Estratégia ajuda a desenvolver habilidades afetadas pelo transtorno e pode ser aplicada em casa

Crianças atípicas precisam de estratégias específicas para desenvolver algumas habilidades, como as de observação, imitação e a atenção compartilhada. O aprendizado exige alterações nas condições de ensino.

De modo geral, o autista apresenta dificuldade de perceber aspectos importantes do ambiente que o rodeia. Entre os exemplos, estão a incerteza sobre como realizar atividades do dia a dia, para onde olhar em uma conversa, entender conceitos sociais ou até mesmo o que falar quando o interlocutor faz referências abstratas.

Diante desse quadro, um modo de ensino eficiente é organizar o ambiente com instruções simples. É importante destacar os itens considerados imprescindíveis para a tarefa. Por exemplo: na hora da refeição, o ideal é que a mesa tenha apenas o prato com os alimentos e os talheres.

Apoio ao aprendizado uso de instruções objetivas e pode oferecer dicas para a criança

Durante as sessões de intervenção em que este aprendizado acontece, há uma modalidade de ensino estruturada chamada Ensino por Tentativas Discretas (DTT), que considera os chamados estímulos discriminativos – ou seja, itens que vão aumentar a probabilidade do comportamento, como brinquedos.

Outros elementos são a ajuda e a dica que o aprendiz recebe para seguir com a execução da tarefa, além de sua resposta, das consequências que ele verá mediante a resposta e do intervalo entre as tentativas. Esse tipo de ensino é configurado por instruções curtas e claras, como: “O que é isso?” e “Levante o pé”. O terapeuta diz “pegue a bola”, por exemplo, e em cima da mesa tem a bola, um pião e um boneco.

Se a criança apresentar alguma dificuldade, uma ajuda física (como levar a mão da criança até a bola) ou dicas sobre a localização da bola podem ajudar na execução da tarefa. Essa atitude irá encorajar a criança a concluir a tarefa.

A dica é uma estratégia para provocar uma resposta durante o ensino de uma nova tentativa. Ela pode ser de dois tipos: de estímulo e de resposta. As de estímulo são modificações nos materiais usados na intervenção. As de resposta são propiciadas pelo comportamento do aplicador, ao dar uma instrução verbal, oferecendo um modelo de como realizar uma tarefa.

Contato visual e nomeação de objetos estão entre as habilidades possíveis de serem ensinadas pelo DTT

Resumindo, o aplicador solicita a execução de um comportamento, como olhar no olho, fazer um gesto ou pegar um brinquedo. Se o aprendiz tiver dificuldade, ele pode receber uma ajuda física ou uma dica. Em seguida, ele emite uma resposta e o aplicador oferece uma consequência, como um elogio ou o brinquedo preferido da criança.

A família também pode adotar ensinos desse tipo dentro de casa, com a orientação de uma psicóloga analista do comportamento.

As habilidades treinadas estão relacionadas aos comportamentos de maior dificuldade para criança, como se sentar, esperar, fazer contato visual, imitar movimentos motores, nomear objetos, apontar em direção a itens desejados, usar o lápis, emparelhar objetos ou identificar partes do corpo.

Confira um exemplo prático de ensino para a criança aprender a esperar:

1. A mãe está com o objeto preferido da criança nas mãos;
2. A criança solicita o objeto;
3. A criança deve aguardar o tempo estipulado (30 segundos, depois 1 minuto e, na sequência, um minuto e meio);

A mãe devolve o objeto para a criança e a elogia por ter esperado.