Qual especialista diagnostica o autismo?

31/07/2019Diagnóstico18 Comentários

Profissionais recomendados variam com a idade do paciente

Uma dúvida comum entre pessoas que suspeitam de um caso de autismo na família é qual especialista procurar. Diagnosticar corretamente o TEA é algo complexo, já que o transtorno que não tem uma “cara” definida. Não existe um sinal físico, seja no formato do rosto ou na pele, que diferencie quem tem a condição de quem não tem. Além disso, não há exame laboratorial ou de imagem que confirme o distúrbio.

O diagnóstico do espectro autista é apenas clínico. Isso significa que, para certificar se uma pessoa é autista, é preciso observar o comportamento do paciente e analisar informações coletadas com as pessoas que convivem com ele, com o auxílio de questionários protocolados, como a escala MCHAT. Todo este processo é delicado e, por isso, é necessário ser realizado por profissionais capacitados. outro detalhe importante: o tipo de profissional vai variar de acordo com a idade da pessoa a ser avaliada.

Como muitos dos casos de autismo são identificados na infância, as primeiras suspeitas costumam ser levantadas pelo pediatra nas consultas de rotina. Outro grupo importante neste momento são os professores, pois a convivência diária na escola permite observar de perto o desenvolvimento das crianças e notar se há traços fora do comportamento típico esperado.

Neurologistas e psiquiatras são os mais capacitados para atender pessoas com TEA

Mas o TEA é um espectro e muitas pessoas se encaixam no que é conhecido como autismo leve, de alta funcionalidade ou, como era chamado anteriormente, Síndrome de Asperger. Nestes casos, os sinais são mais sutis e demoram mais para serem diagnosticados, pois costumam ser confundidos com outros comportamentos, como timidez, excentricidade ou falta de atenção. A maior divulgação de informações sobre o autismo, inclusive, tem ajudado diversos adultos a identificarem por conta própria algumas características.

A partir do momento que se constata características do TEA, é hora de consultar um especialista para confirmar o diagnóstico. No caso de crianças e adolescentes, as famílias devem buscar atendimento com um neurologista pediátrico (neuropediatra/neurologista infantil) e um psiquiatra infantil. Já os adultos podem se consultar com um psicólogo, que vai identificar os sintomas e fazer uma avaliação inicial com base em observação, entrevistas e análise de histórico. O diagnóstico final, no entanto, precisa ser validado por um psiquiatra ou um neurologista.

E por que estes profissionais são os mais indicados para diagnosticar e tratar o autismo?

Formação de especialistas em TEA chega a levar 11 anos

Depois de passar em um dos vestibulares mais disputados do país, o estudante de Medicina passa por seis anos de formação, divididos em três etapas. Os dois primeiros anos são compostos por matérias básicas, comuns a todos os cursos da área de saúde, como anatomia, bioquímica e fisiologia. No terceiro e no quarto anos, o aluno explora as carreiras clínicas, como pediatria, ginecologia e infectologia. Os dois últimos anos são o período do internato, nome que se dá ao estágio obrigatório no hospital ligado à faculdade.

Depois de tudo isso, o médico ainda precisa se especializar. Atualmente, a residência médica é o modo mais reconhecido de especialização, com programas com carga horária de 60 horas semanais. No caso dos neurologistas e psiquiatras, os médicos passam por três anos de residência, que incluem cursos teóricos e práticos, além plantões nos ambulatórios da área selecionada. Os psiquiatras, por exemplo, vão aprender a identificar as nuances de cada distúrbio mental e a observar os sinais de melhora e piora para adequar o tratamento de cada caso. Na neurologia, os médicos aprendem a avaliar o funcionamento típico do cérebro, movimentos anormais e sinais de epilepsia, e aplicar testes da capacidade motora, reflexos e força muscular.

Os especialistas infantis costumam ter uma formação um pouco mais longa. Um psiquiatra infantil, por exemplo, deve fazer mais um ano de residência em Psiquiatria da Infância e da Adolescência, além dos três anos da formação tradicional. Já os neuropediatras precisam fazer duas residências: em Pediatria (três anos) e, em seguida, em Neurologia Infantil (dois anos), onde ele vai estudar a fundo distúrbios como o TEA.

Médicos especialistas em TEA são a melhor fonte contra fake news

Ao todo, um médico leva de nove a 11 anos para se tornar um especialista capacitado no diagnóstico e tratamentos de autismo. Todo este tempo é necessário para o profissional ter a segurança na hora de identificar os sinais típicos do desenvolvimento infantil (no caso de um pediatra), os sintomas de doenças degenerativas (neurologista) ou traços de distúrbios mentais (psiquiatra).

