TEA e comportamentos desafiadores: saiba como agir com segurança

30/05/2025TEA no Dia a Dia0 Comentários

 

TEA e comportamentos desafiadores: saiba como agir com segurança

Conviver com pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve compreender diferentes formas de se comunicar, de reagir ao ambiente e de lidar com as próprias emoções. Em alguns momentos, podem surgir comportamentos intensos ou de difícil manejo, tanto na infância quanto na vida adulta, que exigem atenção e preparo por parte de familiares, cuidadores e profissionais. É essencial saber que essas situações podem ser enfrentadas com segurança, tanto por meio de estratégias preventivas quanto durante e após a crise. Identificar os gatilhos e adotar condutas adequadas pode ajudar a reduzir a frequência e a intensidade desses episódios ao longo do tempo.

É importante lembrar que nem todas as pessoas com TEA apresentam episódios de crise. Cada pessoa vive o espectro de maneira única, com diferentes formas de resposta a estímulos e situações.

Nesse contexto, é muito importante evitar o uso do termo “birra” ao se referir a comportamentos de crianças e adolescentes com TEA. Muitas dessas manifestações estão relacionadas a dificuldades na interpretação de normas e convenções sociais, e não a atitudes intencionais de desafio ou desobediência. Mais do que reações típicas da infância, esses comportamentos expressam necessidades específicas e diferentes níveis de complexidade presentes no espectro autista, exigindo compreensão e respostas adequadas ao contexto de cada indivíduo.

As principais causas dos episódios de crise variam de pessoa para pessoa, mas costumam estar ligadas à dificuldade de expressar sentimentos, à sobrecarga sensorial ou emocional e à frustração diante de situações inesperadas. Outro aspecto importante é a hipersensibilidade sensorial: muitas pessoas neurodivergentes podem apresentar maior sensibilidade a estímulos como ruídos, texturas, temperatura ou luminosidade. Alterações na rotina, fome, cansaço e problemas de comunicação também podem atuar como gatilhos.

A prevenção começa com a observação. Estar atento aos sinais que precedem uma crise permite intervir com mais assertividade. Criar um ambiente estruturado e previsível pode ajudar a pessoa com TEA a se sentir mais segura e acolhida.

Durante uma crise, manter a calma é essencial. Falar com voz tranquila, garantir que o ambiente esteja seguro e evitar estímulos adicionais, como barulhos e aglomeração de pessoas, são medidas que podem ajudar. A contenção física, quando necessária, deve ser considerada apenas como último recurso e realizada por profissionais capacitados, respeitando sempre a integridade da pessoa.

Em muitos casos, um comportamento desafiador é uma forma de comunicação. Pode ser a maneira que a pessoa encontrou para expressar desconforto, frustração ou sobrecarga emocional. Após o episódio, é fundamental observar o que aconteceu: houve algo novo? Um gatilho específico? Essas informações ajudam a construir uma rede de apoio mais efetiva e individualizada.

É fundamental contar com o suporte de uma equipe especializada: psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, neurologistas e psiquiatras que possam de forma integrada apoiar o desenvolvimento da pessoa com TEA e orientar as famílias sobre estratégias de prevenção, acolhimento e cuidado.

Alguns contextos — como escolas ou instituições de saúde — contam com protocolos de gerenciamento de crises que visam preservar a segurança de todos os envolvidos. Esses protocolos devem sempre respeitar a dignidade, os direitos e as necessidades da pessoa com TEA.

Falar sobre crises comportamentais no TEA é também falar sobre cuidado, escuta e respeito às diferenças. Regular-se é um processo relacional e durante uma crise, a presença de um adulto regulado emocionalmente é essencial, oferecendo segurança, estabilidade e empatia para ajudar a reduzir o estresse da situação. 

Com informação, planejamento e apoio profissional, é possível construir caminhos mais seguros e acolhedores para todos os envolvidos.

Referência:

  1. AUTISMO E REALIDADE. Como manter a segurança em crises agressivas? Disponível em:https://autismoerealidade.org.br/2023/12/21/como-manter-a-seguranca-em-crises-agressivas/ 

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