globoplay.
Histórias mostram trajetória de mãe de gêmeos com TEA e grupo de humor formado por autistas leves
Produzido para a televisão, o drama biográfico Uma Viagem Inesperada, de 2004, conta a história de Corrine, mãe de gêmeos autistas, e sua luta para inclusão dos filhos. Por conta do comportamento atípico dos garotos, Corrine é acusada de maus tratos e, ao revelar o diagnóstico, é sugerido que ela procure outra escola. A história mostra a luta de Corrine para, sozinha, manter os filhos na escola, conseguir acompanhamento especializado e desenvolver os filhos, estimulando e desenvolvendo suas singularidades.
Um dos irmãos é interpretado pelo hoje mundialmente famoso ator Zac Efron, estrela de High School Musical. É possível assistir à versão dublada do filme no YouTube.
O documentário Asperger’s Are Us, lançado em 2016, acompanha um grupo de comédia norte-americano formado por quatro autistas de nível 1 de suporte que se prepara para se apresentar pela última vez após seis anos juntos. O filme está disponível na Netflix. Mas o grupo não acabou. Após uma pausa, voltou a se reunir e estrelou um novo documentário: On Tour with Asperger’s Are Us, disponível na HBO.
Cinebiografia mostra uma das personalidades autistas mais reconhecidas do planeta
Temple Grandin é uma das personalidades autistas mais conhecidas em todo o mundo. Ela marcou a história ao revolucionar técnicas de manejo de animais em fazendas e abatedouros. O longa-metragem lançado em 2010, traz Claire Danes no papel de Grandin e conta a trajetória dela desde a infância, em uma época em que o autismo ainda era muito pouco conhecido. Grandin foi diagnosticada aos 4 anos, na década de 1950.
O filme mostra que a família reconhece as habilidades de Grandin e a incentiva a investir na vida acadêmica e ela se torna PhD em engenharia agropecuária e autora de livros que abordam o autismo a partir de sua experiência. A cinebiografia pode ser vista na plataforma de streaming do canal HBO.
Um outro filme que mostra a importância do apoio da família – e também de toda uma comunidade – para o desenvolvimento de um autista é o documentário Como o Titanic Virou Meu Bote Salva Vidas. O filme, disponível para aluguel por 8 dólares no Vimeo, mostra como a aposta no talento do menino Brynjar Karl fez com que ele recebesse apoio de pessoas de todo o mundo para finalizar seu projeto: montar uma réplica em Lego do Titanic. Karl resume seu aprendizado com a seguinte frase: “A única cura para nós é sermos aceitos como somos”.
Escrito por Clarice Sá, Teia.Work
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