Toda esta formação é ainda mais valiosa no combate ao compartilhamento de fake news. Como explicamos nos textos sobre o MMS, o glifosato e os vermes de corda, muitas destas soluções e descobertas “inovadoras” são creditadas a pessoas que não são especialistas em TEA e, muitas vezes, sequer são profissionais de saúde. A formação de um especialista da área de TEA é longa e rigorosa, e por isso, devemos ser muito críticos com quem não é desta área e resolve opinar no assunto.

Não deixe de ver o texto do Dr José Luiz Egydio Setúbal sobre como evitar as fake news sobre autismo, com uma lista de instituições que são fontes confiáveis de conteúdo.

Escrito por Clara Padrón, Barracuda Conteúdo

18 Comentários

  1. >>Já os adultos podem se consultar com um psicólogo, que vai identificar os sintomas e fazer uma avaliação inicial com base em observação, entrevistas e análise de histórico.<<
    O diagnóstico final, no entanto, precisa ser validado por um psiquiatra ou um neurologista.

    Esta informação encontra-se incorreta e incoerente com o trabalho da avaliação psicologica.

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    • Olá, a avaliação psicológica é extremamente importante, principalmente ao considerar que o paciente tenha uma intervenção adequada. Por isso, um trabalho em conjunto de uma equipe multidisciplinar para constatar o diagnóstico final é sempre o mais recomendado. Entretanto, para fins de obtenção de benefícios, é necessário que haja um laudo médico realizado por um psiquiatra ou neurologista, como se vê na lei Nº 8212, por exemplo.

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      • “Entretanto, para fins de obtenção de benefícios, é necessário que haja um laudo médico realizado por um psiquiatra ou neurologista, como se vê na lei Nº 8212, por exemplo.”

        Isso não significa que o médico vá validar o laudo psicológico porque não existe necessidade de validação de um documento feito por outro profissional autônomo, cujo o conhecimento é específico de sua área, aceito e amparado juridicamente. A saber, avaliação psicológica é uma atividade privativa do profissional de Psicologia.

        O médico pode utilizar o laudo psicológico como base para elaborar o seu, mas dizer que ele vai validar o laudo psicológico é colocar em xeque o saber de outra área, o que soa bastante ridículo, quando olhamos na prática o nível de conhecimento que muitos médicos possuem sobre o autismo.

      • Mas ninguém, além do rapaz que fez o primeiro comentário, disse isso. Só é importante ter um laudo médico para complementar/reforçar o diagnóstico, já que existem exames que ajudam a atestar com mais segurança certos diagnósticos (principalmente em casos de autismo leve, onde os sintomas são mais sutis).

      • Tem algum médico no Rio de Janeiro que possa me indicar?? Não consigo fechar um diagnóstico para o meu filho que já tem 33 anos

      • Eu sou conciderado deferente des de criança

        Sempre sofre pois ninguém mim intende

        Tenho um filho de 3 anos, que foi diagnosticado autista

        agora a uma suspeita que eu possa ser

      • Sem dúvidas a equipe multidisciplinar é muito importante. Trabalho em uma escola e tenho recebido laudos de alunos diagnosticados como autistas e com outros transtornos, feitos somente pelo neurologista com base em relatos da mãe, mas na escola não observamos pauta nenhuma na criança.

    • Meu filha sempre teve um comportamento diferente desde bebê teve convulsões até completar 2 anos começou a falar só aos 6 anos ainda assim muito pouco na escola era muito difícil pois os professores achavam que ele não sabia ler mas quando ficou adolescente ele se mostrou muito inteligente mas continuou sendo como antes pra se comunicar não se aproximar das pessoas parece que 5le vive num mando particular só dele eu não conhecia esse problema desculpe não sei nem como dizer sofri muitos preconceito com as pessoas dizendo que meu filho não ia servir pra nada ouvi isso até do meu próprio pai mas tudo bem meu filho se formou em ciências contábeis mas hoje vejo que ainda não se resolveu o problema pois ele não consegue trabalhar por ser assim as pessoas acham que ele é mal educado pela falta de comunicação dele pois ele não diz bom dia Boa noite obrigado tchau até logo etc… as palavras básicas de educação não sabem do problema que ele na verdade nem eu sabia vim saber agora que se espalhou em programas de TV Internet etc… mas já se passou muitos anos pois bem o que eu quero saber é se ainda dá pra ser constatado o problema que ele tem e assim conseguir um laudo médico pra ele apresentar quando for fazer entrevista de trabalho se as pessoas souberem o problema não vão julgá-lo e vão tratar ele com respeito e creio que assim ficará mais fácil pra ele trabalhar me hoje ele está com 31 anos as pessoas não dão emprego pra ele por puro preconceito pois não sabem disso me respondam como faço pra ajudar ele obrigada.

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  2. Hoje tenho 33 anos, e após muitas episódios e conversas com minha companheira, ela sugeriu que eu procurasse ajuda médica para um diagnóstico.
    Não sei a quem devo recorrer.

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    • Olá, no caso de adultos que suspeitam estar no espectro autista, o mais recomendado é marcar uma avaliação com um psiquiatra ou neurologista especializados em TEA. No nosso blog, explicamos um pouco mais sobre como é o diagnóstico de autismo na idade adulta (http://autismoerealidade.org.br/2019/10/31/se-descobrindo-autista-na-idade-adulta/), e, na nossa página Instituições de Apoio (http://autismoerealidade.org.br/convivendo-com-o-tea/instituicoes-de-apoio/), você encontra especialistas em todo o Brasil.

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      • Tenho filho autista grau leve 15anos preciso ficha técnica preenchida pelo neuro e com consulta marcada levei o meu filho o neurologista Niceas Tadeu oliveira Rodrigues negou a preencher não consegui transporte especial para ele estudar escola longe

    • ola realmente é muito difícil diagnóstico de autimo, porque percebo meu filho ser autismo mas tem o diagnóstico de TDAH , mas acho isso errado porque ele tem QI alto não tem problemas com aprendizado ao contrário e auto ditata, consegue dar aulas de monitoria na escola sempre tira 1 lugar matemática, mas tem tiks movimento repetitivos, se irrita fácil faz gestos de bater na cabeça, com as mãos ou na parede, com barulhos alto se esconde e tapa ouvido, e faz movimentos com o corpo pra frente pra trás, dificuldade no sono estresse depressão não sei o que fazer pra ajudar ele tem medo de tudo, eu sou a força e coragem dele, isso me preocupa muito

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    • Preciso de ajuda
      Tenho um filho que é diagnosticado autista
      Eu tenho problemas emocional não tenho ninguém pôr mim todos sir a fastar de mim, não estou tendo controle mas preciso de ajuda

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  3. Meu filho tem 19 anos, na infância foi diagnosticado com distúrbio de atenção e hiperatividade. Hoje e um rapaz muito tímido e super retraído. Preciso de ajudo, onde encontrar profissionais

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    • Olá, no caso de adultos que suspeitam estar no espectro autista, o mais recomendado é marcar uma avaliação com um psiquiatra ou neurologista especializados em TEA. No nosso blog, explicamos um pouco mais sobre como é o diagnóstico de autismo na idade adulta (http://autismoerealidade.org.br/2019/10/31/se-descobrindo-autista-na-idade-adulta/), e, na nossa página Instituições de Apoio (http://autismoerealidade.org.br/convivendo-com-o-tea/instituicoes-de-apoio/), você encontra especialistas em todo o Brasil.

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      • Tenho um filho de 4 anos ele foi diagnóstico pela pediatra e neurologista com autismo de grau leve,pedir para passar com psiquiatra para poder medicar o psiquiatra deu o laudo de que ele não tem autismo e nem medicou, sofro muito pois meu filho é muito estressado quando contrariado entre outras coisas não gosto de alguns barulhos é muito sensível ao toque eu mesmo tenho que cortar o cabelo dele pois pra ele é uma dor tremenda,e não sei oque eu faço.

  4. Tenho certeza que sou autista, mas nunca fui diagnosticada como tal e sim como “retardada”. Odeio essa palavra. Consegui me socializar, criar família, mas só eu e Deus pra saber das minhas dificuldades, sempre mascarei para ser aceita na sociedade. Quando era jovem, tomava comital L para epilepsia, não me lembro os nomes de outros remédios que deixei de tomar por conta própria. Tomo apenas o propranolol para equilibrar o tremor essencial.Tenho 63 anos e só agora estou tendo a coragem de buscar um especialista para me diagnosticar . Infelizmente aqui em minha cidade não tem especialista em adultos. Podem me ajudar? SOS. Desde já agradeço.

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  5. Gostei tenho um na família.
    Conteúdo esclarecedor.

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